Buenos Aires (Segunda, 09-02-2009, Gaudium Press) A fraternidade integrista San Pio X se distanciou nesta segunda-feira das afirmações negacionistas de Richard Williamson, ao informar que o bispo britânico não dirige mais o seminário de La Reja, a 40 km ao oeste de Buenos Aires, onde estava lotado.
"As afirmações do monsenhor Williamson não refletem de modo algum a posição de nossa congregação", afirmou na França o superior da fraternidade para a América do Sul, Christian Bouchacourt, em um comunicado divulgado pela agência argentina DYN.
"É evidente que um bispo católico não pode falar com autoridade eclesiástica a não ser sobre matérias que dizem respeito à fé e à moral. Nossa fraternidade não reivindica nenhuma autoridade sobre outras questões", conclui o texto.
A anulação pelo Papa Bento XVI da excomunhão de Williamson em 24 de janeiro - ao lado de outros três bispos integristas - provocou indignação em vários países e gerou uma crise que ameaça as relações do Vaticano com a comunidade judaica.
Na semana passada, a chanceler alemã Angela Merkel pediu ao Vaticano manifestações de repúdio mais enfáticas às declarações de Williamson. Um dia depois, conforme noticiado por Gaudium Press, a Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou comunicado que, entre outras coisas, condenava com veemência as afirmações do bispo e ordenava que o mesmo se retratasse "de forma pública e inequívoca".
Williamson declarou recentemente acreditar que não existiram câmaras de gás nos campos de concentração nazistas da Segunda Guerra Mundial e que morreram de 200.000 a 300.000 judeus no Holocausto, e não seis milhões conforme os números oficiais.
Diante da escalada do imbróglio e da pressão papal, o superior geral da comunidade integrista da fraternidade São Pio X, Bernard Fellay, pediu perdão a Bento XVI pelas declarações de Williamson e proibiu o bispo de tomar uma posição pública sobre questões políticas ou históricas.
Agora, a fraternidade foi além e privou Williamson também de continuar dirigindo o seminário na Argentina.
Entretanto, em uma entrevista à revista alemã Der Spiegel dada dias depois do ultimato da Santa Sé, Williamson voltou a afirmar que não se retrataria e disse que primeiro deve estudar as "provas" históricas.
"Se eu encontrar provas, então retificarei o que disse", afirmou o bispo. "Mas isso tudo leva tempo", ao acrescentar que fez investigações nos anos 80 sobre o tema e que, "por esta razão", estava "convencido da exatidão" de sua posição.
De acordo com veículos de comunicação argentinos, nessa mesma entrevista o bispo manifestou sua opinião também sobre outros temas, como a validade universal dos direitos humanos, que criticou.
"Onde os direitos humanos são vistos como objetivo que o Estado tem de impôr, acaba se chegando sempre a uma política anti-cristã", disse Williamson, ensejando uma nova e contudente polêmica.