Dia 28 de agosto é o dia em que os católicos recordam um dos mais conhecidos e importantes Santos que brilham no firmamento da Igreja: Santo Agostinho de Hipona.
Ele é um dos chamados Padres da Igreja, que formaram a Patrística, ou seja, a fase da organização inicial da Teologia Cristã com elucidação progressiva do dogma cristão.
Coube à Patrística a apologia, a defesa do Cristianismo frente às religiões pagãs e às sucessivas interpretações heterodoxas que dariam lugar às heresias.
Herança doutrinária do Santo de Hipona
A relação entre a fé e a razão foi um dos instigantes temas tratados por Santo Agostinho em suas obras e sermões.
É preciso crer para compreender e compreender para continuar crendo. Fé e razão são, então, “duas asas” que nos permitem alçar voo. Os cristãos católicos devem aproveitar, portanto, para encontrar e mergulhar nas razões da fé.
Santo Agostinho é uma referência especial: encontrando, continuou a buscar sempre mais.
Diante de uma sociedade que reclama o testemunho dos crentes, vale o esforço pelo aprofundamento da fé e, sobretudo, pelo testemunho dela.
Outra de suas heranças é a devoção e defesa de Maria sempre Virgem.
Desde o século V, a herança de seu legado de ensinamentos católicos nenhum inimigo consegue contestar, menos ainda destruir e nem mesmo empalidecer.
Já naquele longínquo tempo, o Santo afirmava que “a piedade impõe reconhecer Maria como não tendo pecado”.
Recordemos três pensamentos dele sobre a Imaculada Conceição da Virgem Maria:
1 - “Nem se deve tocar na palavra ‘pecado’ em se tratando de Maria; e isto em respeito Àquele de quem mereceu ser a Mãe, que A preservou de todo pecado por sua graça” (Santo Agostinho, Sermão 215,3. 325 DC).
2 - “Não entregamos Maria ao diabo por condição original, pois afirmamos que sua própria condição original se anula pela graça da redenção” (Santo Agostinho, Contra Juliano 4. 325 DC).
3 - Exceto a Santa Virgem Maria, da qual não quero, por honra do que é devido ao Senhor, suscitar qualquer questão ao se tratar de pecados, pois sabemos que Lhe foi concedida a graça para vencer por todos os flancos o pecado, porque mereceu Ela conceber e dar à luz a quem não teve pecado algum.
Exceto, digo, a esta Virgem, se tivéssemos podido congregar todos os Santos e Santas que aqui viviam e perguntássemos se jamais tinham pecado, o que teriam respondido? […] Não é verdade que teriam unanimemente exclamado: “Se dissermos que não pecamos, enganamo-nos, e a verdade não está em nós”? (Santo Agostinho, De Natura et Gratia 36, 42. 325 DC).
Apelo à santidade
Enfim, quem hoje não conhece Santo Agostinho? Quem não conhece as Confissões, em que deplora os desvarios da juventude?
Quem não conhece sua mãe, Santa Mônica, chorando noite e dia por aquele filho, seguindo-o por toda parte e implorando sem cessar ao Céu em seu favor?
Foi somente na idade de trinta e dois anos que esse filho de tantas lágrimas se livrou inteiramente da heresia maniqueísta e da escravidão das paixões corrompidas e recebeu o Batismo das mãos de Santo Ambrósio.
Mas quem poderia dizer o quanto sua conversão foi perfeita!
Com que amarga tristeza chorou faltas passadas, embora tivessem sido apagadas inteiramente pelo Batismo; com que ardor amou a Deus; com que zelo trabalhou para sua glória!
Ai de nós! Se o imitamos mais ou menos nos seus desvarios, quando, afinal, o imitaremos na santidade de vida?