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Plinio Corrêa de Oliveira


A beleza do Patriarcado e do Papado
 
AUTOR: PLINIO CORREA DE OLIVEIRA
 
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A beleza do Patriarcado, transportemo-nos com a imaginação até as primeiras eras da humanidade. Indivíduos e comunidades vagueiam pela Terra, ainda despoluída, embelezada por uma natureza virginal, pouco tisnada e desfigurada pelos nossos pecados. Pensemos numa tribo em cujo seio já se nota, em gérmen, a grandeza e a bondade de um povo que deve surgir. Essa tribo cruza as vastidões dos territórios livres, conduzindo seus rebanhos, suas tendas, caminha enfrentando as intempéries e outros perigos, recolhendo-se em grutas, galgando e descendo montanhas, rezando e cantando.

De súbito, depara-se com novo panorama. Digamos, o mar, estendendo-se à frente daqueles homens numa paisagem maravilhosa. Eles se detêm e aguardam a chegada do chefe, do patriarca. Este se aproxima: ancião robusto, barba e cabelos brancos, trajando túnica igualmente branca. Enquanto ele considera aquele cenário, seus seguidores procuram o reflexo do mar no olhar do patriarca… Até os animais cessam de mugir e de se agitar. Faz-se profundo silêncio. O sol está se pondo sobre o oceano e cobrindo as águas de jóias e cintilações.

A vista daquele espetáculo cumula de encanto quase paradisíaco a alma de todos.

O patriarca se levanta com dignidade, majestoso, imponente, sublime, e sem mais comentários entoa um improvisado hino de louvor a Deus. Cântico que os vários segmentos de sua tribo vão parafraseando e desdobrando em melodias e poesias mais simples, enquanto montam o acampamento e se dispõem ao repouso noturno.

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A beleza do Patriarcado

No dia seguinte, eles sairão da poesia e do sono para ingressar novamente na luta e no trabalho cotidianos,sob a venerável orientação do seu líder. Como é bela a condição de patriarca! Entretanto, essa beleza, tão alta e grandiosa, é insignificante se comparada com o esplendor do patriarcado dos patriarcados: o papado.A beleza do Patriarcado

Pois a instituição pontifícia se desenvolve inteira numa atmosfera áurea, ela vive numa esfera do dourado. De dentro desse áureo, ele impulsiona e se debruça sobre todas as coisas, sejam as mais complexas, sejam as mais triviais e terrenas, sem deixar de ser ele, sem receio de se deteriorar, de quebrar-se ou de perder a sua própria lógica. Age e existe com uma aisance que lhe vem, não de uma virtude acima do comum, mas de um elevadíssimo grau de sobrenatural.

É de uma perfeição e excelência que só têm paralelo com o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, seu Fundador. O Papa no seu dia-a-dia é o Divino Mestre andando na banalidade da Judéia daquele tempo, detendo-se junto a esse mendigo, àquele cego ou àquele leproso, conversando com um servo, dirigindo a palavra ao homem mais insignificante, afagando e ensinando às criancinhas…

Imaginamos um patriarca. Imaginemos um Papa santo no Vaticano.

A noite vai cedendo lugar às incipientes luzes da aurora. Toda a Roma dorme. Os 400 sinos das suas igrejas ainda não começaram a tocar. O Sumo Pontífice desperta, consulta o relógio. Dentro em pouco o sol estará raiando e a cidade emergirá do repouso. Ele sabe que a dois passos de seus aposentos se acha a capela com o Santíssimo Sacramento. Nosso Senhor, que o constituiu seu pastor e representante, o espera para uma primeira adoração.

O Papa se apronta e se dirige à capela, onde se preparará para o augusto sacrifício da Missa. Enquanto caminha em direção ao Senhor, renascem na sua alma as preocupações da véspera, os pesados fardos do governo da Igreja, assim como animam seu espírito a imagem de muitas almas boas que a Providência tem suscitado pelo mundo, nas quais se depositam as esperanças e a glória da Esposa Mística de Cristo.

A beleza do Patriarcado

Antes de entrar no oratório, ele pára e deita a vista através de uma das grandes janelas do Vaticano. À frente, os primeiros fulgores de sol osculam a imponente cúpula da Basílica de São Pedro. Na praça vazia, ergue-se o famoso obelisco que sempre nos faz lembrar do lema dos cartuxos: “a cruz está de pé, enquanto o orbe todo gira”.

Das duas grandes fontes que ladeiam o obelisco, eleva-se o ruído harmonioso das águas a jorrarem e caírem nas suas bacias. A luz do dia começa a se refletir mais intensamente na cúpula. E o Pontífice pensa: “A Santa Igreja Católica Apostólica Romana! O Papado!” E o seu Anjo da Guarda lhe sopra na alma: “Tu es Petrus!”

De um modo particularmente vivo e tocante, ele se sente identificado com seu papel, com sua missão. O Vigário de Cristo compreende que suas meditações atingiram o auge, e ele deve se entregar aos seus afazeres. O mundo inteiro o espera. Porém, não começará lendo relatórios nem assinando decretos ou tomando conhecimento dos jornais. Ele iniciará seu dia rezando, pedindo por todos os homens, pela Igreja universal.

A beleza do Patriarcado

Entra na capela devagar, caminha até seu genuflexório e se ajoelha. A lamparina do Santíssimo corusca e tremeluz, lançando fulgores avermelhados sobre o tabernáculo. E de dentro do sacrário, o amor do Homem-Deus pelo pontífice Santo se irradia plenamente. E ele começa a rezar, rezar, rezar…

Como essa situação é mais esplendorosa do que a do patriarca pastor, no começo da humanidade, muito embora a beleza do patriarcado primeiro esteja contido nesse patriarcado espiritual e supremo. O Papado: como é belo, como é maravilhoso! (Revista Dr. Plinio, Outubro/2005, n. 91, p. 38 a 42)

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