Imaginemos um pincel capaz de ver, pensar, querer e sentir – como o ser humano – e posto na mão de um grande pintor.
Vendo surgir pouco a pouco na tela a obra-prima, ele certamente ficaria alegre por sentir-se um instrumento indispensável para a sua realização.
Pois bem, em relação a Deus, todos nós somos como que pincéis postos nas mãos do Divino Pintor, para a execução de sua obra nas almas.
Não que sejamos instrumentos necessários – porque Ele pode fazer tudo sem auxílio de pessoa alguma – mas porque, em sua infinita Sabedoria, Ele deseja nossa cooperação.
Às vezes, Deus fala diretamente às almas, de forma irresistível, como a Saulo no caminho de Damasco.
Com frequência, porém, Jesus limita-se a sussurrar no fundo dos corações: “Volte-se para Mim… Veja, a felicidade não está no prazer pecaminoso, mas na prática da virtude! Pense na eternidade… Recorra à minha Mãe, Ela virá em seu auxílio”.
Infelizmente, a imensa maioria dos homens é surda, ou quase tanto, a esses insistentes apelos da graça. Mas Nosso Senhor, assim rejeitado, não desiste.
Ele quer pintar em todas as almas a mais excelsa obra-prima que possa existir: o seu próprio rosto divino.
É na execução dessa sublime pintura que entra nosso papel de “pincel de Deus”. A todo momento, Ele solicita a colaboração de cada um de nós para sua grandiosa obra de santificação das almas.
Como podemos responder SIM a esse pedido?
De um modo muito simples, na rotina da vida diária.
Em primeiro lugar, rezando, pois nada se faz sem a graça, em matéria de apostolado.
Muito importante também é dar o bom exemplo, um dos mais eficazes convites à conversão; dizer, na ocasião certa, uma palavra de estímulo ou de consolo; dar um conselho oportuno; recomendar a leitura de um bom livro ou uma boa revista; convidar para a Missa, ou a recitação do Rosário.
Enfim, até mesmo por um simples olhar podemos ser instrumentos úteis e conduzir a Deus, por meio de Nossa Senhora, nossos irmãos na fé.
Se nos dispusermos a ser pincéis dóceis nas mãos do Divino Pintor, experimentaremos uma das maiores recompensas que se pode ter nesta terra: a alegria de ver a ação da graça purificando e transformando as almas daqueles que são objeto do nosso apostolado.
E infinitamente maior será a recompensa que receberemos no Céu, por toda a eternidade!