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O ofício das trevas: uma oração que faz uso espiritual da escuridão
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 17/04/2014
 
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Redação (Quinta-feira, 16-04-2014, Gaudium Press) Na Quinta-feira Santa, Sexta-feira Santa e Sábado de Aleluia a liturgia da Igreja incluía uma celebração especial ao cair da tarde. O templo era iluminado à luz das velas dispostas no “tenebrarium”, um candelabro especial de 15 velas que representavam aos 11 apóstolos (sem Judas Iscariotes), a Santíssima Virgem e as três mulheres também chamadas Maria (Madalena, de Cleófas e Salomé). A medida que os salmos eram rezados se apagavam uma a uma as luzes e, ao final, só se conservava um círio aceso, símbolo da morte de Jesus. “Era uma cerimônia muito impactante em sua simplicidade”, afirma em seu blog pessoal o sacerdote espanhol José Antonio Fortea.

Segundo a plataforma Aleteia, a história do Ofício das Trevas remonta ao século V, e estava vinculado ao canto do Miserere, ao qual seguia o ruído das matracas e outros instrumentos similares por parte dos fiéis, que cessava quando o sacerdote ascendia uma lâmpada atrás do altar, símbolo da sepultura de Cristo e a espera da ressurreição. O ruído ensurdecedor representava o terremoto e demais sinais da natureza que seguiram a Crucifixão segundo os relatos evangélicos.

Orar com a escuridão

O Ofício das Trevas incluía os elementos tradicionais da Liturgia das Horas: salmos, antífonas e responsórios, omitindo qualquer cântico e destacando os conteúdos fúnebres e de lamento, com o altar desnudo e as imagens cobertas. Ao finalizar não se dava a bênção nem havia rito de despedida. “A escuridão, que pouco a pouco se apoderava do espaço, era símbolo do triunfo das trevas, triunfo momentâneo”, descreve o Padre Fortea. “As trevas eram tangíveis, não saía uma palavra dos lábios do sacerdote”.

“Deste apagão progressivo das luzes até a plena escuridão vem que na Vigília Pascal, o templo se encontre nas trevas ao iniciar a celebração”, recorda o jornalista Enrique Chuvieco, “que paulatinamente irá compartilhando o novo fogo de Cristo Ressuscitado, representado no paulatino acendimento de velas por parte dos fiéis congregados até iluminar por completo o templo”.

Possíveis aplicações atuais

O Ofício das Trevas já não faz parte da Liturgia da Semana Santa, mas alguns dos seus símbolos podem ser adaptados para ajudar na oração nos dias santos. Em alguns lugares, alguns momentos de oração que fazem uso de tenebrarium como ajuda pastoral se realizam a Quarta-feira Santa para não interferir com as celebrações litúrgicas do Tríduo Pascal. Um desses usos é proposto pelo Padre Fortea para permitir que as pessoas que desejam permaneçam em oração no templo quando conclui a Liturgia.

“Ali, nesse momento em que as pessoas saem e a igreja fica quase sozinha, é quando entra em jogo o tenebrário de uma mais maneira especial”, sugere o sacerdote. “Seria poeticamente precioso ver a igreja quase vazia, com pouca gente orando, isolada nos bancos, e com o tenebrarium no centro luzindo”. Se se permite que as velas vão sendo apagadas por si mesmas (por exemplo, se elas têm comprimentos diferentes), poderia converter-se em uma ajuda valiosa para fomentar uma hora de oração. “Tudo isso, explicado ao povo fiel, sem dúvida seria um incentivo para ficar em oração. E para todos (inclusive aqueles que não permaneceram na igreja após o ofício), seria um belíssimo sinal carregado de poesia”, conclui o presbítero. (GPE/EPC)

 
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