Hoje tenho a alegria de me encontrar pela primeira vez convosco, queridos membros e consultores do Pontifício Conselho para os Leigos, que vos reunistes para a Assembleia Plenária.

O vosso Pontifício Conselho tem a peculiaridade de contar entre os seus membros e consultores, ao lado dos Cardeais, Bispos, sacerdotes e religiosos, uma maioria de fiéis leigos, provenientes de diversos continentes e países, e das mais variadas experiências apostólicas.

Saúdo-vos com afeto e agradeço-vos pelo serviço que prestais à Sé de Pedro e à Igreja difundida em todas as partes do mundo.

A minha saudação dirige-se de modo especial ao Presidente, Dom Stanislaw Rylko, ao qual agradeço as gentis e devotadas palavras, ao Secretário, Dom Josef Clemens, assim como a quantos quotidianamente trabalham no vosso Conselho.

Crescente importância desse Dicastério

Durante os anos do meu serviço à Cúria Romana, tive ocasião de me dar conta da crescente importância assumida pelo Pontifício Conselho para os Leigos na Igreja; importância que vejo ainda mais desde quando o Senhor me chamou a suceder ao Servo de Deus João Paulo II na direção de todo o povo cristão, porque vejo mais diretamente o trabalho que desempenhais.

De fato, tive ocasião de presidir a encontros de indiscutível importância eclesial promovidos pelo vosso Conselho: a Jornada Mundial da Juventude, realizada em Colônia no mês de agosto do ano passado, e o Encontro ocorrido na Praça de São Pedro, na Vigília de Pentecostes deste ano, com a presença de mais de cem Movimentos Eclesiais e Novas Comunidades.

Penso também no primeiro Congresso Latino-Americano dos Movimentos Eclesiais e das Novas Comunidades, que o vosso Pontifício Conselho organizou em colaboração com o CELAM, em Bogotá, de 9 a 12 de março deste ano, com vistas à 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano.

A comunidade cristã deve ser acolhedora e solidária

Depois de ter examinado na Assembleia Plenária anterior a natureza teológica e pastoral da comunidade paroquial, enfrentais agora a questão sob um ponto de vista prático, procurando elementos úteis para favorecer uma autêntica renovação pastoral.

De fato, o tema do vosso encontro é: “A paróquia reencontrada. Percursos de renovação”.

Com efeito, o aspecto teológico pastoral e o prático não podem ser separados, se se quer ter acesso ao mistério de comunhão do qual a paróquia está, cada vez mais, chamada a ser sinal e instrumento de concretização.

O Evangelista Lucas indica-nos os critérios fundamentais para uma reta compreensão da natureza da comunidade cristã – portanto, também de toda paróquia –, no ponto dos Atos dos Apóstolos em que descreve a primeira comunidade de Jerusalém perseverante na escuta do ensinamento dos Apóstolos, na união fraterna, na “fração do pão e nas orações”; uma comunidade acolhedora e solidária a ponto de pôr tudo em comum (cf. 2, 42; 4, 32-35).

A paróquia se “reencontra” no encontro com Cristo

A paróquia poderá reviver essa experiência e crescer no entendimento e na união fraterna se rezar incessantemente e permanecer à escuta da Palavra de Deus, de modo especial se participar com fé na celebração da Eucaristia presidida pelo sacerdote.

A este propósito, o amado João Paulo II escreveu na sua última Encíclica, Ecclesia de Eucharistia: “A paróquia é uma comunidade de batizados que exprimem e afirmam a sua identidade, sobretudo, pela celebração do Sacrifício Eucarístico” (n. 32).

Portanto, a desejada renovação da paróquia não pode surgir só de oportunas iniciativas pastorais, mesmo sendo úteis, nem muito menos de programas elaborados no papel. Inspirando-se no modelo apostólico, como aparece nos Atos dos Apóstolos, a paróquia “reencontra-se” a si mesma no encontro com Cristo, especialmente na Eucaristia.

Alimentada pelo Pão Eucarístico, ela cresce na comunhão católica, caminha em plena fidelidade ao Magistério e está sempre atenta para acolher e discernir os diversos carismas que o Senhor suscita no povo de Deus.

Da união constante com Cristo, a paróquia tira vigor para se comprometer depois sem cessar no serviço aos irmãos, particularmente aos pobres, para os quais ela é de fato a primeira referência.

Tornar-se cada vez mais consciente da própria missão

Amados irmãos e irmãs, ao expressar-vos o profundo apreço pela atividade de animação e de serviço que desempenhais, desejo de coração que os trabalhos da Assembleia Plenária contribuam para que os fiéis leigos se tornem cada vez mais conscientes da sua missão na Igreja, em particular no âmbito da comunidade paroquial, que é uma “família” de famílias cristãs.

Para esta finalidade, asseguro-vos uma recordação constante na oração e, invocando sobre cada um a maternal proteção de Maria, concedo de bom grado minha bênção a todos vós, aos vossos familiares e às comunidades a que pertenceis.