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Palavra dos Pastores


Ser católico faz parte do êxito
 
AUTOR: DIÁC. RICARDO JOSÉ BASSO, EP
 
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O "ranking" das melhores escolas no Brasil elaborado pelo ENEM foi liderado nos últimos anos pelo Colégio São Bento, do Rio de Janeiro. Seu Reitor, Dom Tadeu de Albuquerque Lopes, explica aos nossos leitores o segredo para alcançar esses resultados.

Conversa com o Reitor do Colégio São Bento

Diác. Ricardo José Basso, EP

O Mosteiro de São Bento no Rio de Janeiro, com a harmonia e beleza das suas proporções arquitetônicas, com as espessas paredes e largas janelas, fala mais de oração e recolhimento do que o movimentado ambiente de um colégio. Entretanto, foi às suas portas que batemos à procura de quem dirige uma das mais laureadas instituições acadêmicas do Brasil: Dom Tadeu de Albuquerque Lopes, Reitor do Colégio São Bento.

Um engenheiro que se fez frade

Não sentindo a vocação religiosa na infância, nem na sua primeira juventude, o comunicativo monge que nos atende comMosteiro SAO BENTO....jpg acolhedor sorriso formou-se em engenharia civil no Rio de Janeiro e, durante cinco anos, percorreu várias regiões do Brasil, dirigindo a construção de estradas e de pontes.

Certo dia, visitando um colega de infância no Rio, este o convidou para uma Missa especial no Mosteiro de São Bento. O então Dr. Tadeu aceitou e, não só assistiu à Celebração Eucarística, mas passou grande parte do dia no mosteiro, analisando o contraste entre sua agitada vida de acampamentos de obras e a serenidade daqueles claustros tão propícios à meditação e à oração…

Poucos meses depois, a Ordem Beneditina recebia de braços abertos um postulante de 28 anos de idade.

Continuidade e estabilidade

Agora, Dom Tadeu está à frente de uma instituição que tem excepcional nível de aprovação de seus alunos nos exames vestibulares das mais disputadas faculdades: 92% passam diretamente do colégio para a universidade, sem necessidade de cursinho pré-vestibular.

Na opinião do Reitor isto se deve em boa medida à continuidade e estabilidade da instituição. “O colégio – explica – fez 150 anos no ano passado. Ele foi formalmente constituído em 1858. Faz parte da história da cidade!”.

A atual estrutura do corpo docente é fator importante do sucesso obtido: “Além da vasta experiência, a maioria dos professores tem mestrado ou doutorado. E em razão do bom entrosamento com a direção, há uma saudável estabilidade no quadro docente: cerca de 70% dos professores do Ensino Médio, lecionam no São Bento há mais de dez anos, e vários há mais de vinte”.

Ser um colégio católico faz parte do êxito

Evidencia-se na classificação do último ENEM a projeção do ensino religioso no Brasil. Entre as 10 primeiras colocadas estão 4 escolas católicas: São Bento (RJ), Santo Antônio (BH), Santo Inácio (RJ) e Santo Agostinho (RJ). Esta constatação levou- nos a perguntar a Dom Tadeu o que aconteceria se o São Bento tivesse a mesma equipe e estrutura, mas não fosse um colégio religioso.

“Realmente esses dados chamam a atenção. São um enaltecimento para os estabelecimentos de ensino católicos. Fico pensando se não estou sendo levado pelo entusiasmo de nossa catolicidade, mas a minha resposta é não, o resultado não seria o mesmo.

“O fato de ser colégio católico tem parte no êxito alcançado porque, além da parte acadêmica, a parte religiosa traz um fundo humano em que entra a imagem de Deus de uma forma benéfica, autêntica, na maneira de tratar as pessoas”.

Um exemplo deste espírito. “O antigo reitor – Dom Lourenço de Almeida Prado – dizia que ninguém que tivesse capacidade deixaria de estudar no São Bento por falta de dinheiro. Hoje, infelizmente por causa das circunstâncias e dos custos, não somos capazes de cumprir e arcar com tudo quanto gostaríamos”. Mesmo assim, 15% a 20% dos alunos têm bolsas de estudo.

Projeto pedagógico alicerçado na Regra de São Bento

O Projeto Pedagógico do Colégio tem como alicerce a Regra de São Bento, da qual decorrem cinco princípios: reciprocidade, esperança, perfectibilidade, responsabilidade e zelo. Todos eles convergem para a formação de pessoas capazes de pensar, de responder aos desafios e de estar aptas a  fazer uma escolha para a vocação e profissão que pretendam seguir. A preocupação está na formação do aluno enquanto pessoa e não no mercado de trabalho.

“Nós priorizamos a parte humana, mas uma parte humana que leva a peito que nossos alunos precisam ter, junto com a instrução escolar e a formação religiosa, capacidade de assumir posições na vida, na sociedade, na Igreja, em tudo. Busca-se uma habilitação plena” – enfatiza ele.

Tratando-se de instituição religiosa com larga maioria de católicos, o atendimento espiritual à comunidade não poderia ficar alheio aos cuidados da direção do Colégio. “Duas vezes por ano, temos com os docentes um dia de recolhimento, de retiro, para abordar assuntos relativos ao desenvolvimento da Fé. Há uma Missa especial para eles, almoçam aqui, ouvem palestras”, informa Dom Tadeu.

Também para os alunos se realizam, algumas vezes ao ano, dias de retiro, com boa participação dos jovens.

Exigência e disciplina como prolongamento da família

Chegou a hora de fazer a Dom Tadeu uma pergunta difícil: O Colégio é muito exigente? Sorrindo e com voz plácida, ele não hesita em afirmar: “Sim. O São Bento é muito exigente”.

Mas a exigência, explica, não é uma camisa de força, e sim uma ferramenta que auxiliará o aluno no futuro a refletir naquilo que ele é capaz, ou não, diante das dificuldades da vida.

Para matricular-se neste colégio é preciso passar por “um exame de suficiência acadêmica”, explica o Reitor. E cada vaga é disputada por três candidatos ou mais.

Vale salientar que o São Bento é colégio apenas mascu

Dom Tadeu de Albuquerque.jpg
“Se o São Bento não fosse um colégio
religioso, o resultado não seria o mesmo”

lino, o que ajuda os alunos a se concentrarem mais nos estudos, segundo Dom Tadeu.

Ao longo do ano letivo, há cinco avaliações de aproveitamento. E a direção tem por norma prevenir os pais do estudante cujo progresso se revela insuficiente, o que os leva a se engajarem no esforço comum em benefício do filho.

Neste sentido é “importantíssima, importantíssima!” a participação da família, continua ele. “Certamente é o envolvimento dos pais um dos fatores determinantes para o bom resultado acadêmico que temos”.

Para Dom Tadeu, tanto os pais como os filhos veem a escola como uma extensão da família, relação que perdura depois como ex-alunos. Por sinal, muitos dos alunos são filhos e netos de pessoas que estudaram ali.

Equilíbrio entre afetividade e racionalidade

Nossa conversa chega ao fim. Comentamos com Dom Tadeu que a educação no século XX enfatizou excessivamente a mera transmissão de conhecimentos. Hoje há a preocupação em procurar um equilíbrio entre racionalidade e afetividade, em vista de uma formação holística do jovem. Trata-se de prepará-lo para a vida, e não apenas para um vestibular.

Dom Tadeu concorda e acrescenta ser o apertado da agenda acadêmica uma das principais dificuldades que encontra enquanto Reitor, pois “gostaria de dispor de todo o tempo que fosse necessário para cada um dos que estão aqui. Não só os alunos, mas com todos aqui. E não sobra tempo para poder falar com todos. E isto me custa!”.

É essa educação de cunho cristão, ao mesmo tempo exigente e próxima do aluno, centrada no indivíduo e não no mero conhecimento, que vem produzindo tão admiráveis resultados neste colégio. Um belo exemplo a imitar!

(Revista Arautos do Evangelho, Out/2009, n. 94, p. 38-39)

 
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