Relatos sobre São João Evangelista

Antes de tudo, sabemos que São João foi testemunha em primeira mão da vida de Jesus, tanto que um dos Evangelistas é ele.

Também notamos que São João participa de todos os grandes conselhos de Jesus, como um pequeno general.

Ele foi um dos primeiros a serem chamados, junto de seu irmão Tiago. Era primo de Jesus por parte de mãe, além de ser virgem, não casado, diferente de todos os outros Apóstolos.

Por isso, quando se refere a si mesmo em seu Evangelho, usa a expressão “discípulo amado”, confirmando que Nosso Senhor tinha uma certa predileção por ele, pois Deus ama infinitamente a virgindade e a pureza total.

São João está presente na Crucifixão, no horto, no sepultamento, na Ressurreição.

Era companheiro inseparável de São Pedro, inclusive, na Santa Ceia, quando Cristo afirma que um dentre eles O trairia, Pedro combina com João de reclinar-se sobre o peito do Mestre e lhe perguntar quem seria.

Neste fato, já percebemos o carinho de Cristo pelo jovem, e percebemos que São João Evangelista recebeu uma graça que foi compartilhada apenas com Nossa Senhora e São José: escutar o Sagrado Coração batendo.

Quiçá alguns Santos tenham sido agraciados com esse dom, mas, aí já de uma forma mística.

Escritor do Evangelho

Os textos de São João têm uma finalidade diferente dos outros três.

Os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas são chamados de sinópticos, pois são muito parecidos entre si, já que o objetivo era um relato fiel da vida de seu Mestre.

São João não quis só passar um testemunho ocular, mas quis provar algo ao mundo.

Quando escreveu o seu Evangelho, entre os anos 60 e 100, o que mostra sua longevidade e sua sabedoria anciã, uma heresia já atrapalhava o progresso da Santa Igreja: havia pessoas que, não tendo conhecido Jesus, contrariavam sua natureza divina. Mais tarde, Ario formularia uma doutrina perversa baseada neste erro.

Assim sendo, o Evangelista escreveu visando demonstrar o aspecto espiritual da obra de seu Mestre, como Se encarnou para vir cumprir uma missão: a Redenção do gênero humano.

Por isso todos os milagres são chamados por ele em seu Evangelho de “sinais”: são as obras de Jesus apenas indicativas de sua meta de reconciliar os homens com o Pai.

Saiu íntegro, sem nenhum sinal de queimadura

São João Evangelista teve um importante papel na comunidade cristã após a descida do Espírito Santo em Pentecostes: organizou a vida de culto dos judeus convertidos; pregou em Jerusalém mesmo, ajudando São Pedro, sendo seu secretário nos assuntos primordiais da vida cristã; reconheceu o prestígio de São Paulo quando este mostrou todo o seu fervor de convertido.

Foi vítima da perseguição do Imperador Dominiciano. As atas documentadas contam que foi preso e que mandaram-no entrar num caldeirão com azeite fervendo. Ele foi contente, pois era o último Apóstolo ainda com vida: todos já tinham sido mortos pela fé.

Seu contentamento em ser um mártir o fez caminhar com vontade para o caldeirão, mas Deus tinha outros planos para seu Amado: ele saiu íntegro, sem nenhum sinal de queimadura, mais jovem ainda do que quando entrara!

Assim, foi exilado para a Ilha de Patmos, confinado a morrer lá, sozinho. Por isso, é o único Apóstolo que se celebra com cores brancas, pois não foi mártir.

Na ilha, com dons místicos, São João compôs o Apocalipse, último livro da Sagrada Escritura. Fechou, assim, o ciclo bíblico dos que conheceram a Jesus, falecendo entre os anos 98 e 103 d.C.