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Nossa Senhora das Graças e a Medalha Milagrosa – continuação
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 02/11/2020
 
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Segunda aparição: a Medalha Milagrosa

Quatro meses transcorreram desde a primeira aparição de Nossa Senhora das Graças. Na inocente alma da religiosa cresciam as saudades daquele bendito encontro e o desejo intenso de que lhe fosse concedido de novo o augusto favor de rever a Mãe de Deus. E foi atendida.

Era 27 de novembro de 1830, sábado. Pareceu-me ouvir, do lado da galeria, um ruído como o frufru de um vestido de seda. Tendo olhado para esse lado, vi a Santíssima Virgem à altura do quadro de São José. De estatura média, sua face era tão bela que me seria impossível dizer sua beleza.

A Santíssima Virgem estava de pé, trajando um vestido de seda branco-aurora, feito segundo o modelo que se chama à la Vierge, Nossa Senhora das Graçasmangas lisas, com um véu branco que Lhe cobria a cabeça e descia de cada lado até embaixo. Sob o véu, vi os cabelos repartidos ao meio, e por cima uma renda de mais ou menos três centímetros de altura, sem franzido, isto é, apoiada ligeiramente sobre os cabelos. O rosto bastante descoberto, os pés pousados sobre uma meia esfera. Nas mãos, elevadas à altura do estômago de maneira muito natural, Ela trazia uma esfera de ouro que representava o globo terrestre. Seus olhos estavam voltados para o Céu… Seu rosto era de uma incomparável formosura. Eu não saberia descrevê-lo…

Os anéis de Nossa Senhora das Graças

Então, percebi em seus dedos anéis revestidos de belíssimas pedras preciosas, cada uma mais linda que a outra, algumas maiores, outras menores, lançando raios para todos os lados, cada qual mais estupendo que o outro. Além disso, das pedras maiores partiam os mais magníficos fulgores, alargando-se à medida que desciam, o que enchia toda a parte inferior do lugar. Eu não via os pés de Nossa Senhora.

– Estes (raios) são o símbolo das graças que Eu derramo sobre as pessoas que mas pedem – acrescentou Nossa Senhora, fazendo-me compreender quão agradável é rezar a Ela, quanto Ela é generosa para com seus devotos, quantas graças concede às pessoas que Lhas rogam, e que alegria Ela sente ao concedê-las.

– Os anéis dos quais não partem raios (dirá depois a Santíssima Virgem), simbolizam as graças que se esquecem de me pedir.

A medalha de Nossa Senhora das Graças

Nesse momento formou-se um quadro em torno de Nossa Senhora, um pouco oval, no alto do qual estavam as seguintes palavras: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”, escritas em letras de ouro.
Uma voz se fez ouvir então, dizendo-me:

– Fazei cunhar uma medalha conforme este modelo. Todos os que a usarem, trazendo-a ao pescoço, receberão grandes graças. Estas serão abundantes para aqueles que a usarem com confiança…

Logo depois, o quadro me pareceu girar e vi o reverso da medalha: no centro, o monograma da Santíssima Virgem, composto pela letra “M” encimada por uma cruz, a qual tinha uma barra em sua base. Embaixo figuravam os Corações de Jesus e de Maria, o primeiro coroado de espinhos, e o outro, transpassado por um gládio. Entretanto, tudo desapareceu como algo que se extingue, e fiquei repleta de bons sentimentos, de alegria e de consolação.

Terceira aparição de Nossa Senhora

Contudo, passado alguns dias, em dezembro de 1830, Nossa Senhora apareceu pela terceira e última vez a Santa Catarina. Assim como na visão anterior, Ela veio no período da meditação vespertina, fazendo-se preceder por aquele característico frufru de vestido de seda. Logo depois, a vidente contemplava a Rainha do Universo, em seu traje cor da aurora, revestida do véu branco, segurando novamente um globo de ouro encimado por uma pequena cruz. Do mesmo modo, dos anéis ornados de pedras preciosas jorra, com intensidades diversas, a luz radiosa como a do sol. Contou depois Santa Catarina:

É impossível exprimir o que senti e compreendi no momento em que a Santíssima Virgem oferecia o Globo a Nosso Senhor. Como estava com a atenção voltada em contemplar a Santíssima Virgem, uma voz se fez ouvir no fundo de meu coração: Estes raios são símbolo das graças que a Santíssima Virgem obtém para as pessoas que Lhas pedem. Estava eu cheia de bons sentimentos, quando tudo desapareceu como algo que se apaga. E fiquei repleta de alegria e consolação…

A cunhagem das primeiras medalhas

Encerrava-se assim o ciclo das aparições da Santíssima Virgem a Santa Catarina. Esta, entretanto, recebeu uma consoladora mensagem: “Minha filha, doravante não mais me verás, porém ouvirás minha voz durante tuas orações”. Tudo quanto presenciara e lhe fora transmitido, Santa Catarina relatou ao seu diretor espiritual, o Padre Aladel, que muito hesitou em lhe dar crédito. Ele considerava uma sonhadora, visionária e alucinada essa noviça que tudo lhe confiava e insistentemente implorava:

– Nossa Senhora quer isto… Nossa Senhora está descontente… é preciso cunhar a medalha!

Dois anos de tormento se passaram. Por fim, o Padre Aladel resolve consultar o Arcebispo de Paris, Dom Quelen, que o encoraja a levar adiante esse santo empreendimento. Só então encomenda à Casa Vachette as primeiras vinte mil medalhas. A cunhagem já iaNossa Senhora das Graçascomeçar, quando uma epidemia de cólera, vinda da Rússia através da Polônia, irrompeu em Paris em 26 de março de 1832, espalhando a morte e a calamidade. A devastação foi tal que, num único dia, registraram-se 861 vítimas fatais, sendo que o total de óbitos elevou-se a mais de vinte mil.

As descrições da época são aterradoras: o corpo de um homem em perfeitas condições de saúde reduzia-se ao estado de esqueleto em apenas quatro ou cinco horas. Quase num piscar de olhos, jovens cheios de vida tomavam o aspecto de velhos carcomidos, e logo depois não eram senão horripilantes cadáveres.

Nos últimos dias de maio, quando a epidemia pareceu recuar, iniciou-se de fato a cunhagem das medalhas. Todavia, na segunda quinzena de junho, novo surto da tremenda enfermidade lançava uma vez mais o pânico entre o povo. Finalmente, a Casa Vachette entregou no dia 30 desse mês as primeiras 1500 medalhas, que logo foram distribuídas pelas Filhas da Caridade e abriram um interminável cortejo de graças e milagres.

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