Com o objetivo de honrar a majestade de seu Filho, Deus preparou longamente o mundo moral para sua vinda, da mesma forma como havia preparado o mundo físico para a aparição do homem, o rei das criaturas.
Numa ordem superior, a obra de reparação destinada a salvar o gênero humano é a repetição da obra da criação.
Depois de preparar o mundo físico, Deus não colocou nele ao acaso o Filho de seu amor. Havia Ele plantado um local de delícias, onde a natureza mais ardente e fecunda prodigalizava seus dons para encantar o olhar e agradar os sentidos.
Uma mesma fonte aí se dividia em quatro braços de rio, em cujas ondas suaves rolavam lentamente o ouro misturado às pedras preciosas de seus leitos. Neste Paraíso Deus colocou o homem com a dupla missão de guardá-lo e cultivá-lo.
Também para o Verbo Encarnado, o novo Adão, era necessário um Paraíso.
Não, porém, uma terra fértil da qual Ele tomaria posse depois de ter sido criado, mas uma morada viva onde se formaria sua carne adorável, um santuário cheio de mistério e de graça onde se celebrariam as inenarráveis núpcias da natureza humana com a natureza divina.
E porque o Verbo, Deus eterno, precede seu Paraíso, porque Ele o escolheu junto com seu Pai desde a origem dos séculos, porque o prefere a todas as criaturas e concentra nesse único objeto as mais ternas complacências de seu amor, compete-Lhe, antes de nele ingressar, protegê-lo contra qualquer invasão do pecado.
E nele acumular todas as belezas e todas as riquezas da natureza e da graça.
A estas alturas, senhores, vós vos antecipastes à explicitação de meu pensamento, dizendo em vossos corações: “O Paraíso da Encarnação é Maria!”
Sim, é Maria, cujas grandezas me rejubilo e me ufano de publicar. Maria é o Paraíso da Encarnação.