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Tesouros da Igreja


Um exército para depois da morte
 
AUTOR: IR. GUSTAVO ADOLFO KRALJ
 
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Em seu silêncio milenar e misterioso, os 7 mil guerreiros de terracota do imperador Qin Shi Huang parecem sugerir-nos que, ante a inexorável chegada da morte e do Juízo de Deus, de nada vale o mais poderoso dos exércitos.

Em 1974, as férteis terras de Xi’an, na China, revelaram ao mundo um espetacular segredo guardado por mais de dois milênios: quando cavavam um poço de irrigação, alguns camponeses descobriram uma misteriosa cabeça belamente trabalhada em cerâmica. Escavações feitas nos meses consecutivos trouxeram à tona, um após outro, numerosos soldados de terracota minuciosamente talhados, dispostos em perfeita ordem de batalha.

01.jpgOs atônitos arqueólogos constataram que se tratava de uma “força militar” composta de vários milhares de estátuas, criada para servir de guarda ao fundador do Império Chinês… no outro mundo!

Um imperador insaciável de poder e de glória

Narram as crônicas que o imperador Qin Shi Huang subiu ao poder em 246 a.C., com apenas 13 anos de idade. Qin passou o resto de sua vida em combates, empenhado em unificar boa parte do que constitui a China atual. Senhor da guerra, estrategista inflexível e cruel, esmagou com suas tropas os exércitos de seis países adversários. Administrador eficiente e capaz, padronizou moedas, pesos e medidas, construiu incontáveis estradas e chegou inclusive a idealizar o primeiro esboço da Grande Muralha da China.

Entretanto, insatisfeito com suas magníficas realizações, Qin desejava mais ainda: construir um segundo império… para depois de sua morte. Preparou para isso cuidadosamente, durante anos, tudo quando deveria acompanhá-lo em sua viagem para a eternidade.02.jpg

Assim, seu túmulo foi guardado por uma das mais belicosas “cortes” da História, composta de 7 mil guerreiros e súditos: generais, arqueiros, soldados de infantaria e cavalaria, músicos, dançarinos, magistrados e até acrobatas… todos modelados em terracota.

Para formar essa multidão, foram necessários 36 anos e um contingente de 700 mil trabalhadores, pois os traços da fisionomia, do penteado e das vestimentas de cada indivíduo foram reproduzidos com tal exatidão que parece não haver duas figuras iguais nesse exército de terracota. É uma diversidade tal que surpreende e maravilha os arqueólogos.

Inanidade das coisas deste mundo

Em seus perenes ensinamentos, o Livro do Eclesiastes contém algumas das mais belas e sábias páginas já escritas sobre a inanidade das coisas deste mundo e os ilusórios frutos do esforço humano.

Vanitas vanitatum, dixit Ecclesiastes, vanitas vanitatum et omnia vanitas (Vaidade das vaidades, diz o Eclesiastes, vaidade das vaidades! Tudo é vaidade), lê-se já nas primeiras linhas desse Livro (Ecl 1, 2). Pois ante o irresistível avanço do tempo, que são os prazeres, as propriedades, as riquezas, os títulos, as dignidades e as honrarias? Por si sós, eles não passam de terra e poeira, estultice e loucura, destinadas a perecer nos escuros domínios do olvido e da morte.

Ante a soberana e majestosa figura da eternidade, prestígio e poderes terrenos, fama e glórias humanas, evaporam-se fugazes, tal como a névoa matutina se esvanece sob os raios do sol. Sic transit gloria mundi (Assim passa a glória do mundo), sentenciavam os antigos.

Uma maquete da exposição mostra como era modelado cada um dos guerreiros

Em seu silêncio milenar e misterioso, o imperador Qin Shi Huang e seus 7 mil guerreiros de terracota parecem sugerir-nos que, ante a inexorável chegada da morte e do Juízo de Deus, de nada vale o mais poderoso dos exércitos…

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A convite do National Geographic Museum, de Washington (EUA), os enviados da Revista Arautos do Evangelho compareceram à abertura da exposição que recebeu o sugestivo título de Guerreiros de terracota: guardiões do Primeiro Imperador da China. Inaugurada em novembro, ela permanecerá aberta até março próximo, apresentando aos visitantes objetos do Mausoléu de Qin, além de quinze dos afamados guerreiros que, integrantes de um exército formado para depois da morte, constituem uma das mais importantes descobertas arqueológicas do século XX.

(Revista Arautos do Evangelho, Fevereiro/2010, n. 81, p. 50 – 51)

 
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