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Contos Infantis


A ponte da confiança
 
AUTOR: DANIELA HAIDEN DE LACERDA
 
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Madalena parou por um instante para recobrar as forças e começou a pensar: “Não terá sido tudo uma ilusão?” Mas, logo se levantou e continuou seu caminho. Queria chegar o quanto antes ao castelo dourado!

Numa aldeia dos Alpes franceses vivia uma virtuosa menina chamada Madalena. Todas as tardes ela se dirigia à capela do povoado para pedir graças especiais a Nossa Senhora, pois desejava fazer algo de grandioso e heroico. Ajoelhada diante da bela imagem da Mãe de Deus que ficava no altar-mor, perguntava-se, na tranquilidade de seu inocente coração, como realizaria seu anseio, sendo apenas uma camponesinha.

Nas manhãs de sábado recebia aulas de uma distinta senhora, Da. Olga, que se encarregava de ensinar o catecismo às crianças do lugarejo. Certo dia, a professora apresentou um tema diferente: contou-lhes a vida de algumas heroínas da História, tais como Judite, Ester, Santa Helena e a muito amada Santa Joana d’Arc, padroeira da França. Como era de se esperar, Madalena encheu-se de entusiasmo ao ouvir as narrações, pois sonhava também em poder lutar por Deus como elas.

Transcorrida uma semana, encontrava-se a menina rezando na capela quando, com espanto e alegria, viu seu Anjo da Guarda ao lado do altar! Irradiava ele uma forte luz prateada e portava uma espada belíssima. Com grande carinho, disse-lhe:

— Madalena, Deus escutou teus pedidos e mandou-me vir aqui para dar-te esta espada, símbolo de tua missão. Se queres ser uma verdadeira heroína, prepara-te para atravessar a floresta com ela. Do outro lado encontrarás um castelo dourado onde uma Rainha te espera!

E desapareceu.

Extasiada com a magnífica aparição, ela tomou consigo o gládio e saiu muito contente em direção à sua casa. No entanto, ao vê-la na rua as pessoas começaram a caçoar, dizendo-lhe que não tinha forças para manejar tão pesado instrumento, nem sequer podia segurá-lo por muito tempo… Ela, porém, pouco se importou. Ardia-lhe na alma o anseio de encontrar o castelo dourado prometido pelo Anjo e, se era preciso carregar aquela espada para alcançá-lo, estava disposta a levá-la até o fim!

Durante algumas semanas Madalena teve a singular graça de ver todos os dias o seu Anjo da Guarda, o qual alimentava seu desejo de partir à procura do castelo. Em uma dessas abençoadas conversas, enquanto a menina colhia framboesas na floresta, um lobo faminto saiu de entre as árvores e avançou contra ela. Sem demora, tomou a espada e defendeu-se corajosamente, terminando por dar um golpe certeiro na fera!

No dia seguinte a população da aldeia se apinhou na praça para homenagear o mais famoso caçador daquelas terras. Ele trouxera da floresta o cadáver do lobo que há muito vinha atemorizando os moradores da região e gabava-se ele diante de todos de como o matara. Madalena escutava em silêncio…

“É por aqui!”, assegurou-lhe o Anjo; e
Madalena entrou na trilha sem receio…

Chegou a primavera, e numa agradável manhã ela saiu de casa na companhia de seu Anjo Custódio, que lhe perguntou:

— Estás pronta para ir hoje até o castelo dourado?

— Sim, estou! – respondeu ela.

— Então me siga! – ordenou-lhe o Anjo.

E foram andando. Ao chegar perto de uma árvore que marcava o início de uma trilha, a menina reparou numa placa os seguintes dizeres: “De todos os que ousaram entrar neste caminho, ninguém voltou para contar o que viu”.

— É por aqui – assegurou-lhe o Anjo.

Sem receio, Madalena entrou a toda pressa pela ameaçadora trilha. Entretanto, bastou dar os primeiros passos e seu protetor celeste desapareceu…

Era necessário seguir adiante, e assim o fez! Encontrou toda espécie de obstáculos, dificuldades e situações complicadas: animais selvagens que queriam devorá-la, emaranhados de cipós que lhe fechavam a passagem e até um íngreme paredão de pedra, capaz de desanimar qualquer alpinista experiente… A pequena, contudo, lançou-se à árdua escalada.

Depois de alcançar o topo, parou por um instante para recobrar as forças e, sentada numa pedra, começou a pensar consigo mesma: “Será que realmente vou chegar ao castelo dourado e encontrar nele uma Rainha? Não terá sido tudo uma ilusão? Onde está o Anjo que me acompanhava? Por que me abandonou? Não é melhor voltar para casa?”

Lembrando-se da promessa, porém, recobrou as energias e o ânimo, levantou-se e continuou em frente. Na verdade, era seu Anjo quem lhe estava reavivando as forças, embora não o percebesse ao seu lado.

Poucos metros a separavam do
castelo dourado, mas antes devia
atravessar um imenso rio!

A certa altura do trajeto, Madalena viu entre as copas das árvores a ponta de uma torre dourada. Decerto era o castelo! Pôs-se a correr com toda a rapidez em sua direção, quando…

— Oh, não! Não é possível que isto me venha a acontecer! – exclamou.

Poucos metros a separavam do objeto dos seus anseios, mas entre ela e o castelo dourado havia um imenso rio de águas turvas e caudalosas! Aproximou-se da margem para tentar atravessá-lo a nado, e logo viu que estava cheio de piranhas e crocodilos. Era impossível mergulhar ali! Para chegar ao outro lado teria antes de matar todas as piranhas e caçar todos os crocodilos e isto seria ainda mais impossível do que nadar no meio daquelas feras! Então, o que fazer?

Madalena ajoelhou-se e começou a rezar pedindo o auxílio da Mãe de Deus, na certeza de que seria atendida. Pouco depois viu descer uma coorte de espíritos celestiais, coloridos e radiantes, que iniciaram a construção de uma belíssima ponte. Quando concluíram o trabalho, um Anjo lilás aproximou-se dela e, sorrindo, tomou-a pela mão para conduzi-la até o outro lado.

Foi assim que a pequena pôde chegar ao castelo onde, de fato, uma Rainha a esperava de braços abertos. Quando A viu, caiu de joelhos e Lhe manifestou seu desejo de servi- -La, ao que a Soberana respondeu:

— Minha filhinha, é esta a atitude que tu deves ter em todas as circunstâncias da vida. Para alcançar o Palácio Celeste é preciso combater sem trégua e sem temor, mas às vezes não será suficiente. Surgirão problemas insolúveis, situações sem saída. Nesses casos, reza a Mim. Eu enviarei meus Anjos para construírem a magnífica ponte da confiança que te conduzirá ao meu Sapiencial e Imaculado Coração! (Revista Arautos do Evangelho, Maio/2019, n. 209, p. 46-47)

 
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