Na Cidade Eterna, na Igreja de Santo Inácio, pertencente aos jesuítas, foi celebrada uma Missa de ação de graças pela recente canonização de São José de Anchieta. A celebração eucarística foi presidida pelo Papa Francisco.
O Apóstolo do Brasil tinha constantemente presente em sua ação missionária a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sempre e em tudo.
A vida do Salvador, seus atos, sua doutrina e exemplos, sua Cruz, seus sofrimentos e alegrias, sua misericórdia: tudo era lembrado, descrito, cantado pelo “missionário poeta” para conduzir as almas a Jesus.
A Sagrada Eucaristia era o centro de tudo e era para onde tudo convergia. Alguns trechos de poemas escritos pelo Santo que fez cristão o Brasil – e o Brasil o fez brasileiro –, revelam onde ele tinha colocado sua atenção, alma e coração.
Seus Poemas Eucarísticos falam da infinita misericórdia de Deus que se encontra na origem da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. Eles podem muito bem ser instrumentos de uma nova evangelização em nossos dias, como mostram os trechos aqui transcritos.
Versos que transmitem a vida sobrenatural
Narrando a Última Ceia e a instituição da Eucaristia, diz:
Foi quando o próprio pão, em jantar derradeiro,
Comendo, aos seus irmãos , deu-Se a comer inteiro.
Pulsem os corações com tão rico presente
E transborde o louvor a voz que canta e sente!
Pela primeira vez, chega o grande momento:
É posto à mesa régia o célico alimento.
Para salvar o homem, o Deus todo-poderoso não hesitou em humilhar-Se a Si. O Filho de Deus assume a condição mortal, torna-Se “Servo dos servos” e morre por nós “em duro pau de Cruz”:
Em tudo igual a Ti, veio em corpo mortal
A lavar nosso crime, extirpar nosso mal,
Enfrentar, por vontade, um cruel sofrimento,
E arrostando a Cruz o horroroso tormento,
Com sua morte atroz, restaurar a amizade.
Crucificado, Cristo restabelece a comunicação entre os homens e Deus.
Sua Ressurreição e Ascensão aos Céus preparam as “celestiais moradas” para os homens que buscam Deus e o seu Reino:
O teu Sangue em caudais, Tu por mil derramaste:
Pois Tu, com preço tal, sozinho me compraste.
Vida inocente dás, para não me perder:
Para comprar o morto, aceitas o morrer.
E em mim possas viver só e sempre em guarida,
Pois tua morte foi causa de minha vida!
E Cristo deixa o “próprio corpo” como novo alimento que deve acompanhar esse homem liberto do pecado no seu caminhar histórico:
O novo Rei do Céu dá na Ceia a seus povos
Com dadivosa mão estes manjares novos.
A nova Páscoa finda a do antigo cordeiro,
E cede à nova lei o código primeiro.
Ao real, cede a sombra, ao recente, a demora.
Foge rápida a noite ao ressurgir da aurora.
A Ressurreição e a Ascensão de Cristo são ainda fonte de mais misericórdia. Ele volta ao Pai e não abandona o homem para quem seu Sangue comprou a libertação.
Ele ficou na terra como “fonte de água viva”, alimento perene na caminhada, companhia constante na jornada:
Vais e ficas, deixando o maior dom terrestre.
Teu Corpo, ó Cristo, que é o penhor de que ama.
Ó verdadeiro amor, benigníssima chama,
Que és para os bons, Jesus, compaixão infinita!
São José de Anchieta, rogai pelo país que criastes, rogai por nós!