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Contos Infantis


Uma muralha de neve
 
AUTOR: MARIA TEREZA DOS SANTOS LUBIÁN, EP
 
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As tropas se aproximavam da matriz e já se ouvia o alarido dos homens de guerra. Mas, de repente, uma forte ventania faz mudar o rumo dos acontecimentos...

Buuummm!!! Pam!!! Pam!!! Pam!!! Buuummm!!!…

– Meu Deus! Será o fim do mundo?!

Martim levantou-se assustado e correu para a sacada de seu quarto, a fim de verificar de onde vinha tal estrondo, ainda tão cedo. Lá chegando, percebeu que não fora o único a ouvi-lo, pois a vizinhança inteira fizera o mesmo… Que IMG1...jpgacontecera?! Haviam sido despertados por uma forte descarga de artilharia que, ao alvorecer, anunciava uma terrível batalha. A guerra se aproximava do povoado!

Nas regiões vizinhas a aflição era geral. Por todos os cantos havia destruições, mortes e calamidades. Não poucos se desesperavam diante de tão grandes catástrofes; outros, porém, se afervoravam e imploravam o auxílio de Deus.

Entre estes estão Martim e muitos habitantes daquela cidadezinha, no centro da Europa: assim que sentiram a guerra se aproximar, foram suplicar graças especiais de proteção e amparo na matriz dedicada ao Sagrado Coração de Jesus. A cada dia acorria mais gente à Santa Missa, para adorar a Jesus Eucarístico. O pároco, padre Luís, aproveitava para estimular os fiéis a não desanimarem em face das dificuldades e a não se afastarem da Igreja e dos Sacramentos, por piores que fossem as circunstâncias que lhes adviessem. Suas palavras tinham tanta unção, que muitos eram os que, desejando estar em paz com Deus, pediam a Confissão.

A guerra foi se agravando. As notícias não eram nada favoráveis. O povo soube que a cidade havia sido designada como rota das mobilizações militares e via que, sem uma intervenção do Céu, muitos desastres poderiam acontecer com a passagem da infantaria inimiga… Ante tão preocupante perspectiva, a piedade de todos não esmorecia, mas, ao contrário, crescia mais! E, apesar do forte frio, os paroquianos não deixavam de frequentar a matriz.

Como agir para evitar a catástrofe iminente? Sobretudo, como zelar para que, no afã da guerra, o edifício sagrado não fosse destruído por alguma bomba ou fossem profanados o Santíssimo ou a majestosa imagem do Sagrado Coração de Jesus?

No domingo, o padre Luís pediu um sinal a Deus para saber como agir. Qual não foi sua surpresa ao abrir o Breviário, a esmo, e ler: “Se os inimigos se acamparem contra mim, não temerá meu coração; se contra mim uma batalha estourar, mesmo assim confiarei. […] Pois um abrigo me dará sob seu teto nos dias da desgraça; no interior de sua tenda há de esconder-me e proteger-me sobre a rocha” (Sl 26, 3.5). Tomado de consolação, discerniu a vontade divina e, no fim do sermão da Missa matutina, comunicou à assembleia a inspiração que tivera: que todos se refugiassem na matriz.

Embora a chegada do exército invasor fosse esperada para o dia seguinte, as palavras do pároco trouxeram muita confiança e alegria. Martim e alguns dos fiéis mais fervorosos decidiram passar a noite no templo, em vigília. Os demais para lá se dirigiram ao raiar da aurora. A igreja estava tão repleta que as portas foram fechadas com muita dificuldade… O que lhes aguardava? Ninguém o sabia!

As horas iam passando e o silêncio inundava o ambiente. E só foi interrompido pelo pequeno João, o mais novo dos coroinhas, filho de Martim:

– Padre Luís, por que não fazermos as Quarenta Horas de Adoração a Jesus Eucarístico? Aprendemos na catequese que todas as intenções postas nesta devoção, por mais impossíveis que pareçam, são obtidas!

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Sem titubear, o sacerdote iniciou, com
toda a solenidade, a vigília das
Quarenta Horas

Ninguém duvidou que o menino era mais um instrumento da inspiração celeste. Sem titubear, o sacerdote iniciou, com toda a solenidade, a vigília das Quarenta Horas, segundo o cerimonial prescrito para a ocasião. O entusiasmo era geral. Unidos em oração, aos pés do Coração Eucarístico de Jesus, pediam um milagre: a preservação da matriz e da cidade.

Após algumas horas, ouviu-se ao longe o tropel dos soldados que avançavam. Imediatamente o padre Luís montou um plano de ação, para que nada os colhesse desprevenidos. Dividiu as pessoas em grupos: os homens deveriam guarnecer as portas; as senhoras zelariam pela imagem do Coração de Jesus; os mais velhos permaneceriam nos seus lugares rezando; enquanto ele mesmo ficaria perto do Santíssimo, para protegê-Lo. Todas as crianças resolveram se reunir detrás do sacerdote, a fim de darem suas vidas para defender Jesus-Hóstia, caso fosse necessário.

O barulho das tropas se aproximava e já se ouvia o alarido dos homens de guerra. Todos rezavam o Rosário com maior fervor e alguns se preparavam para a morte… De repente, começou uma forte ventania e ouviu-se uma gritaria geral entre os soldados, que se debandaram espavoridos. O vento soprou com violência por um bom tempo, até que reinou o silêncio em torno da igreja e a cidade parecia deserta…

Os mais corajosos foram até a porta principal do templo e a abriram. Oh, maravilha! Uma imensa muralha de neve protegia a matriz e obstruía o acesso à cidade. Os mais jovens subiram ao campanário e viram a sua extensão: era enorme! Compreenderam, então, que Deus enviara uma tempestade de neve tão forte que havia levantado aquela inusitada barreira, impedindo o avanço dos inimigos! Entre cânticos de louvor ao Santíssimo Sacramento, agradeciam a Deus seu auxílio. O padre Luís tomou a palavra e exortou-os a nunca duvidarem do socorro divino, e a crescerem na devoção a Jesus Sacramentado e ao Santo Rosário!

Assim, completaram as Quarenta Horas de Adoração e, para encerrá-las, foi celebrada uma solene Missa, em ação de graças. (Revista Arautos do Evangelho, Julho/2014, n. 151, p. 46-47)

 
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