Os povos pré-hispânicos do México transmitiam e conservavam a memória da sua história de geração em geração através de canções e poemas que foram transcritos pelos números e símbolos hieroglíficos. Rudes fibras de cactos, algodão, couros ou cascas de árvore. Estes são chamados de “códices”.
Por sua parte, os historiadores são unânimes em afirmar que a figura de Nossa Senhora de Guadalupe ou impresso na tilman ayate, poncho típico dos povos indígenas do México, cujo proprietário era São João Diego, está repleta de figuras simbólicas. Característica que torna ainda mais exclusivo, porque foi destinado a pessoas que se comunicavam precisamente através de imagens e símbolos.
Na opinião indígena, a estampa da “Mãe de Deus” não era apenas um retrato bonito e extraordinário, como o foi para os missionários e conquistadores, mas era uma mensagem ou um “códice” vindo dos Céus.
Através desta demonstração sobrenatural, Nossa Senhora de Guadalupe expressou sua afeição – por todas aquelas pessoas –, sua bondade e misericórdia sem limites e uma suavidade que até então os indígenas nunca tinham provado.
Analisemos alguns destes símbolos presentes na imagem de Nossa Senhora de Guadalupe.
O cinto e o resplendor
Nossa Senhora de Guadalupe é apresentada com um cinto que não está localizado em sua cintura, mas acima. Foi o sinal para os indígenas de que estava grávida.
A quem dará à luz? Ao Sol resplandecente.
O grande resplendor que Nossa Senhora tem por trás d’Ela, e que saía d’Ela, é o Sol. Para os habitantes do México, esse astro é um símbolo da divindade. Logo, a Senhora da figura não era outra senão a Mãe de Deus.
Data da aparição
Existe um fato significativo, ligado ao símbolo do Sol, e está relacionado com o chamado solstício de inverno. Em todo o hemisfério sul, ocorre em 22 de junho.
Por causa da inclinação do eixo da Terra, o Sol atinge o seu máximo de distância do equador. É o início do inverno e também o dia mais tarde, quando o Sol nasce e se põe mais tarde. Por essa razão, aliás, é o dia mais curto e a noite mais longa do ano.
No hemisfério norte, onde fica localizado o México, neste inverno, o solstício ocorre em 22 de dezembro.
Desde tempos imemoriais, os povos pagãos acreditavam que a data era a mais importante do ano, pelo simbolismo do Sol que, depois de se pôr, volta a crescer.
Os povos pré-colombianos do México, muito conhecedores da astronomia, tinham naquele dia a mais alta consideração religiosa, era o dia em que o Sol moribundo recobrava vigor, era o retorno à vida, era o surgimento da luz, a vitória sobre as trevas.
A aparição de Nossa Senhora de Guadalupe se deu exatamente nessa ocasião. Embora registrado como ocorrida em 12 de dezembro (e por respeito à tradição, é a data que se mantém até hoje), foi um erro do calendário juliano então em vigor, tendo sido corrigido mais tarde.
Para reforçar a impressão que causou, ao mesmo tempo, o famoso cometa Halley’s atingiu o seu zênite nos céus mexicanos.
Seu manto de estrelas
De acordo com estudos recentes que podem ser comprovados com precisão admirável, no manto de Nossa Senhora estão representadas as mais brilhantes estrelas das principais constelações visíveis no Vale de Anahuac – atual cidade do México – no dia da aparição. Foi mais uma prova aos indígenas de que a Senhora vinha do Céu.
A flor de quatro pétalas
Se tivermos um olhar para o manto de Nossa Senhora, abaixo da cintura, devemos ver uma pequena flor de quatro pétalas. Esta flor é nahui-hollin, de grande importância na perspectiva indígena do universo.
Ela representa a antiga cidade de Tenochtitlán, a capital asteca, e em particular a colina do Tepeyac, onde se deu a aparição de Nossa Senhora. Também representa a plenitude da presença de Deus. Era outra indicação de que a Senhora, com o manto de estrelas, levava em seu puríssimo seio o Deus único e verdadeiro.
O resto das flores e figuras impressas em suas vestes não estão ali ao acaso. Correspondem às diferenças geográficas do México, que os indígenas interpretavam à perfeição.
O cabelo
Nossa Senhora traz o cabelo solto que, entre todos os astecas, era um sinal de virgindade. Portanto, a prova de que a Senhora é Virgem e Mãe.
O rosto
Por fim, Nossa Senhora quis mostrar-Se com traços mestiços, rosto moreno e ovalado, dizendo que Ela quer ser a Mãe amorosa de todos os habitantes da América.
Muitos outros símbolos podem ser vistos na extraordinária figura de Nossa Senhora de Guadalupe, e nenhuma delas é aleatória, porque tudo isso está em um altíssimo nível de sabedoria.
Por outro lado, existe uma infinidade de belezas que a Virgem oculta, que a ciência, com todos os seus avanços tecnológicos, não consegue explicar.
Por exemplo, o fenômeno das pupilas, no qual se distinguem, com lupa, minúsculas figuras humanas. A durabilidade inexplicável do rude manto, que nem mesmo o ácido sulfúrico, caído por acidente, conseguiu destruir. O modo misterioso como foi impressa a figura de Nossa Senhora e outros aspectos que brevemente abordaremos.
São as maravilhas da “sempre Virgem Maria, Mãe do verdadeiro Deus”, como Ela mesma Se definiu quando falou pela primeira vez com São João Diego.