Senhoras e Senhores Embaixadores, o encontro de hoje ocorre tradicionalmente no final das festas natalinas, nas quais a Igreja celebra a vinda do Salvador.
Ele vem na obscuridade da noite e, no entanto, a sua presença logo torna-se fonte de luz e alegria (cf. Lc 2, 9-10).
Meditar sobre a dimensão ética da existência humana
É deveras sombrio o mundo, quando não está iluminado pela luz divina!
Ele fica de fato na escuridão, quando o homem deixa de reconhecer a sua ligação com o Criador, pondo assim em perigo também as suas relações com as demais criaturas e com a própria Criação.
Infelizmente, o momento atual está marcado por um profundo mal-estar, do qual as diversas crises – econômicas, políticas e sociais – são uma dramática manifestação.
Não posso deixar de mencionar antes de tudo, a tal respeito, as graves e preocupantes consequências da crise econômica e financeira mundial.
Esta atingiu não apenas as famílias e as empresas dos países economicamente mais avançados – onde teve origem, criando uma situação na qual muitos, sobretudo entre os jovens, se sentiram desorientados e frustrados nas suas aspirações por um futuro sereno –, mas incidiu a fundo também sobre a vida dos países em vias de desenvolvimento.
Não devemos desanimar-nos, mas refazer decididamente o plano de nosso caminho, com novas formas de compromisso.
A crise pode e deve ser um estímulo para meditar sobre a existência humana e a importância da sua dimensão ética, antes mesmo de refletir sobre os mecanismos que governam a vida econômica.
E isso, não só para procurar conter as perdas individuais ou as das economias nacionais, mas para dar-nos novas regras que assegurem a todos a possibilidade de viver com dignidade e desenvolver as suas capacidades em benefício de toda a comunidade. […]
O destino do homem é a imortalidade
Senhoras e Senhores Embaixadores, o nascimento do Príncipe da Paz nos ensina que a vida não termina no nada, que o seu destino não é a corrupção, mas a imortalidade.
Cristo veio para que os homens tenham a vida e a tenham em abundância (cf. Jo 10, 10). “Somente quando o futuro é certo como realidade positiva, é que se torna vivível também o presente”[1]
Animada pela certeza da Fé, a Santa Sé continua a dar à comunidade internacional o seu contributo específico, de acordo com aquele duplo entendimento que o Concílio Vaticano II, cujo cinquentenário se celebra este ano, definiu com clareza.
Isto é, proclamar a suma grandeza da vocação do homem e a presença nele de um germe divino, e também oferecer à humanidade uma cooperação sincera a fim de instaurar a fraternidade universal correspondente a tal vocação.[2]
Neste espírito, renovo a todos vós, aos membros das vossas famílias e aos vossos colaboradores, os meus mais cordiais votos para este novo ano.