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Plinio Corrêa de Oliveira


Belezas exemplares
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 19/06/2019
 
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Duas maravilhas produzidas pelo gosto tipicamente francês.

Uma, revestida de aspecto encantador, de conto de fadas, é o Castelo de Chantilly. Sua construção iniciou-se no século IX, sobre os alicerces de uma fortaleza romana, e recebeu ao longo da Idade Média modificações segundo o estilo de cada tempo. Teve por senhores e convivas as mais ilustres famílias de França, cujos nomes soam como envolventes melodias: Condé, Noilles, Montmorency…

Percebe-se a beleza singular de um palácio edificado sem muita simetria, como eram as arquiteturas próxima ou remotamente ligadas à antiga arte da Idade Média. A precisão na harmonia de linhas aparecerá a partir dos séculos XV, XVI e XVII, trazendo requintes ao Chantilly nascido nos distantes albores da Cristandade européia. Então se nos aparece com seu conjunto de corpos que se sobrepõem como podem, mas que, na soma dos imprevistos e dos esplendores de cada parte, adquire essa feição arrebatadora, transportando nossos espíritos ao mundo povoado de princesas e cavaleiros lendários.

Chamam especialmente a atenção suas torres redondas, fortes, porém elegantes, refletindo-se nas plácidas águas do lago que serve de espelho a todo o castelo. E esse pendant de silhuetas movediças, imersas naquela paisagem líquida, redundam num efeito de beleza extraordinária. Comparável à formosura dos jardins, dos canteiros, dos desenhos formados pelos gramados e flores, e do próprio traçado da floresta em que estes se prolongam e como que se escondem, perdendo-se mais ou menos no infinito… Chantilly é, indiscutivelmente, um dos mais lindos palácios da Europa.

*   *   *   *

Assim como a Praça Vendôme, no centro de Paris, é uma das mais belas do mundo, ao lado da Praça de São Marcos, em Veneza, e da de São Pedro, em Roma. Obedece a uma concepção técnica diversa, e eu diria mesmo que é de uma beleza exemplar!

Nela, apenas se tomaria por deslocada a alta coluna que se ergue no centro, e em cujo topo já triunfaram diferentes estátuas de ilustres personagens históricos. Mais atraente ficaria se houvesse ali um bonito jogo de águas, ou algumas pequenas fontes dispostas com charme e simetria.

As ruas que saem ou chegam cortam as fachadas dos edifícios em três pontos, sem prejudicar a fascinante harmonia do conjunto das construções. As paredes, de um certo róseo tirante ao carregado, conferem uma nota característica a esse que parece um único e longo edifício. Na verdade, aí se encontram vários estabelecimentos, entre os quais o célebre Hotel Ritz de Paris, e a série de arcos em que se desdobra o andar térreo corresponde a várias lojas de grandíssimo luxo, que constituem um dos elementos da nata do comércio parisiense.

Tudo iluminado, durante o dia, pela luz dourada do sol que oscula as fachadas de grandes janelas e os tetos aligeirados por encantadoras mansardas; e à noite, pelas verberações acolhedoras, amigáveis, dos lindos lampadários de metal espalhados nos largos espaços internos. Elegantes nas suas esguias colunas de metal, abertas no alto em três braços que sustentam as lanternas graciosamente lavoradas. Creio que seria preciso ver os quatro lados da praça num só olhar, para se compreender a nobreza, a dignidade e a perfeita regularidade da beleza dessa praça.

Ela, como o castelo de Chantilly, é uma expressão toda peculiar do incomparável senso artístico da antiga França… (Revista Dr. Plinio, Julho/2002, n. 52, pp. 31 a 35).

 
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