Nascimento da Santa entre as santas

No dia 8 de setembro, a Santa Igreja celebra a natividade de Maria Santíssima.

Pela falta de documentos e registros, sabe-se muito pouco da data. Apenas alguns fatos de seus pais e alguns de sua possível entrada no Templo, já que, provavelmente, Nossa Senhora teria seguido o costume de sua época.

São Joaquim e Sant’Ana

São Joaquim e Sant’Ana eram um casal comum da antiga Israel.

São Joaquim era sacerdote, tal como Zacarias, o pai de São João Batista, e servia ao Senhor no altar.

Porém, mesmo após tantos anos casados, não haviam sido presenteados com um rebento. Tinha-se, então, na roda de convívio dos dois que Sant’Ana era estéril.

Como tal questão era vista como uma maldição ou um castigo pelos pecados dos dois, Sant’Ana sofria muito nas mãos de certas matronas que a julgavam.

São Joaquim, por sua vez, também era deixado de lado no Templo.

Os dois sofriam, mas continuavam a elevar suas orações ao Céu.

Como a vocação de ambos era gigantesca – afinal, gerariam a Rainha dos Céus, Aquela escolhida desde toda a eternidade para ser a Mãe de Deus –, a pressão dos sofrimentos se tornou tal que São Joaquim fugiu às montanhas, como que se pondo num regime de intensa penitência.

É que ele recebe uma mensagem do Arcanjo São Gabriel e, quando volta para casa, percebe que Sant’Ana também falara com o mensageiro celeste.

Como prometido, Sant’Ana engravida e começa a geração d’Aquela que um dia carregaria em seu ventre o próprio Deus, fazendo do casal os avós mais abençoados da História.

Entrada no Templo

Enquanto para os meninos de Israel o ritual era a circuncisão, para as meninas, após o nascimento, bastava a apresentação no Templo.

Nossa Senhora foi oferecida com a idade mínima (menos de dois anos) e depois, como era o costume, entraria aos sete anos para servir ao Senhor e receber sua formação.

Era no Templo que as jovens aprendiam os deveres domésticos e eram preparadas para casar quando atingissem a idade legal.

Imaginem Nossa Senhora menina, toda enfeitada com véus e joias, não só entendendo o significado da sua entrega, mas também o que cada símbolo ali queria dizer.

Lembremo-nos que Maria Santíssima nasceu sem pecado original, portanto, com uma intelecção perfeita, vontade ajustada e sentimentos bem controlados.

Isso não A isentava das dores da vida, mas significava que Ela tinha um suporte mental natural inteiramente alicerçado para enfrentá-las.

Outra coisa que sua imaculada conceição Lhe concedeu foi uma imensa fé e um convívio sobrenatural com os Anjos.

Na Bíblia está descrito que, quando o Arcanjo Gabriel Lhe apareceu para anunciar a Encarnação, Ela não teve medo dele, o que seria uma reação comum naquele tempo.

Para os hebreus, quem via um Anjo estava marcado para morrer. Como Nossa Senhora já estava acostumada à presença angélica, ver o mensageiro divino não Lhe alterou o semblante.

O que não sabemos e só podemos imaginar da natividade de Maria

Como terá sido o relacionamento da pequena Maria com seus pais? Com certeza algo tão sublime e tão carinhoso que sempre ficaremos aquém da realidade.

O desígnio divino pairava sobre Nossa Senhora, e seus pais sabiam que aquela criança tinha uma missão muito especial.

Terá sido revelado a eles que sua menina seria Mãe de Deus? Possivelmente não, porque eles teriam falado algo para sua santa filha.

Mais uma vez nos reportamos à Anunciação: ali, Nossa Senhora é pega desprevenida quando é convidada pelo Anjo a gerar o Filho de Deus.

E sua estadia no Templo, como terá sido? Com quem terá convivido? Quem terá sido a abençoada aia que Lhe ensinou as funções mais básicas, como costurar, cozinhar, cuidar do lar?

Quantos fatos não haverá ocultos para a humanidade, mas que os Anjos se revezavam para contemplar?

São Luís Maria Grignion de Montfort nos diz que uma maçaneta aberta por Maria tem mais valor que o sacrifício do diácono São Lourenço queimando na brasa pela sua fé, pois a intenção é a que mais conta diante do Senhor.

Se assim é, as ações de Nossa Senhora menina no Templo não merecem sublime veneração?

Com certeza, muitos dos milênios que passaremos no Céu, se Deus nos conceder a entrada, serão usados para revisitar a idade de mocinha de Nossa Senhora.

Que neste dia da natividade da Mãe de Deus possamos ser cada vez mais fiéis Àquela que é o exemplo de fidelidade na História.

Sejamos também daqueles que dizem “sim” a Deus, sem se perturbar, e que a proteção da Rainha do Céu seja-nos concedida, sobretudo quando não a merecermos por nossas faltas.