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Palavra dos Pastores


Olhar em frente, construir um futuro solidário!
 
AUTOR: REDAÇÃO
 
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Perante o temporal que açoitou a Madeira, é difícil achar palavras mais cheias de conforto e esperança do que as dirigidas aos seus fiéis pelo Bispo do Funchal, D. António Carrilho.

D. Antnio Carrilho.JPGColoca-se aqui a questão da fé e da providência divina, perante as dificuldades da vida e situações de maior sofrimento. Nestes momentos, quem não desejaria a intervenção miraculosa de Deus, como resposta direta aos problemas pessoais e sociais? O milagre é possível, mas constitui sempre algo de extraordinário e aponta, como sinal, para uma mensagem de salvação. Normalmente, Deus respeita as leis da natureza, que Ele próprio estabeleceu, e com elas ofereceu ao Homem, na sua liberdade responsável, as imensas possibilidades do desenvolvimento da Ciência e da Técnica.

A fé supera o desespero e a revolta

A fé coloca-nos no seguimento de Jesus, na escuta da Sua Palavra e no ideal de vida que Ele testemunhou. É este, afinal, o ensinamento do santo tempo da Quaresma, que estamos a viver, em toda a Igreja: convidados a uma atitude de profunda conversão a Deus e ao próximo, caminhamos para a grande celebração do mistério pascal de Jesus, que é sofrimento, paixão, morte e ressurreição! Como nos adverte o Concílio Vaticano II, Jesus podia ter cumprido plenamente a Sua missão de outro modo, sem a cruz fê-lo assim para tocar o sofrimento e a morte, aquilo que é mais difícil aceitar e assumir na vida do Homem, dando-lhe, porém, um sentido de vida e de esperança, na perspectiva da Sua gloriosa Ressurreição! […]

A fé vivida, assim, no seguimento de Cristo, supera o desespero e a revolta, e leva-nos a assumir a vida toda em referência a Ele: as alegrias e as tristezas, as facilidades e as dificuldades, o sofrimento e a própria morte. A fé será sempre uma força interior, a força de Deus em nós, que nos ajuda a aceitar e oferecer a vida tal como ela se nos apresenta. Da fé brota a esperança e a exigência do amor-caridade, o mandamento novo que Jesus nos deixou: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei” (Jo 13,34), isto é, dando a vida uns pelos outros.

Grande o sofrimento, maior a esperança

Irmãos e amigos, considerando as razões que aqui nos congregaram nesta tarde, eu quero dizer-vos: se é grande o sofrimento do nosso povo, seja maior a força da nossa esperança! Rezamos por aqueles que faleceram e pelos seus familiares; pedimos, também, a Deus o ânimo e a coragem para todos quantos, com determinação, se empenham na reconstrução das suas vidas e na restituição, às zonas mais afetadas da nossa Ilha, da sua reconhecida e tão apreciada beleza.

É hora de olhar em frente e reconstruir o futuro; é hora de conservar e desenvolver o espírito de solidariedade, atenção mútua, união e entreajuda fraterna, para que perdurem e não esmoreçam os sentimentos e valores, agora aflorados e estimulados. É hora de reavivar, aprofundar e esclarecer a fé cristã, tão profundamente arreigada na alma e na cultura do nosso povo madeirense, sentindo que não caminhamos sós, pois estamos seguros da presença de Jesus e da proteção maternal de Maria, de tão grande devoção entre nós.

Como se dizia na primeira leitura (cf. Ap 21, 1-5), Deus veio habitar com os homens: Ele enxugará as lágrimas do Seu povo, vem renovar todas as coisas e, por isso, possamos também nós antever, como S. João, “um novo céu e uma nova terra” (21,1), que juntos, com Cristo, queremos construir!

(Excertos da Homilia de D. António Carrilho dia 28 de Fevereiro p.p.) – (Revista Arautos do Evangelho, Abril/2010, n. 100, p. 45)

 
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