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Voz dos Papas


Uma devoção de atualidade renovada
 
AUTOR: REDAÇÃO
 
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Além de confiar na segura proteção de São José, a Igreja confia também no seu insigne exemplo; um exemplo que transcende os estados de vida individuais e é proposto a toda a comunidade cristã.

Em tempos difíceis para a Igreja, Pio IX, querendo confiá-la à especial proteção do Santo Patriarca José, proclamou-o “Patrono da Igreja Católica”.1 Convencido estava o Pontífice de não ser este um ato despropositado, pois, devido à excelsa dignidade concedida por Deus a este seu fidelíssimo servo, “a Igreja – depois da Santíssima Virgem, sua esposa – prestou sempre grandes honras e cumulou de louvores o Bem-aventurado José e recorreu preferentemente a ele nas grandes dificuldades”.2

Sua proteção é sempre necessária à Igreja

Quais são os motivos de tamanha confiança? O Papa Leão XIII os expõe: “As razões pelas quais São José deve ser considerado Padroeiro especial da Igreja, e esta, por sua vez, deve confiar muitíssimo em seu amparo e patrocínio, nascem sobretudo do fato de ser ele esposo de Maria e pai putativo de Jesus […]. José foi, a seu tempo, legítimo e natural custódio, chefe e defensor da Sagrada Família. […] Portanto, é coisa conveniente e sumamente digna do Bem-aventurado José que ele, da mesma forma como costumava proteger santamente em qualquer circunstância a Família de Nazaré, defenda agora com seu celeste patrocínio a Igreja de Cristo”.3

A Igreja precisa de uma especial
“força do alto” (Lc 24, 49), a qual é
decerto um dom do Espírito Santo

São João Paulo II
Santuário de Jasna Gora (Polônia)

Sua proteção é sempre necessária à Igreja e deve ser invocada, não só como defesa contra os renascentes perigos, mas também e sobretudo como sustentáculo de seu redobrado esforço de evangelização no mundo e de nova evangelização nos países e nações onde, como escrevi na Exortação apostólica Christifideles laici, “a religião e a vida cristã foram outrora tão florescentes” e se encontram hoje “sujeitas a dura prova”.4

Para levar o primeiro anúncio de Cristo ou para reapresentá-lo onde ele foi negligenciado ou esquecido, a Igreja precisa de uma especial “força do alto” (Lc 24, 49), a qual é decerto um dom do Espírito Santo, não, porém, sem vínculo com a intercessão e o exemplo de seus Santos.

Exemplo que transcende os estados individuais de vida

Além de sua confiança na segura proteção de São José, a Igreja confia também no seu insigne exemplo, um exemplo que transcende os estados individuais de vida e é proposto a toda a comunidade cristã, quaisquer que sejam nesta as condições e os deveres de cada fiel.

Como assinala a constituição do Concílio Vaticano II sobre a divina Revelação, a atitude fundamental de toda a Igreja deve ser a da “religiosa escuta da Palavra de Deus”,5 ou seja, a da absoluta disponibilidade para servir fielmente a vontade salvífica de Deus, revelada em  Jesus. Já no início da Redenção encontramoso modelo da obediência encarnado, depois de Maria, precisamente em José, o qual se distingue pela fiel execução das ordens de Deus.

Paulo VI convidava a invocar o seu patrocínio “como costuma fazer a Igreja, nestes últimos tempos, primeiro por ela mesma, com uma espontânea reflexão teológica sobre a íntima ligação da ação divina com a ação humana na grande economia da Redenção, na qual a primeira, ou seja, a divina, é por si mesma totalmente suficiente, mas a segunda, a nossa, embora de todo incapaz (cf. Jo 15, 5), nunca é dispensada de uma colaboração humilde, mas condicional e nobilitante. Ademais, a Igreja o invoca como protetor em razão de um profundo e atualíssimo desejo de revigorar a sua secular existência de verdadeiras virtudes evangélicas, tais como refulgem em São José”.6

Proteção diante das ameaças que pesam sobre a humanidade

A Igreja transforma em preces essas exigências. Recordando que Deus confiou os primórdios de nossa Redenção à solícita custódia de São José, pede a ele que lhe conceda a graça de colaborar fielmente com a obra de salvação, que lhe dê a mesma fidelidade e pureza de coração que o animaram no serviço do Verbo Encarnado, bem como a graça de caminhar perante Deus nas vias da justiça e da santidade, seguindo seu exemplo e sustentada por sua intercessão.7

Há cem anos, o Papa Leão XIII exortava o mundo católico a rezar para obter a proteção de São José, patrono de toda a Igreja. A Encíclica Quamquam pluries fazia menção àquele “amor paterno” de José ao Menino Jesus; e a ele, “próvido guarda da Sagrada Família”, recomendava “a querida herança que Jesus Cristo adquiriu com seu Sangue”. Desde então a Igreja, como recordei no início, implora a proteção de São José, “por aquele sagrado vínculo de amor que o uniu à Virgem Imaculada, Mãe de Deus” e lhe confia todas as suas preocupações, inclusive pelas ameaças que pesam sobre a família humana.

Temos ainda hoje numerosos motivos para rezar da mesma maneira: “Afastai para longe de nós, ó pai amantíssimo, esta peste de erros e de vícios; do alto do Céu, assisti-nos propício nesta luta contra o poder das trevas; e como outrora livrastes da morte a vida ameaçada do Menino Jesus, defendei agora a Santa Igreja de Deus das ciladas dos inimigos e de todas as adversidades”.8 Temos ainda hoje motivos permanentes para recomendar cada pessoa à proteção de São José.

Atualidade desta oração para a Igreja do nosso tempo

Desejo ardentemente que esta recordação da figura de José renove também em nós a ênfase da oração que há um século meu predecessor recomendou elevar a ele. É certo, de fato, que esta oração e a própria pessoa de José adquirem uma renovada atualidade para a Igreja de nosso tempo, em relação ao novo milênio cristão.

A todos nós o Concílio Vaticano II sensibilizou mais uma vez para as “grandes coisas de Deus”, para aquela “economia da salvação” da qual José foi de modo especial ministro. Recomendando-nos, pois, à proteção daquele ao qual o próprio Deus “confiou a guarda de seus maiores e mais preciosos tesouros”,9 dele aprenderemos ao mesmo tempo a nos pormos a serviço da “economia da salvação”. Que São José se torne para todos um particular mestre no serviço à missão salvífica de Cristo, o qual na Igreja é obrigação de todos e de cada um: dos esposos, dos pais, dos que vivem do trabalho das próprias mãos ou de qualquer outro trabalho, das pessoas chamadas à vida contemplativa, bem como daquelas chamadas ao apostolado. (Revista Arautos do Evangelho, Março/2017, n. 183, pp. 6 à 7)

São João Paulo II.
Excerto da Exortação apostólica
“Redemptoris custos”, 15/8/1989 –
Tradução: Arautos do Evangelho

1 SAGRADA CONGREGAÇÃO DOS RITOS. Quemadmodum Deus, 8/12/1870: ASS 6 (1870), 194. 2 Idem, 193. 3 LEÃO XIII. Quamquam pluries, 15/8/1889: ASS 22 (1889-1890), 66-67. 4 SÃO JOÃO PAULO II. Christifideles laici, n.34: AAS 81 (1989), 454. 5 CONCÍLIO VATICANO II. Dei Verbum, n.1. 6 BEATO PAULO VI. Homilia na Solenidade de São José, 19/3/1969. 7 Cf. SOLENIDADE DE SÃO JOSÉ. Oração do Dia; Sobre as oferendas. In: MISSAL ROMANO. Trad. portuguesa da 2a. edição típica para o Brasil realizada e publicada pela CNBB com acréscimos aprovados pela Sé Apostólica. 10.ed. São Paulo: Paulus, 2006, p.563; MISSA VOTIVA DE SÃO JOSÉ. Depois da Comunhão. In: MISSAL ROMANO, op. cit., p.956. 8 LEÃO XIII. Oração a São José: ASS 22 (1889-1890), 117-118. Oração contida após o texto da Carta encíclica Quamquam pluries. 9 SAGRADA CONGREGAÇÃO DOS RITOS, op. cit., 193.

 
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