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Espiritualidade


“Bem-aventurados os puros de coração”
 
AUTOR: EP
 
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Em todas as suas ações e intenções, as almas puras têm os olhos voltados para Deus e tornam-se, deste modo, um reflexo do Céu nesta vida terrena. Quem as vê, contempla a Deus!

Quando alguém dirige seu olhar para um ostensório, logo se sente atraído pela presença de Jesus Sacramentado. Se, entretanto, aproximar-se mais e observar os detalhes, perceberá haver diante da Hóstia consagrada um cristal que a protege, sem impedir de contemplá-la.

Quanto mais límpido é um cristal,
melhor a sua qualidade

   Está na natureza deste cristal ser transparente. Quanto mais límpido, melhor a sua qualidade, pois não foi feito para ser visto, e sim para deixar ver. Discreto, sem em nada chamar a atenção sobre si, torna-se instrumento de proteção de algo infinitamente superior. Sua presença quase invisível favorece a contemplação do Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo.

   Assim devemos ser também nós: quem olhar para nossas pessoas não deve contemplar senão a Deus. Ao sermos criados, fomos dotados de qualidades que refletem aspectos diversos das perfeições divinas. Estas, porém, não podem brilhar por si mesmas, pois só numa autêntica união com Ele fulguram. E há um ponto que é único para cada homem, cujo reflexo de Deus é individual e intransferível.

   Por este prisma, o cristal do ostensório, na absoluta transparência que permite expor Jesus Sacramentado, nos lembra também a nossa obrigação de restituir, ou seja, de atribuir ao Criador todos os bens que d’Ele recebemos, reconhecendo que nada vem de nós.

   Os puros de coração têm os olhos voltados para o Altíssimo em todas as suas ações e intenções. Ao serem atingidos pela luz da graça, eles podem se tornar diáfanos ou refulgir como diamantes, dependendo do que venha a dar mais glória a Deus, sempre restituindo os dons recebidos Àquele que os cumulou de bens.

   Quando uma alma pura brilha diante dos outros, torna-se um reflexo do Céu nesta vida terrena. E se Nosso Senhor disse, no Sermão da Montanha, “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus!” (Mt 5, 8), nós bem poderíamos acrescentar: bem-aventurados os puros de coração, porque quem os vê contempla a Deus!

   Peçamos a Nossa Senhora para “ter a alma semelhante a um cristal que nunca foi riscado: límpida, transparente e cheia de luz, jamais manchada por qualquer falta”.1 Contudo, se por uma miséria nosso cristal ficar marcado com alguma mácula, não temamos nos aproximar d’Ela cheios de confiança, sem jamais duvidar de seu perdão. A Virgem Santíssima a fará desaparecer totalmente, restaurando o fulgor e a claridade anterior.

   Imploremos a Ela sem cessar: “Criai em mim um coração puro” (Sl 50, 12). E tenhamos a certeza de que nosso pedido será atendido com superabundância. Nossa inocência será restabelecida ou acrisolada por Maria, através de uma troca de corações com seu Divino Filho, e poderemos dizer como São Paulo: “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim” (Gal 2, 20).

   E na nova era histórica já tão próxima, em que se proclamará o triunfo do seu Imaculado Coração, seremos um com Ele e com Ela, porque o Reino de Maria há de ser, por excelência, o reinado dos puros de coração. (Revista Arautos do Evangelho, Maio/2017, n. 185, p. 50 à 51)

1 CLÁ DIAS, EP, João Scognamiglio. A inocência, a eterna lei… In: O inédito sobre os Evangelhos. Città del Vaticano-São Paulo: LEV; Lumen Sapientiæ, 2014, v.IV, p.416-417.

 
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