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Palavra dos Pastores


A atitude interior dos Magos
 
AUTOR: REDAÇÃO
 
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Imitando os Reis Magos, também nós fazemos uma viagem que começou no dia de nosso Batismo e acabará, com a graça de Deus, no Céu.

Dom Rafael Escudero Prelatura Moyobamba.jpgDom Rafael Escudero López-Brea
Bispo Prelado de Moyobamba, Peru

Eis que Magos vieram do Oriente a Jerusalém e perguntaram…”. Nos Magos, vemos cada um dos homens submersos na sociedade e no desengano do mundo e do pecado perguntando a nós, cristãos: “Onde está o Rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-Lo”. É esta a atitude de quem procura a Deus, levando-o a percorrer um caminho semelhante ao itinerário dos Magos e, como eles, encontrar o Messias de todas as nações. Os cristãos, somos chamados a brilhar como a estrela, a sermos servidores da graça de Deus para os que vivem na escuridão, nas trevas da morte.

“Tendo eles ouvido as palavras do rei, partiram…”. Em verdade, a luz de Cristo já iluminava a inteligência e o coração dos Reis Magos, por isso lançaram-se com coragem por caminhos desconhecidos, empreendendoAdoração dos Reis Magos.jpguma longa, pesada e dura viagem. Não hesitaram em deixar tudo para seguir a estrela que haviam visto surgir no Oriente.Imitando os Reis Magos, também nós fazemos uma viagem que começou no dia de nosso Batismo e acabará, com a graça de Deus, no Céu. Uma viagem de fé, de procura, de encontro com o Senhor.

Ao brilhar o Sol, apagam-se as estrelas

“E eis que a estrela, que tinham visto no Oriente, os foi precedendo até chegar sobre o lugar onde estava o Menino e ali parou”. Os Reis Magos chegaram a Belém porque se deixaram guiar docilmente pela estrela. No caminho há noite e escuridão, mas na noite há estrelas, há sempre alguma luz.

Mais ainda, “a aparição daquela estrela os encheu de profunda alegria”. A alegria brilha no coração de quem procura. É importante aprendermos a perscrutar os sinais com os quais Deus nos chama e nos guia. Quando estamos conscientes de sermos guiados por Ele, nosso coração sente uma autêntica e profunda alegria, acompanhada do vivo desejo de encontrá-Lo e do perseverante esforço para segui-Lo com docilidade.

“Entraram na casa…”, no mistério de Deus, e entenderam tudo; “viram o Menino com Maria, sua Mãe”, ou seja, viram Aquele que procuravam nos astros. Já não precisavam da estrela, porque ao brilhar o Sol, apagam-se as estrelas. Nada de extraordinário, à primeira vista. Entretanto, aquele Menino é diferente dos demais: é o Filho Unigênito de Deus que Se despojou de sua glória e veio à Terra para morrer na Cruz. Desceu até nós e Se fez pobre para revelar-nos a glória divina que contemplaremos plenamente no Céu, nossa pátria celestial.

Ninguém poderia ter inventado um maior sinal de amor. Eles veem e creem, não duvidam. Permanecemos extasiados ante o mistério de um Deus que Se humilha para assumir nossa condição humana até imolar-Se por nós na Cruz. Em sua pobreza, veio oferecer-nos, a nós, pecadores, a salvação. Rendamos graças a Deus por tanta bondade e condescendência.

O mesmo Redentor presente na Eucaristia

“Prostrando-se diante d’Ele, O adoraram”. Sentem-se meninos diante do Menino, fazem-se pequenos, renascem para a simplicidade, dão-se conta de que são felizes e já não se lembram da longa viagem e das dificuldades. No Menino que Maria estreita em seus braços, os Reis Magos reconhecem e adoram o Esperado das Nações anunciado pelos profetas. Aquele Menino, colocado suavemente na manjedoura por Maria, é o Homem-Deus que vemos cravado na Cruz. O mesmo Redentor que está presente no Sacramento da Eucaristia deixou-Se adorar no estábulo de Belém, sob as aparências de um recém-nascido, por Maria, José, os pastores e os Magos. Na Hóstia consagrada, nós O adoramos presente sacramentalmente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, e Ele a nós Se oferece como alimento de vida eterna.

A Santa Missa se converte então para nós num verdadeiro encontro de amor com Aquele que Se deu inteiramente a nós. Não hesitemos em aceitar, quando Ele nos convida ao Banquete de Bodas do Cordeiro. Ouçamo-Lo, façamos adequada preparação e aproximemo-nos do Sacramento do Altar. Podemos adorá-Lo hoje na Eucaristia e reconhecê-Lo como nosso Criador, único Senhor e Salvador.

Sejamos adoradores do único e verdadeiro Deus

“Abrindo seus tesouros, ofereceram-Lhe como presentes: ouro, incenso e mirra”. Esses dons ofertados pelos Reis Magos ao Santos Reis Magos.jpgMessias simbolizam a verdadeira adoração. Por meio do ouro realçam a divindade real; com o incenso, reconhecem-No como sacerdote da Nova Aliança; pela mirra, celebram o profeta que derramará seu próprio Sangue para reconciliar a humanidade com o Pai.

Ofertemos também nós ao Senhor o ouro da nossa existência, ou seja, a liberdade de segui-Lo por amor, respondendofielmente ao seu chamado; elevemos a Ele o incenso de nossa oração ardente, do bom odor de Cristo, das boas obras, dos bons desejos, para louvor de sua glória; ofereçamos-Lhe a mirra da dor e do sofrimento, do afeto cheio de gratidão para com Ele, verdadeiro Homem, que nos amou a ponto de morrer no Gólgota como um malfeitor.

Sejamos adoradores do único e verdadeiro Deus, reconhecendo-Lhe a primazia em nossa existência! A idolatria é em nós uma tentação constante. Há, infelizmente, gente que procura a solução de seus problemas em práticas religiosas incompatíveis com a Fé cristã: o recurso aos espíritos, ao horóscopo, à cartomancia, aos bruxos. É forte o impulso de acreditar nos falsos mitos do êxito e do poder, do dinheiro, do consumismo; é perigoso abraçar conceitos evanescentes do sagrado, que apresentam Deus sob a forma de energia cósmica, ou de outras maneiras não concordes com a doutrina católica. Adoremos Cristo, o Príncipe da Paz, a fonte do perdão e da reconciliação: Ele é a rocha sobre a qual construímos nosso futuro e um mundo mais justo e solidário.

Jesus é exigente, porque quer a nossa felicidade

“Voltaram para sua terra por outro caminho”. Depois de ter encontrado a Cristo, os Magos regressaram a seu país “por outro caminho”. Voltaram à sua vida de cada dia, mas com um tesouro em suas mentes e em seus corações. Essa mudança de itinerário pode simbolizar a conversão à qual somos chamados, nós que encontramos Jesus, a nos convertermos nos verdadeiros adoradores desejados por Ele. Isso acarreta para cada um de nós a necessidade de imitar seu modo de pensar, sentir e agir, de não nos conformamos à mentalidade deste mundo.

Escutar Cristo e adorá-Lo leva por vezes a tomar decisões heroicas. Jesus é exigente, porque quer nossa autêntica felicidade. Quando se encontra Jesus e se acolhe seu Evangelho, a vida muda e a pessoa é pressionada a comunicar aos outros sua própria experiência do encontro. É urgente testemunhar o amor contemplado em Cristo. A Igreja necessita de autênticas testemunhas para a Nova Evangelização: homens e mulheres cuja vida tenha sido transformada pelo encontro com Jesus; homens e mulheres capazes de comunicar aos demais essa experiência; homens e mulheres com a mesma atitude interior dos Magos, que buscam apaixonadamente a verdade, que não hesitam em pôr suas capacidades humanas a serviço da Fé. Comentário ao Evangelho da Epifania, 4/1/2015 – Texto original em http://prelaturademoyobamba.com (Revista Arautos do Evangelho, Fevereiro/2015, n. 158, p. 38-39)

 
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