Cidade do México (Segunda-feira, 23-04-2012, Gaudium Press) No último sábado, 21 de abril, foi realizada na Basílica de Guadalupe, na Cidade do México, capital mexicana, a beatificação da quarta beata mexicana da história e primeira deste século, a Madre María Inés Teresa Arias, fundadora das Missionárias Clarissas do Santíssimo Sacramento.

Este evento, esperado por 19 anos, foi celebrado por mais de 5 mil membros da família Inesiana ao redor do mundo. Esta família, resultado das cinco fundações realizada pela monja contemplativa, é composta pelas Missionárias Clarissas do Santuário Sacramento, Missionários de Cristo para a Igreja Universal, Van-Clar, Missionárias Inesianas Consagradas, Grupo sacerdotal Maria Inés, Família Eucarística e numerosos leigos.

Os festejos pela nova beata mexicana tiveram início desde a tarde de sexta-feira, 20, com as Vésperas Solenes em que foi feita uma representação da vida e obra de Madre María Inés e um Momento de oração cantada em diversas línguas com a participação de membros de todas as regiões do mundo, presentes na Cidade do México especialmente para esta ocasião.

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Madre María Inés (ao centro), com outras irmãs da Congregação

A cerimônia de beatificação foi presidida pelo prefeito da Congregação das Causas dos Santos, que representou o Papa, Cardeal Angelo Amato. O evento contou ainda com a presença do bispo da Diocese de Yokahama, no Japão, Dom Rafael Masahiro Umemura, que quis estar presente "para agradecer a Deus e a Madre que enviou as primeiras missionárias ao Japão, quando mais se necessitava".

Na ocasião, como informou a superiora da ordem, Madre María Guadalupe Salinas, todas as casas da congregação, em diferentes partes do mundo, se uniram em missa especial à celebração.

Para a vigária geral da Congregação, irmã Martha Gabriela Hernández Martín del Campo, a beatificação é um compromisso maior para retomar em profundidade a doutrina da Madre María Inés, "para compartilhar com o maior número de pessoas possíveis esta espiritualidade que agora pertence a toda a Igreja, para continuar o caminho, mas com maior ardor, radicalidade, alegria e atualidade".

A respeito de Madre María, irmã Martha ainda destacou que, através de seus filhos espirituais, a nova beata mexicana transmite "uma mensagem de esperança, de alegria, que diz a nossos irmãos que se pode viver em espírito de família e que há muitas coisas positivas em cada pessoa. Que toda a circunstância prazerosa, ou difícil, pode nos levar a Deus e que vivendo em intimidade com a Santíssima Virgem se alcança a graça de amar mais o Senhor e o próximo".

Por sua vez, a postuladora da causa, irmã Silvia Búrnes Sánchez, comentou que a futura beata é um exemplo a seguir. "A Eucaristia e o amor a Maria que foram o centro de sua vida, sua vocação para a oração, para as almas e para a cruz", disse.

"Seu zelo missionário, sua oração constante, o exercício heroico de todas as virtudes que a levaram pelo mundo inteiro com o lema paulino: 'É urgente que Cristo reine', doando assim seu carisma missionário à Igreja", acrescentou irmã Silvia.

A grande Família Inesiana se encontra espalhada pelo México, Japão, Estados Unidos, Costa Rica, Indonésia, Serra Leoa, Itália, Espanha, Nigéria, Irlanda, Coreia, Alemanha, Índia, Rússia e Argentina. Apenas no México, a Congregação conta com 17 casas, incluindo a Casa Madre.

A ordem realiza trabalho na Pastoral Educativa, atendendo 8 colégios: na Pastoral Profética e Social; e na Pastoral de Santidade. Também realizada trabalhos através dos meios de comunicação, com um programa televisivo semanal pelo canal María Visión, que se intitula "Vivir para Cristo"; e com vários programas de rádio.

Quem foi Madre María Inés?
Nascida em Ixtlán do Río, Nayarit, no dia 7 de julho de 1904, recebeu o nome de Manuelita de Jesús. Com uma infância feliz, criada segundo os preceitos católicos, Manuelita, no íntimo de seu coração, na solidão do seu ser, onde só estava a presença silenciosa de Deus, foi se preparando para o encontro que seria identificar Deus por seu nome.

Tal momento veio em 1924, quando sofreu uma apendicite. Na cidade de Guadalajara se hospedou para ser atendida pelo médico na casa de sua prima, que lhe presenteou com o livro da vida de Santa Teresinha, cuja leitura despertou em Manuelita o vivo desejo de santidade.

Em outubro de 1924, durante o Congresso Eucarístico no México, finalmente no tempo estabelecido por Deus, a graça tocou o coração de Manuelita, sentindo-se totalmente atraída por ele. "Jesus Eucaristia, ao passar próximo de mim, deixou cair sobre mim um desses inefáveis olhares que tem o poder de comover; me deixou toda inflamada em seu amor; me atraiu com força irresistível", declarou a beata mexicana em certa ocasião.

Durante uma terrível perseguição religiosa no México, no dia da Festa de Cristo Rei, consagrou-se ao amor misericordioso de Deus, e finalmente tomou a decisão de ingressas à vida religiosa apesar das circunstâncias.

Logrou, após uma série de provas e sofrimento o que tanto ansiava seu coração e no dia 7 de junho de 1929 ingressou no mosteiro das Clarissas. Manuelita recebeu então o nome de irmã Maria Inés Teresa do Santíssimo Sacramento.

Em 12 de dezembro fez sua primeira profissão temporal. Em 1933, consagrou-se ao Senhor emitido os votos perpétuos. Sete anos depois, já como conselheira do mosteiro, expôs a Madre abadesa suas inquietudes e desejos de fundar uma congregação missionária. Seu pedido foi levado ao Vaticano pelo bispo de Curnavaca, Morelos, no México, Dom Francisco Gonzáles.

No dia 12 de maio de 1945, foi aprovada em Roma a fundação, com sede em Cuernavaca, Morelos, México; no mesmo dia foi colocada a primeira pedra da Casa Madre. Três meses depois, junto com mais cinco religiosas Madre María Inés despediu-se do mosteiro da Ave Maria rumo a sede da nova congregação.

Sua obra seguiu crescendo em todos os sentidos e em 1950, Madre María Inés escreveu as Constituições da congregação, expressando assim a vontade do senhor para todas as suas filhas: "Filhas, o que qui fica estabelecido é que nos identifica como Missionárias Clarissas do Santíssimo Sacramento".

Em seis anos de fundação, a congregação já possuía 92 religiosas e duas casas: em Cuernavaca e em Puebla. No dia 31 de maior de 1951, Madre María Inés solicitou à Santa Sé a transformação destes dois mosteiros no instituto missionário de vida ativa e contemplativa.

No dia 22 de junho de 1951, os dois mosteiros foram transformados com aprovação pontifícia na Congregação de Missionárias Clarissas do Santíssimo Sacramento. Madre María Inés Teresa foi nomeada primeira superiora geral e o seria até o término de sua vida em 1981.