Um sacerdote com espírito militar

Jeú havia eliminado Ocozias, rei de Judá, bem como quarenta e dois homens de sua família.

Atália, mãe de Ocozias, quando soube que seu filho morrera, ocupou o trono e pôs-se a exterminar todos os filhos de Ocozias, portanto, seus próprios netos.

Atália era filha de Acab e Jezabel, e imitou sua execrável mãe nos assassinatos e idolatria; ela mandara construir um templo de Baal em Jerusalém. “A perversa Atália e sua laia arruinaram a casa de Deus e por cima empregaram todos os objetos votivos da casa do Senhor no culto dos ídolos de Baal” (2 Cr 24, 7).

Entretanto, uma irmã de Ocozias raptou o seu filho mais novo, chamado Joás, a fim de salvar-lhe a vida. O menino ficou escondido durante seis anos com sua ama, em um quarto situado numa dependência do Templo de Jerusalém. Esse rapto foi planejado pelo sumo sacerdote Joiada.

Certo dia, Joiada pediu aos centuriões da guarda real que o procurassem no Templo. Explicou-lhes o que se passava, fez com eles um pacto, exigiu dos centuriões um juramento e lhes mostrou o verdadeiro herdeiro do trono, Joás, o qual até então ali vivia secretamente.

O sumo sacerdote ordenou que os militares percorressem todo o território de Judá e convocassem os sacerdotes, levitas e chefes de família para irem a Jerusalém. Isso foi feito com exatidão.

Mostrando ser dotado de verdadeiro espírito militar, Joiada dividiu as funções dos centuriões de modo superordenado: grupamentos deveriam vigiar o Templo e o palácio real, fazendo plantões, preparando tudo para um sábado, que era o dia em que o povo ia ao Templo.

Chegando o sábado, Joiada “entregou aos centuriões as lanças e os escudos de Davi, que estavam na casa do Senhor” (2 Rs 11, 10). Eram armas que Davi e talvez outros reis que o sucederam tinham colocado no Templo, como troféus das vitórias judaicas.

Dirigiu tudo com prudência e energia

Tendo o povo entrado no pátio do Templo, o sumo sacerdote apresentou a todos Joás, ungiu-o e colocou sobre sua cabeça um diadema. E com uma salva de palmas todos proclamaram: “Viva o rei!”

O palácio real ficava próximo do Templo. Ao ouvir os gritos do povo, Atália veio em direção da multidão na casa do Senhor.

Quando viu o rei de pé sobre o estrado, como prescreve o protocolo, os chefes e os trombeteiros do rei junto dele, e todo o povo exultando de alegria e tocando as trombetas, Atália bradou: “Traição! Traição!”

Então, o sumo sacerdote Joiada ordenou aos centuriões: “’Levai-a para fora do recinto do Templo e, se alguém a seguir, seja morto à espada!’ […] Agarraram-na e levaram-na aos empurrões pelo acesso dos cavalos ao palácio, onde foi morta” (2 Rs 11, 13-16). Ninguém ousou defender a ímpia Atália.

Comenta o Pe. Fillion: “Joiada dirige tudo com uma prudência igual à sua energia”.

Em seguida, Joiada, como representante de Deus, fez uma aliança entre o Altíssimo, o novo rei e o povo. E logo depois o povo dirigiu-se ao templo de Baal, demoliram-no e mataram os sacerdotes idólatras que ali se encontravam.

Então o sumo sacerdote organizou uma grandiosa procissão para conduzir Joás ao palácio real, onde foi colocado no trono.

Por fim, o povo “fez festa e a cidade ficou em paz” (2 Rs 11, 29).

Castigo a Joás

Joás reinou durante quarenta anos em Jerusalém e fez o que era reto diante de Deus, durante todo o tempo em que foi orientado pelo sumo sacerdote Joiada. Contudo, não destruiu os “lugares altos”, onde o povo cultuava ídolos.

O filho de Joiada censurou a população por esses pecados. E, por ordem do Rei Joás, ele foi morto a pedradas, no pátio do Templo (cf. 2 Cr 24, 20-22).

Como punição desses crimes, o exército da Síria, cujo rei era Hazael, invadiu Jerusalém, exterminou todos os notáveis da cidade e levou os tesouros do Templo bem como do palácio real.

O número de soldados sírios era muito menor que os de Jerusalém, mas isso aconteceu por “castigo a Joás” (2 Cr 24, 24). E Joás foi morto por seus próprios ministros (cf. 2 Cr 24, 25).

Mesmo depois de morto, Eliseu opera portentoso milagre

E, no reino de Israel, Eliseu exercia sua missão profética.

Estando com aproximadamente 90 anos de idade, ele adoeceu e o rei de Israel foi visitá-lo; chegando diante do profeta, prorrompeu em lágrimas, exclamando: “Meu pai, meu pai, carros de Israel e seu condutor!” (II Rs 13, 14).

Ele empregou as próprias palavras ditas por Eliseu, quando viu Elias ser arrebatado num carro de fogo (cf. 2 Rs 2, 12). O rei compreendia que Eliseu “valia para Israel mais que toda a artilharia e a cavalaria”.

Após profetizar a vitória dos israelitas contra os sírios, Eliseu morreu.

Tempos depois, bandos de moabitas invadiram o reino de Israel. Houve, então, um milagre operado por Eliseu, mesmo depois de estar morto. “Alguns homens que estavam sepultando outro homem, ao avistarem os bandos, jogaram o cadáver no túmulo de Eliseu e fugiram. Quando tocou os ossos de Eliseu, o homem reviveu e se pôs de pé” (2 Rs 13, 21).

Comenta São João Bosco: “Isto demonstra quanto apraz ao Senhor que as relíquias de seus Santos sejam veneradas”.

O Eclesiástico dedica a Eliseu este louvor: “Apenas Elias foi envolvido no turbilhão, Eliseu ficou repleto do seu espírito. Durante a vida não temeu príncipe algum, e ninguém o superou em poder. Nada estava acima de suas forças e, mesmo morto, seu corpo profetizou” (Eclo 48, 13-14).

O Profeta Eliseu é santo, e sua festa se comemora em 14 de junho.