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Plinio Corrêa de Oliveira


Sem Cristianismo não há civilização
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 30/07/2019
 
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Segundo contou Dr. Plinio em certa ocasião, seu primeiro contato mais profundo com a doutrina da Igreja foi através dos documentos de Leão XIII. De tal modo ficou entusiasmado com eles, que estudou-os com afinco, fazendo anotações que utilizou depois em quase todas as suas obras. De um trabalho inédito, feito com base nesses documentos, extraímos o trecho transcrito abaixo.

Na sua Constituição Apostólica Ubi Primum, o Papa Leão XIII tem estas graves palavras: “Assim que, por um desígnio secreto da Providência Divina, fomos elevado à suprema Cátedra de São Pedro, vendo que, dia a dia, males mais numerosos assolavam o mundo, consideramos como obrigação de Nosso ministério apostólico formar desígnios de salvação, e estudar por que melhores meios poderíamos assegurar a defesa da Igreja e a integridade da Fé católica” (2/10/1898). 

Exprimindo-se desse modo, Leão XIII reconhece não só a gravidade da crise mundial no momento em que ascendeu ao sólio de São Pedro, como, sobretudo, o caráter progressivo desta crise, que “dia a dia” se ia agravando. E segundo o Pontífice, tal desordem tinha como fundamento o apetite dos “prazeres culposos”, para os quais havia, naquela época, “mais inclinação do que outrora” (Encicl. Testem Benevolentiae, 22/1/1899).

Sendo essa crise um fruto dos pendores pecaminosos do homem, a solução para ela não poderia vir senão de uma séria, constante e fecunda prática da virtude. Ora, de acordo com Leão XIII, a virtude só produz todos seus frutos quando “não é abandonada às forças da natureza”, mas, pelo contrário, “repousa sobre as profundas raízes da Fé Cristã, e se apóia sobre o socorro da graça divina” (Decr. de Canonização de São João Batista de la Salle, 1899). Assim, pois, a virtude necessária para a manutenção durável da ordem social não pode vir de escolas meramente naturais, sistemas filosóficos que façam abstração da Religião verdadeira. Só pode promanar da própria Religião verdadeira, pois só esta possui a graça de Deus, a qual, por sua vez, é a única a produzir autenticamente a virtude.

Donde, afirma o Sumo Pontífice, “seria vã ilusão esperar uma paz verdadeira e durável” se os homens não aceitarem a ação sobrenatural da Igreja Católica. Do mesmo modo que “seria um recuo e uma ruína tentar subtrair a civilização ao bafejo do Cristianismo” (Decreto, idem). A razão indicada por Leão XIII é clara: o Cristianismo é que “comunica vida e força à civilização, e é o único capaz de lhe conferir a solidez da existência e a fecundidade dos resultados” (Idem). Assim, pois, nenhuma civilização se mantém viva sem o Cristianismo, que é a condição essencial para a própria sobrevivência dela.

Essa importância do desenvolvimento das virtudes cristãs para a sociedade civil é constantemente frisada pelo Pontífice. Para ele, o mundo de seu tempo se dividia em duas zonas espirituais muito diversas. De um lado, os homens que correspondem à graça de Deus e constituem como que um facho de luz no meio da sociedade desvairada, pois que a graça conserva sempre a sua fecundidade e, em conseqüência, as almas que lhe correspondem podem sempre ascender ao maior grau de santidade. De outro lado, existe uma zona obscura de homens desvairados por toda espécie de erros e de vícios.

Entre esses erros e vícios, sobreleva notar alguns, como “o veneno das más doutrinas que corrompem dia a dia na alma humana o grande benefício da Fé divina” (Idem). É um vício intelectual. Em segundo lugar, os desvios morais daí consequentes: “o desgosto em relação à vida cristã e a vasta difusão dos maus costumes, a concupiscência ardentíssima e jamais saciada de tudo o que excita os sentidos, os pensamentos que afastam de Deus e apegam à terra” (Idem).

As conseqüências, Leão XIII as descreve muito bem. Os flagelos que decorrem dessa influência do paganismo moderno sobre a sociedade são quase incontáveis, “os próprios fundamentos dos Estados se encontram abalados”. “Crimes trágicos, paixões populares desencadeadas, riscos imprevistos (Idem)” fazem prenunciar as mais terríveis catástrofes.

Daí um dever muito grave de todo aquele que se pretende verdadeiro católico: advertir os homens a respeito do caminho pelo qual avançam e atraí-los para a senda de Nosso Senhor Jesus Cristo. (Revista Dr. Plinio, Março/2003, n. 60, p 7).

 
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