Cidade do Vaticano (Terça, 10-02-2009, Gaudium Press) Chegou ao fim ontem à noite a batalha pela vida de Eluana Englaro, a italiana de 38 anos que teve alimentação e hidratação suspensas após 17 anos em coma e cujo caso provocou grande celeuma na sociedade e no governo italianos. Eluana estava internada em uma clínica particular em Udine, após sua família ter conseguido na Suprema Corte o direito de interromper sua alimentação por sonda.

O caso mobilizou a Itália nas últimas semanas, desde que Eluana foi transferida para clínica que aceitou cumprir a decisão da justiça, de acatar o pedido da família para que os aparelhos fossem desligados.

A polêmica da eutanásia provocou um "racha" até mesmo entre o primeiro-ministro Silvio Berlusconi, que lutava pela assinatura de um decreto que anularia a decisão da Justiça, e o presidente Giorgio Napolitano, que se recusou a assinar o documento sob o argumento de que à decisão da Suprema Corte não cabia mais recursos.

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No seio da Igreja, a notícia foi recebida com comiseração e dor. "Que o Senhor perdoe os responsáveis", comentou o cardeal Javier Lozano Barragan, presidente do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Agentes de Saúde. Dom Barragán pediu que Deus a receba e disse que este não é o momento de gerar polêmicas, mas sim de ‘espírito de perdão e de reconciliação'.

Padre Federico Lombardi, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, emitiu um comunicado, com as seguintes palavras:

"Diante da morte, o fiel se recolhe em oração e confia a Deus a alma de Eluana. A ela queremos bem, ela fez parte de nossas vidas, nos últimos meses. Agora que Eluana está em paz, desejamos que seu caso, após tantas discussões, seja motivo de reflexão serena para todos. Com responsabilidade, no devido respeito do direito à vida, no amor e na assistência atenta aos mais vulneráveis, devemos encontrar vias melhores para assistir as pessoas que não são auto-suficientes e dependem totalmente de outras. A morte de Eluana deixa uma sombra de tristeza por causa do modo como ocorreu; mas para o cristão, a morte física não é nunca a última palavra. Também em nome de Eluana, continuaremos a buscar caminhos mais eficazes para servir a vida".