Quiçá os Anjos não sejam como imaginamos.

Alguns séculos de iconografia religiosa adulçorada acabaram nos vendendo uma espécie de figura standard do personagem alado, jovem – ou criança, conforme o gosto do freguês –, vestido com trajes leves ou nulos e exercitando despreocupadamente seus dotes de violinista por toda a eternidade.

Ora, admitindo isso, seríamos levados a concluir que o Paraíso se afigura ou como uma imensa orquestra de virtuoses, ou uma pitoresca creche de bebês eternos…

A verdade, porém, parece bem mais ampla.

Não podemos esquecer que essas criaturas suaves, diáfanas, puríssimas, nasceram em um Céu de fogo, …