Santo padroeiro dos advogados

Poucas são as profissões mais abaladas pelo relativismo do que a advocacia.

A falta de uma ética clara por cima das alegações e fatos de clientes com interesses diversos dá margem a grandes catástrofes, onde muitas vezes prevalece a injustiça.

Santo Ivo, celebrado no dia 19 de maio, é o exemplo que a Religião Católica tem a oferecer aos magistrados, juízes e advogados.

Vida de estudos

Santo Ivo nasceu na pequena Bretanha, em 1253, o século de ouro da Idade Média.

Como era filho de pais da pequena nobreza, teve a oportunidade de conhecer as letras ainda pequenino, o que lhe garantiu, assim que atingiu a maioridade legal, em 1267, uma vaga na famosa universidade de Paris, Sorbonne, onde um grande luzeiro e pensador medieval exercia o ensino: São Tomás de Aquino.

Na faculdade de direito civil e canônico que frequentou teve a graça de conhecer o santo teólogo, além de circular por onde outros Santos comumente passavam: lembremo-nos de que Santo Alberto Magno passeava pelos centros da universidade, e de que São Luís IX, rei de França, não perdia a oportunidade de conviver com São Tomás.

Santo Ivo conheceu também outro personagem importantíssimo para seu futuro na Sorbonne: São Boaventura, com quem teve a oportunidade de conviver em várias conferências.

Nestas foi absorvendo o espírito franciscano, o qual escolheu como ordem para se filiar.

Santo Ivo trabalha como magistrado

Santo Ivo, assim que se formou em 1277, foi trabalhar em sua região como magistrado e juiz, tanto em causas eclesiais quanto em civis, pois finalizara ambos os cursos.

Em 1280, encontramo-lo julgando todo tipo de litígio para a diocese. E, em 1824, Santo Ivo é ordenado sacerdote. Porém, diferente do que é hoje, naquela época os padres poderiam continuar a ter trabalhos civis, desde que autorizados pelo Bispo de sua região.

E recebeu não só uma autorização, mas sim uma ordem: deveria continuar trabalhando como advogado na Bretanha. É nesse momento que recebe o título de advogado dos pobres, pois os atendia sem custos em suas causas.

Nem precisamos dizer que Santo Ivo era um modelo de retidão e justiça, pois sua lei era clara: os Dez Mandamentos eram o norte para onde dirigia sua moralidade.

Até mesmo um hospital ele conseguiu construir para os mais necessitados, pois aprendera de São Boaventura o carisma de servir ao próximo, marca do espírito franciscano.

Aos cinquenta anos de idade, Santo Ivo se despede dos seus mais próximos e parte para sua última jornada: seu encontro com Deus e seu descanso eterno. Está sepultado na Catedral de Treguier, onde é venerado até hoje.

Como penitente e religioso, Santo Ivo também impressiona: passava noites em vigília, e em muitos dias se alimentava só de pão e água.

Quando não dormia, além de estudar e rezar, também saía para consolar e confortar os mais pobres, inclusive dando-lhes o dinheiro que recebia como ordenado pelo seu trabalho.

Pós-vida e patronato

No ano de 1347, a pedido de Bispos e autoridades civis, após processo de investigação conduzido pelo Vaticano, o Papa Clemente VI, com a solene bula de 19 de maio, assinada em Avignon, proclama Ivo inscrito no catálogo dos Santos e confessores, sendo venerado até hoje por nós, que o honramos com nossas celebrações.           

Uma curiosidade: a criação da Instituição dos Advogados dos Pobres, como a Defensoria Pública dos dias atuais, foi inspiração de Santo Ivo, que sempre defendeu as causas dos menos favorecidos. Por isso, em vários países, na data de seu falecimento comemora-se o dia da Defensoria Pública.

A Constituição Brasileira em seu artigo 134 e parágrafo único foi uma das pioneiras a instituir no mundo a Defensoria Pública, realizando, de certa forma, o desejo de Santo Ivo.

Que ele nos ajude a ser mais honestos e leais com o próximo. E, àqueles que seguem o nobre caminho do direito, dê sabedoria e discernimento para julgamentos mais justos e sentenças que tornem o mundo melhor, assemelhando ainda mais a justiça dos homens à justiça divina.