Santo Hilário de Poitiers é um daqueles santos suscitados pelo Senhor para prover suas ovelhas, seu rebanho, de águas puras e límpidas. De tempos em tempos, Deus, sem esquecer seu povo, purifica sua doutrina através de intelectuais santos.

A conversão de Santo Hilário 

De família rica, Santo Hilário nasceu pagão e aprofundou-se em estudos de Filosofia. Mas, diante das Sagradas Escrituras, achou tesouros de verdade que o tocaram no fundo da alma.

Assim, aos 30 anos, Santo Hilário pede o Batismo para si, sua esposa e sua filha, que entram com ele no rebanho santo. De sua esposa sabemos que, após Santo Hilário ser ordenado Bispo, ela entrou em um convento e de sua filha as atas contam que o próprio Santo de Poitiers oficializou o seu Matrimônio, anos depois de sua sagração. Lindo exemplo de santidade familiar.

Mas o santo não se definiu somente por sua atuação como prelado. Ele se destacou como um ilustre escritor e combatente do arianismo. Para entendermos o alcance dos atos de Santo Hilário, precisamos compreender a heresia de Ario.

Arianismo: negação da divindade de Cristo

A Igreja de Deus, no século IV, em meados dos anos 350, sofria uma intensa pressão doutrinária porque os imperadores Auxêncio e Constâncio, maiores autoridades civis, eram declaradamente a favor de Ario.

O arianismo negava a divindade de Cristo. Para eles, Jesus foi um homem muito abençoado, mas não era da mesma natureza que Deus Pai, ou seja, não era divino. Essa ideia é horrível, pois torna toda a obra de Cristo inútil. Se Jesus não é um com Deus, sua morte na Cruz não faz sentido, pois não alcança o perdão.

Os seguidores do arianismo eram sutis, maldosos. Não falavam abertamente dessas coisas, e suas palavras eram enganadoras. Por isso, o Santo, que tinha ótimos estudos e profundo discernimento, se opôs a ele. O Bispo de Poitiers explicava ao povo simples, sem instrução, a verdadeira doutrina.

Os ardilosos, descobertos pela lógica do Santo, ficaram furiosos. Até mesmo outros Bispos, mentirosos e de vida depravada, pediram o seu exílio, pois se sentiam cobrados ao ver a santidade e integridade de Santo Hilário.

Santo Hilário torna-se um farol 

Assim, começa no Oriente a vida do Santo que deixa Poitiers, hoje uma cidade da França. Porém, ao invés de se submeter ao anonimato vergonhoso, que era o desejo dos inimigos, Santo Hilário se enche de brio e se aprofunda ainda mais na Palavra de Deus.

Ele completou duas obras que iniciara em Poitiers e atacou o imperador romano do Oriente mostrando seu erro e sua perversidade. Tornou-se o pregador que defendia a unidade de Cristo com Deus: Pai e Filho, uma mesma natureza, e também conquistou a inimizade dos outros Bispos que, preguiçosamente, “permitiam” o arianismo em suas dioceses.

Santo Hilário é exilado de seu exílio, ou seja, obrigam-no a voltar a Poitiers. Ele volta triunfante, feliz por ter incomodado tanto os inimigos da Igreja. Mas sua atuação não para por aí, entra em discórdia com um Bispo italiano também ariano, que no final é derrubado pelo povo cristão, insatisfeito de ver um herege como pastor.

Mas a discórdia o fez novamente ser visto com maus olhos, e foi como que trancafiado em Poitiers: não podia sair da cidade. Ali Santo Hilário tornou-se um farol de santidade, sendo consultado constantemente e compondo ainda mais obras.

Em 367, com um pouco mais de 50 anos, o santo de Poitiers falece, e já se aproximam de seu túmulo com respeito e carinho. Que a luz que Santo Hilário nos apresentou guie nossos passos rumo à santidade e integridade de vida.