Da família real desabrocham três lírios de santidade

“Tempo houve em que a filosofia do Evangelho governava os Estados”. A frase dita por Leão XIII, em sua encíclica Immortale Dei, é ilustrada pelas vidas das beatas Teresa, Mafalda e Sancha, irmãs de sangue e santidade. “Nessa época, a influência da sabedoria cristã e a sua virtude divina penetravam as leis, as instituições, os costumes dos povos, todas as categorias e todas as relações da sociedade civil”. De suas vidas, veremos os momentos que, sem abandonar o cumprimento do dever, em nada deixaram de ser exemplos de virtude.

Família ilustre das beatas Teresa, Mafalda e Sancha

Todas as três irmãs eram princesas, filhas do Rei Sancho I e da Rainha Dulce, da coroa portuguesa. Viveram no século XII, transitando até o próximo século e espargindo o perfume da fé católica em suas vidas.

Estamos num tempo onde a noção de dever era profundamente mais acentuada que a moderna, que não entende o conceito de sacrificar-se por um causa. Como princesas, sabiam todas o que as esperavam, e estiveram abertas para cumprir suas funções. Porém, Deus, por cima dos planos humanos, seguia um traçado divino. Nas circunstâncias mais diferentes, acabaram as irmãs se encontrando na vida religiosa.

Beata Teresa

Nascida em 1177, Teresa sabia, como primogênita, que deveria casar-se para continuar a estirpe real. Desde logo foi prometida ao Rei Afonso, então príncipe de Leão. Porém, Teresa sentia um chamado à vida religiosa, à vida de consagrada, querendo ser freira desde sua juventude. Confiou-se a Deus, entretanto, que a tinha criado e velava por ela. A cerimônia de casamento foi marcada, e mais uma união Portugal-Espanha estava a caminho de se concretizar.

Porém, por uma questão de descendência, a princesa Teresa não poderia se casar com Afonso, tendo seu casamento anulado antes da consumação. Voltou a Portugal. O rei de Leão até tentou busca-la a força, aparecendo com seus exércitos nas fronteiras da nação. Recebendo a permissão, então, para se retirar do mundo, Teresa se apressou a ir viver com as irmãs religiosas. Abandonou os prazeres e as honrarias de sua família e virou uma anônima no meio das noviças.

A guerra começada pelo seu ex-noivo e seu pai continuou, para a dor de Teresa. Ela entendia as limitações do casamento, mas se entristecia pelos homens que perdiam as suas vidas por motivos tão mesquinhos. Fez, então, de sua existência uma contínua imolação pela paz.

Beata Mafalda

A irmã mais nova, Mafalda, que nasceu em 1195, também foi marcada pelo casamento. Foi prometida a Henrique I, rei de Castela, indo até o reino celebrar suas bodas reais. Porém, tendo Deus seus caminhos, faleceu logo após a cerimônia o Rei Henrique, fazendo com que Mafalda voltasse à coroa Portuguesa como viúva.

Podendo escolher, preferiu beata Mafalda também a vida religiosa, indo se refugiar na vida de claustro e silêncio.

Beata Sancha

À do meio, nascida em 1180, coube a opção de escolher se queria o casamento ou não. Chamada por Deus, não quis se comprometer aqui na terra, a não ser com o Divino Esposo, o Espírito Santo. Com dotes de inteligência e presença de espírito, ela fundou um mosteiro da ordem Cisterciense na cidade de Coimbra, ordem que até aquele momento estava apenas na França. Lá viveu como superiora, dando o exemplo de dedicação e fé que todas as noviças precisavam, até seu falecimento.

As irmãs foram beatificadas em 1705, pelo Papa Clemente XI, sendo escolhida a data para a celebração pela Igreja em 20 de junho.

Cf. Bem-aventuradas Teresa, Mafalda e Sancha (cancaonova.com)