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Tesouros da Igreja


A história dos ovos de Páscoa
 
AUTOR: MARIA ANGÉLICA IAMASAKI
 
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Desde tempos imemoriais, o ovo é tomado como símbolo de vida e de renascimento. Quando, porém, começou ele a ter relação específica com a festa da Páscoa?

O início dessa tradição remonta ao século IV e tem estreita vinculação com a Quaresma. Nessa época era proibido o consumo de ovos durante o período penitencial de quarenta dias. Desse modo, acumulava-se uma grande quantidade deles nas despensas familiares. Para evitar o desperdício, eles eram dados à criançada.

Assim, a partir da Quinta-Feira Santa as crianças, precedidas pelos coroinhas da Paróquia, começavam a coletá- los de casa em casa. E no domingo de Páscoa eram transformados em omeletes e saboreados por toda a população.

Ovos bentos e decorados

No século XII existia já, em numerosos países da Europa, o costume de os fiéis se presentearem mutuamente, no dia de Páscoa, com ovos naturais bentos na igreja.

Aderindo a esse costume popular, os nobres e personalidades importantes o enriqueceram de uma característica cultural: os ovos passaram a ser ornados com cenas pintadas, não poucas vezes, por futuras celebridades do mundo artístico.

Por volta do século XVI, surgiu mais um aperfeiçoamento. Alguém teve a idéia de furar o ovo, e substituir seu conteúdo natural por uma “surpresa”, a qual, conforme a categoria da pessoa presenteada, poderia ser constituída de perfume, minúsculos objetos decorativos ou até mesmo jóias.

No século XVIII, o Rei Luís XIV mandava benzer no dia de Páscoa grandes cestas de ovos dourados, que ele distribuía depois ao pessoal da Corte. Por essa mesma época, passou-se a esvaziar os ovos naturais para recheá- los de chocolate.

Atualmente, os ovos de Páscoa são de chocolate, de marzipã ou de uma mistura dos mais diversos ingredientes, e fazem a alegria de crianças… e adultos de todo o mundo.

Jóias de fascinante beleza

Nessa matéria, o auge do requinte foi atingido na Rússia de fins do século XIX. Por ocasião da Páscoa de 1885, o czar Alexandre III decidiu oferecer à czarina – não um simples ovo natural, embora com artísticos desenhos – mas uma peça toda feita de ouro e ornamentada na mesma proporção de riqueza.

A execução foi encomendada ao melhor joalheiro de São Petersburgo: Peter Karl Fabergé. E no domingo da Ressurreição, a czarina recebeu das mãos de seu imperial esposo uma jóia de fascinante beleza, confeccionada em ouro, prata, esmalte e rubis.

A partir daí, todo ano o czar fazia nova encomenda e Fabergé se esmerava em superar a do ano anterior. Desse modo formou-se a fabulosa coleção de 56 ovos de Páscoa, famosa no mundo inteiro.

À riqueza do material – ouro, platina, safiras, esmeraldas, rubis, diamantes, cristais – o joalheiro juntava sua apurada técnica de esmaltar e, sobretudo, seu grande senso artístico. Cada peça é uma autêntica obra de arte, própria a provocar um regalo não só para os olhos, mas, sobretudo, para a alma.

Agrada constatar como o costume dos ovos de Páscoa – nascido, dentro da Santa Igreja, de uma banal necessidade doméstica – adquiriu uma conotação religiosa, espalhou-se pelo mundo e atingiu por fim esse requinte de arte e civilização. (Revista Arautos do Evangelho, Abril/2005, n. 40, p. 35) 

 
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