O nosso encontro hodierno, em que tenho a alegria e a curiosidade de admirar as vossas obras, quer ser uma nova etapa daquele percurso de amizade e de diálogo que empreendemos no dia 21 de novembro de 2009, na Capela Sistina, um acontecimento que ainda trago gravado na minha alma.
A Igreja e os artistas voltam a encontrar-se, a falar entre si, a defender a necessidade de um diálogo que quer e deve tornar-se cada vez mais intenso e articulado, também para oferecer à cultura, aliás, às culturas do nosso tempo um exemplo eloquente de diálogo fecundo e eficaz, destinado a tornar este nosso mundo mais humano e mais bonito.
O mundo tem necessidade de que a verdade resplandeça e a caridade se inflame
Hoje vós apresentais-me o fruto da vossa criatividade, da vossa reflexão, do vosso talento, expressões dos vários âmbitos artísticos que aqui representais: pintura, escultura, arquitetura, ourivesaria, fotografia, cinema, música, literatura e poesia.
Antes de admirá-las juntamente convosco, permiti que eu medite um momento sobre o título sugestivo desta Exposição: O esplendor da verdade, a beleza da caridade.
Precisamente na homilia da Missa pro eligendo Romano Pontifice, comentando a bonita expressão de São Paulo, tirada da Carta aos Efésios, “veritatem facientes in caritate” (4, 15), eu defini a “realização da verdade na caridade” como uma fórmula fundamental da existência cristã.
E acrescentei:
Em Cristo, a verdade e a caridade coincidem. Na medida em que nos aproximamos de Cristo, também na nossa vida, a verdade e a caridade se fundem.
A caridade sem a verdade seria cega; a verdade sem a caridade seria como “um címbalo que retine” (I Cor 13, 1).
É precisamente a partir da união, queria dizer da sinfonia, da harmonia perfeita entre verdade e caridade, que emana a beleza autêntica, capaz de suscitar admiração, maravilha e alegria verdadeira no coração dos homens.
O mundo em que vivemos tem necessidade de que a verdade resplandeça e não seja ofuscada pela mentira nem pela banalidade; tem necessidade de que a caridade se inflame e não seja derrotada pelo orgulho e pelo egoísmo.
Temos necessidade de que a beleza da verdade e da caridade alcance o íntimo do nosso coração e o torne mais humano.
Nunca procureis a beleza distante da verdade e da caridade
Caros amigos, gostaria de renovar-vos, bem como a todos os artistas, um apelo amistoso e apaixonado: jamais separeis a criatividade artística da verdade e da caridade.
Nunca procureis a beleza distante da verdade e da caridade, mas com a riqueza da vossa genialidade, do vosso impulso criativo sede sempre, com coragem, investigadores da verdade e testemunhas da caridade.
Fazei resplandecer a verdade nas vossas obras e fazei com que a sua beleza suscite no olhar e no coração de quantos as admiram o desejo e a necessidade de tornar bela e verdadeira a existência, cada existência, enriquecendo-a com aquele tesouro que nunca desfalece, que faz da vida uma obra-prima, e de cada homem um artista extraordinário: a caridade, o amor.
O Espírito Santo, artífice de toda a beleza que existe no mundo, vos ilumine sempre e vos oriente para a Beleza derradeira e definitiva, aquela que desperta a nossa mente e aquece o nosso coração, e que um dia esperamos poder contemplar em todo o seu esplendor.
Mais uma vez, obrigado pela vossa amizade, pela vossa presença e porque levais ao mundo um raio daquela Beleza, que é Deus. Do íntimo do coração, concedo a minha Bênção apostólica a todos vós, aos vossos entes queridos e a todo o mundo da arte.