História da conversão das ilhas do noroeste europeu

Antes mesmo de São Patrício nascer, é aos Pontífices romanos, que a Grã-Bretanha, a Escócia e a Irlanda do Norte devem a conversão ao cristianismo e, consequentemente, as preciosas vantagens da vida presente e da vida futura.

Sem falarmos aqui do Papa São Gregório, o Grande, que pelo fim do sexto século da era cristã converteu a nação inglesa propriamente dita, por seu discípulo Santo Agostinho. Já no segundo século, o Santo rei Lúcio da Grã-Bretanha pedia missionários ao Papa Santo Eleutério, que lhe enviou alguns.

Na primeira metade do quinto século, um pelágio procurava espalhar sua heresia entre os bretões. Esses povos detestavam o erro. Acontece, porém, que não estavam bem instruídos para combatê-lo. Recorreram ao Papa e aos bispos dos gauleses.

O Papa São Celestino mandou como seu legado São Germano, bispo de Auxerre, que foi acompanhado de São Lobo, bispo de Troyes. Isso foi no ano de 429. Para firmar ainda mais a religião na Grã-Bretanha, o Papa São Celestino para lá enviou novamente o diácono que ordenara bispo dos escoceses, dos quais uma parte tinha transmigrado da Irlanda para o norte da Bretanha. E foi ele o primeiro bispo dessa nação, que até então era bárbara.

São Jerônimo afirma que não havia casamentos moralizados e que eles comiam carne humana. São Paládio para lá foi enviado como bispo, no ano de 435. É lembrado no dia 6 de Julho.

São Patrício prega aos irlandeses

O Papa São Celestino, ao sabê-lo morto, substituiu-o por São Patrício, que foi sagrado bispo e o enviou a pregar a fé na Irlanda, de onde os escoceses era originários. São Patrício tinha cerca de cinquenta e cinco anos, nascido que fora pelo ano de 377, na Escócia, circunscrição da cidade de Alclude, hoje Dunbritton.

Com a idade de 16 anos, foi levado prisioneiro para a Irlanda e lá ficou cinco ou seis anos, durante os quais aprendeu a língua e os costumes do país. Piratas o levaram para a Gália em 400, quando se retirou para um mosteiro, o de São Martinho, isto é, em Marmoutier, recebendo a tonsura monástica. Lá ficou três anos. Voltou para a Grã-Bretanha, depois passou para a Itália, onde dedicou sete anos à visita a mosteiros do país e das ilhas vizinhas. Todavia, acreditou ele ter recebido ordem de Deus, por revelações, para ir trabalhar na conversão dos irlandeses. Para lá se dirigiu; porém, em vão. Os bárbaros não quiseram ouvi-lo. Voltou para a Gália e passou cerca de sete anos perto de São Germano de Auxerre, retirando-se, em seguida, para a ilha de Arles, onde morou nove anos.

A conselho de São Germano, foi a Roma. Foi quando o Papa São Celestino o sagrou bispo e o mandou para a Irlanda, no ano de 432. Pregou o Evangelho e com muito êxito. Seu zelo foi confirmado pelos milagres de tal sorte que é tido como apóstolo da ilha.

Um ano depois, fundou o mosteiro de Sabal, perto da cidade de Doun e deixou-lhe como abade São Dunnius, seu discípulo. Fundou também a igreja de Armagh, a principal do país.  A vida de São Patrício era austera. Fez todas as viagens a pé, até a idade de cinquenta e cinco anos, ou seja, até se tornar bispo. Depois, os caminhos ruins da Irlanda o obrigaram a servir-se de uma carruagem. Foi ele que introduziu entre os irlandeses as letras, que não tinham, antes disso, outras obras públicas senão versos rimados, compostos por seus poetas que se relacionavam com sua história.

São Patrício foi ainda duas vezes a Roma, uma em 444 e outra em 445. Morreu pelo ano de 460, com a idade de oitenta anos.

Livro Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume V, p. 93 à 96.