Era a noite de 24 de julho de 1139. Afonso Henriques, que seria o primeiro rei de Portugal, tinha diante de seu acampamento cinco monarcas mouros com seus respectivos exércitos.
Enquanto suplicava a ajuda divina, uma forte luz ofuscou seus olhos e ele pôde divisar a figura de Jesus crucificado.
O “Fundador e Destruidor de Impérios” – como Se denominou Cristo na visão – aparecia para anunciar-lhe a vitória, não só naquela batalha, como também em todas as outras que o príncipe travaria.
Mais ainda: vinha para fundar um reino que pregaria seu Nome em regiões longínquas. E a fim de marcar para sempre a nova nação, o Redentor acrescentou: “Comprarás as tuas armas do preço com que comprei o gênero humano, o daquele porque fui comprado dos judeus e ficará este reino santificado”.
Tendo alcançado a impossível vitória sobre seus inimigos, Afonso Henriques formou o brasão de armas de seu povo segundo as ordens do Senhor: cinco quinas azuis em cruz – em memória das cinco chagas de Cristo e dos cinco reis mouros derrotados –, cada qual contendo cinco besantes de prata que, contando duas vezes os da quina do meio, recordam os trinta dinheiros pelos quais Judas vendeu Jesus.
E assim se perpetua o símbolo de Portugal, tão bem descrito por Camões em Os Lusíadas: “Vêde-O no vosso escudo, que presente / Vos amostra a vitória já passada, / Na qual vos deu por armas, e deixou / As que Ele para Si na Cruz tomou” (Canto I, 7).