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Santa Isabel da Hungria: Filha de rei e mãe dos pobres
 
AUTOR: ANTONIO QUEIROZ
 
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Jovem viúva de 20 anos, Isabel foi expulsa de seu castelo com os quatro filhos pequenos e só conseguiu alojamento num depósito, ao lado dos porcos. Nessa situação, mandou cantar um Te Deum, para agradecer a Nosso Senhor a graça de sofrer em união com Ele.
Santa Isabel da Hungria

 

Em Santa Isabel da Hungria, parece que a santidade lhe veio do berço. Nasceu em 1207, na Hungria. Aos 4 anos, entrava na capela do castelo, abria o grande livro dos Salmos, e ainda sem saber ler, olhava-o longamente e assim passava muitas horas recolhida em oração. Ao brincar com outras meninas, procurava eventualmente algum jeito de encaminhá-las para a capela. Quando esta estava fechada, beijava-lhe a porta, a fechadura, as paredes, pois, dizia ela, “Deus lá dentro repousa”.

Aos 13 anos de idade, realizou-se seu casamento com o poderoso e entretanto não menos piedoso Duque Luiz da Turíngia, ao qual havia sido prometida desde tenra infância. Em sua curta existência – faleceu aos 24 anos – ela conquistou contudo o mais glorioso dos títulos: o de Santa.

Santa Isabel fazia bom uso da imensa riqueza de seu esposo, ou seja distribuindo aos pobres generosas esmolas. Isto causava profunda irritação a muitas pessoas da corte, sobretudo aos seus dois cunhados, Henrique e Conrado. Acusando-a de estar “dilapidando o patrimônio familiar”, estes não perdiam oportunidade de tentar fazer-lhe mal.

Começam as grandes provações de Santa Isabel da Hungria

Em Santa Isabel, reluzia sobretudo a solicitude para com os necessitados. Mas ela era exímia na prática de todas as virtudes. De tal forma que poucas pessoas levaram tão longe quanto ela o desapego aos bens desta terra e a conformação amorosa com a vontade de Deus. Ademais, esposa exemplar, unida em matrimônio com um marido modelar, a ele dedicava todo o afeto natural e legítimo de seu nobre coração. E era retribuída de fato na mesma proporção. Dessa forma, muito mais do que isso, unia-os o amor a Deus, o desejo de perfeição.

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Esposa exemplar, unida em matrimônio com um marido modelar,
a ele dedicava todo o afeto natural e legítimo de
seu nobre coração

Assim sendo, compreende-se com facilidade a dor da separação, quando o Duque da Turíngia partiu para a Cruzada, em 1227. Todavia, sofrimento incomparavelmente maior quando, pouco tempo depois, recebeu a notícia de que ele havia falecido antes mesmo de chegar à Terra Santa.

Santa Isabel da Hungria, expulsa de seu castelo com seus filhos

Sem a proteção de seu virtuoso esposo, disso se aproveitaram portanto seus dois cunhados para deixarem expandir o ódio que lhe tinham. Com efeito, no mesmo dia a expulsaram do castelo, sob um frio muito rigoroso, com os quatro filhos pequenos, sem lhe permitir levar qualquer dinheiro, agasalho ou alimento. Além disso, num requinte de crueldade, proibiram, sob severas penalidades, que qualquer habitante da cidade lhe desse abrigo.

Por isso, certo dia a santa Duquesa visitou o convento dos Frades Menores para pedir… Auxílio? Não. Pediu-lhes para cantarem um Te Deum, na intenção de agradecer ao Senhor a graça de participar nos seus sofrimentos!

Recusa o mais vantajoso casamento da época

Afinal, após alguns meses de indescritíveis sofrimentos, sua tia Matilde, abadessa de Kitzing, tomou conhecimento desses fatos e enviou mensageiros com duas viaturas para levá-la com os filhos para o seu convento.

Posteriormente, seu tio Egbert, Bispo-Príncipe de Bamberg, lhe comunicou uma proposta de casamento com o Imperador Frederico II, o mais poderoso soberano da época. Mas Isabel tinha ambições muito maiores! Seu coração estava todo voltado para o Infinito, nada nesta terra podia satisfazê-lo.

Passados poucos dias, regressaram então à Turíngia os cavaleiros que tinham acompanhado o Duque Luiz à Cruzada. Logo depois, apresentando-se a Conrado e Henrique, censuraram-lhes corajosamente a dureza e crueldade com que haviam tratado a viúva e os filhos de seu próprio irmão. Os dois culpados não resistiram à franqueza altiva dos seus vassalos. E, chorando, pediram perdão a Isabel, restituindo-lhe todos os bens de que a haviam despojado.

Morte de Santa Isabel da Hungria

No dia 16 de novembro de 1231, a Santa adoeceu. Após receber a unção dos enfermos e o viático, Nosso Senhor lhe apareceu e revelou-lhe que dentro de três dias viria levá-la para o Céu. Depois desta visão, seu rosto ficou tão resplandecente que era quase impossível fixar-lhe os olhos.

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Poucas pessoas levaram tão longe quanto ela o desapego aos bens desta terra e a conformação amorosa com a vontade de Deus.

Ao primeiro canto do galo do dia 19, ela disse: “Eis a hora em que Jesus nasceu de Maria Virgem. Que galo imponente e lindo seria aquele, o primeiro a cantar naquela noite maravilhosa! Ó Jesus, que resgatastes o mundo, que resgatastes a mim!” Depois acrescentou: “Ó Maria, ó Mãe, vinde em meu socorro!”

Em seguida, disse baixinho: “Silêncio… Silêncio!…” E deixou pender a cabeça, como se dormisse. Sua alma acabava de entrar na glória celeste.

Para satisfazer a devoção do povo que afluía de toda parte, seu santo corpo permaneceu exposto na igreja durante quatro dias. Muitíssimos milagres atestaram a sua santidade. Foi solenemente canonizada em 1235 pelo Papa Gregório IX. 

(Antonio Queiroz; Revista Arautos do Evangelho, Nov/2004, n. 35, p. 22 à 25)

 

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