Como sacerdotes, devemos sair pelas inúmeras estradas onde se encontram os homens, a fim de convidá-los para o banquete nupcial do Filho. Mas só o poderemos fazer, continuando sempre junto d’Ele.
Ora, aprender este sair, o ser mandados, e conjuntamente estar com Ele, o permanecer junto d’Ele é precisamente – segundo creio – aquilo que devemos aprender no Seminário.
Ou seja, o modo justo de permanecer com Ele, o ficar profundamente enraizados n’Ele – estar sempre mais com Ele, conhecê-Lo cada vez mais, conseguir cada vez mais não separar-se d’Ele – e, ao mesmo tempo, sair cada vez mais, levar a mensagem, transmiti-la, não conservá-la para si, mas levar a Palavra àqueles que estão longe e que todavia, enquanto criaturas de Deus e seres amados por Cristo, trazem no coração o desejo d’Ele.
A fidelidade é possível porque Deus está sempre presente
Portanto, o Seminário é um tempo de exercitação; e certamente também de discernimento e de aprendizagem: É para isto que Ele me quer?
A vocação deve ser verificada, concorrendo para isto a vida comunitária e, naturalmente, o diálogo com os diretores espirituais que tendes, para aprender a discernir qual é a sua vontade.
E, depois, aprender a confiança: se verdadeiramente Ele o quer, então posso entregar-me a Ele.
No mundo atual, que se transforma de maneira incrível e onde tudo muda continuamente, onde os vínculos humanos se rompem porque dão-se novos encontros, torna-se sempre mais difícil acreditar nisto: eu resistirei por toda a vida.
No meu tempo, já não era muito fácil imaginar quantos decênios Deus pensava dar-nos, quanto mudaria o mundo.
Perseverarei com Ele como Lhe prometi?… Trata-se de uma pergunta que exige a verificação concreta da vocação e depois – quando já reconheço que sim, que Ele me quer – também a confiança: Se Ele me quer, então também me sustentará; na hora da tentação, na hora do perigo, estará presente e enviar-me-á pessoas, mostrar-me-á estradas, sustentar-me-á.
E a fidelidade é possível, porque Ele está sempre presente. É que Ele existe ontem, hoje e amanhã; Ele não pertence apenas a este tempo, mas é futuro e pode sustentar-nos em cada momento. […]
A fé não é um mundo paralelo de sentimento
A preparação para o sacerdócio, o caminho para ele requer, antes de mais, também o estudo. Não se trata de uma eventualidade acadêmica que se deu na Igreja ocidental, mas é algo de essencial.
Todos conhecemos estas palavras de São Pedro: “Estai sempre prontos a dar, em resposta a todo aquele que vo-lo peça, o logos da vossa fé” (cf. I Pd 3, 15).
Hoje, o nosso mundo é um mundo racionalista e condicionado pelo caráter científico, embora este seja muitas vezes só aparente. Mas este espírito científico de querer compreender, explicar, de poder saber, da rejeição de tudo o que não seja racional é predominante no nosso tempo.
Nisto há também algo de grande, apesar de frequentemente se esconder por detrás muita presunção e insensatez.
A fé não é um mundo paralelo do sentimento, que possamos permitir-nos como um extra, mas é aquilo que abraça o todo, que lhe dá sentido, interpreta-o e lhe dá também as orientações éticas interiores, para que seja compreendido e vivido apontando para Deus e a partir de Deus.
Por isso é importante estar informados, compreender, manter a mente aberta, aprender. […]
Estudar é essencial: só assim poderemos enfrentar o nosso tempo e anunciar-lhe o logos da nossa fé.
Estudar de modo crítico também – na certeza precisamente de que amanhã qualquer outro dirá algo de diverso –, mas ser estudantes atentos, abertos e humildes para estudar sempre com o Senhor, na presença do Senhor e para Ele.