Suíça (Segunda, 02-03-2009, Gaudium Press) O Superior Geral da Fraternidade São Pio X, Bernard Fellay, negou a disposição de reconhecer o Concílio Vaticano II, conforme determinou a Igreja Católica como prerrogativa para aceitar totalmente a comunidade depois do levantamento da excomunhão de quatro de seus bispos.
À indagação sobre se "a Fraternidade está disposta a reconhecer o Concílio Vaticano II", monsenhor Fellay, sucessor do fundador da comunidade, monsenhor Lefèbvre, respondeu "não", em uma entrevista ao jornal Le Courrier, de Genebra.
"O Vaticano reconheceu a necessidade de reuniões para questões procedentes, justamente, do Concílio Vaticano II. Fazer do reconhecimento do Concílio uma condição prévia é pôr o carro na frente dos bois", acrescentou.
Fellay falou também da esperança de que a Igreja católica revise os resultados do Vaticano II. "Os frutos do Concílio esvaziaram seminários, noviciados e igrejas", insistiu.
O Superior Geral da Fraternidade é um dos quatro bispos cuja excomunhão foi levantada no final de janeiro pelo Papa Bento XVI, junto com Richard Williamson, cuja negação do Holocausto provocou a indignação geral.
Depois das palavras de Williamson, as autoridades católicas exigiram da comunidade fundamentalista "a total adesão à doutrina e à disciplina da Igreja".
Monsenhor Fellay explicou que admite os concílios "até o Vaticano I" (1869-70, que instituiu a infalibilidade papal), mas que tinha "reservas" em relação ao Vaticano II (1962-65).
Uma nota do Vaticano do dia 4 de fevereiro precisa que "o pleno reconhecimento do Concílio Vaticano II e do magistério dos papas João XXIII, Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II e Bento XVI é condição indispensável para o reconhecimento da Fraternidade São Pio X".
Entre outras renovações importantes, o Concílio Vaticano II reformou a Liturgia, a constituição e a pastoral da Igreja (que passou a ser alicerçada na igual dignidade de todos os fiéis e a ser mais voltada para o mundo), esclareceu a relação entre a Revelação divina e a Tradição, e impulsionou a liberdade religiosa, o ecumenismo (principalmente o ecumenismo cristão) e o apostolado dos leigos. Não foi proclamado nenhum dogma, mas as suas orientações doutrinais e práticas são consideradas de extrema importância para a Igreja atual.