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Viver para essas comunicações especiais de Deus – os “Flashes”
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 04/11/2014
 
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Redação (Segunda-feira, 03-11-2014, Gaudium Press) Já está liquidada a antiga polêmica, quando se discutia sobre a primazia da ascética ou da mística, em uma espécie de luta irreconciliável entre dois contrários.

Viver para essas comunicações especiais de Deus _ os _Flashes_ 1.jpg

Já sabemos também que a essência da mística cristã é a ação dos dons do Espírito Santo na alma1, e em certos fenômenos extraordinários como por exemplo os maravilhosos êxtases de Santa Teresa de Jesus, a quem gloriosamente comemoramos por estes dias no V Centenário de seu nascimento. Místico tem que ser todo cristão, e não somente São João da Cruz e congêneres, pois o Espírito Santo tem que fazer sua obra em toda alma que deseje ser salva.

Nestes âmbitos, subscrevemos inteiramente as teses do Padre Arintero, quando diz que a ascética -quer dizer e a ‘grosso modo’, o esforço pessoal ainda que auxiliado pela graça para praticar a virtude e lutar contra o pecado e os vícios- deve estar subordinada à mística, pois a primeira “não se basta por si só nem basta para levar-nos à perfeição, a que todos devemos tender, mas que se ordena a dispor-nos para encontrar esta plena perfeição na mística”².

Mas assim como as virtudes -teologais e cardeais-, também os dons do Espírito Santo necessitam essa faísca que os acenda, um tipo de graça atual que podemos denominar graça mística, moção mística. Olhemos como o Padre Royo Marín descreve o processo:

“No caso de dons, a moção divina que os põem em marcha é muito distinta [da que põem em funcionamento as virtudes]: Deus atua, não como causa principal primeira -como ocorre com as virtudes- mas como causa principal única, e o homem deixa de ser causa principal segunda, passando à categoria de simples causa instrumental de efeito que o Espírito Santo produz na alma como causa principal única. Por isso os atos procedentes dos dons são materialmente humanos, mas formalmente divinos”³.

O mesmo Padre Royo nos oferece um exemplo ilustrativo da muito superior ação de Deus na alma através dos dons: é algo “semelhante a melodia que um artista arranca de sua arpa, que é materialmente da arca, mas formalmente do artista que a maneja”.4

No caso do pecador, que não possui os hábitos infusos -quer dizer graça santificante, virtudes e dons- não negamos a existência de um tipo de graça atual de ordem mística que “dispõem a alma para receber os hábitos infusos”5, particularmente os dons do Espírito Santo. Quer dizer, não é uma graça que põem em movimento os dons, pois não existem na alma culpável, mas se dispõem para recebê-los e pode ser eficaz em recuperá-los.

Por exemplo, com o auxílio da graça atual, o homem pecador pode realizar um ato de amor de Deus sobre todas as coisas, recuperando com isso a graça santificante e os hábitos infusos.

Os Flashes

Com os anteriores pressupostos, falemos de certas graças daquelas de ordem mística que Plinio Corrêa de Oliveira chamava “flashes”.

São estes tipos de graças atuais que atuam os dons do Espírito Santo, particularmente o dom de Sabedoria, conseguindo que a alma contemple e experimente as maravilhas de Deus. Os “flashes” se dão mais frequentemente a partir de certas realidades materiais, como por exemplo um cálice que a pessoa encontra especialmente belo, ou uma igreja singularmente linda -ou que ao menos a pessoa sente nesse momento como tal- e que torna quase sensível à alma atributos do Criador, v.gr. a bondade divina, seu carácter misericordioso, sublime, etc. “São toques da graça [que] nos fazem perceber uma analogia das criaturas com o Criador, mas nos fazem percebê-la de um modo sobrenatural”, dizia o Dr. Plinio.

São momentos fugazes mas intensos, que em certas realidades adquirem um brilho sobrenatural, mostrando aspectos de Deus.

Estes flashes tem muitos efeitos, mas particularmente “durante os minutos, horas, dias, meses, nos quais permanece a generosidade causada pelo ‘flash’, se podem observar três efeitos: o amor a Deus e, portanto o amor a Igreja, se intensifica, uma grande apetência de combater a tentação e o pecado. Em suma, a pessoa fica extraordinariamente generosa”, segundo afirmava Plinio Corrêa de Oliveira.

Viver para essas comunicações especiais de Deus _ os _Flashes_ 2.jpg

O flash produz um conhecimento “saboroso” das coisas de Deus, quer dizer, algo característico do dom de sabedoria.

Ocorre um flash, por exemplo, quando vendo um coelhinho jovem, de repente percebemos dentro de nós uma especial sensação de ternura, e da ternura do Criador do coelho. Ou diante de um leão, singularmente digno, sentimos em nosso interior como o Criador do leão forçosamente é elevado, é forte, é majestoso. E assim com múltiplos objetos.

O flash é um auxílio especial de Deus para levar adiante as lutas desta vida. Cultivar o flash -o que é necessário se se pensa que é uma comunicação de Deus- é estar atento a quanto chegam essas comunicações divinas, é recordá-las quando passaram, é saber que não são força nossa mas clara misericórdia de Deus até nós. Continuaremos tratando do tema.

Por Saúl Castiblanco

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho
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1 Arintero, Juan, O.P. Cuestiones Místicas. BAC. Madrid. 1956. p. 404

2 Ibídem, p. 482

3 Royo Marín, Antonio, O.P. El Gran desconocido – El Espíritu Santo y sus dones. 8va. Edición. BAC. Madrid. 1998. p. 100

4 Ídem.

5 Royo Marín, Antonio, O.P. Teología Moral para Seglares – Moral fundamental y especial. 8va. Edición. BAC. Madrid. 1996. p. 209

 
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