Gostaria de vos dirigir duas perguntas. A primeira: todos vós tendes um coração desejoso, um coração que deseja?

Pensai e respondei em silêncio no vosso coração: tu tens um coração que deseja, ou um coração fechado, um coração adormecido, um coração anestesiado pelas situações da vida? O desejo de ir em frente, ao encontro de Jesus. 

E a segunda pergunta: onde está o teu tesouro, aquele que tu desejas? – porque Jesus nos disse: onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração – e eu pergunto: onde está o teu tesouro?

Qual é para ti a realidade mais importante, mais preciosa, a realidade que atrai o teu coração como um ímã? O que atrai o teu coração? Posso dizer que é o amor de Deus?

Há o desejo de fazer o bem ao próximo, de viver para o Senhor e para os nossos irmãos? Posso dizer isto? Cada um responda no seu coração. 

Mas alguém pode dizer-me: mas Padre, eu trabalho, tenho família, para mim a realidade mais importante é ocupar-me da minha família, do trabalho… Sem dúvida, é verdade, é importante. Mas qual é a força que mantém a família unida?

É precisamente o amor, e quem semeia o amor no nosso coração é Deus, o amor de Deus, é mesmo o amor de Deus que confere sentido aos pequenos compromissos diários e que ajuda também a enfrentar as grandes provações.

Este é o tesouro autêntico do homem. Ir em frente na vida com amor, com aquele amor que o Senhor semeou no coração, com o amor de Deus. Este é o verdadeiro tesouro. 

Mas no que consiste o amor de Deus? Não é algo vago, um sentimento genérico. O amor de Deus tem um nome e um rosto: Jesus Cristo, Jesus. O amor de Deus manifesta-se em Jesus.

Pois nós não podemos amar o ar… Amamos o ar? Amamos o todo? Não, não se pode, nós amamos as pessoas, e a Pessoa que amamos é Jesus, o dom do Pai entre nós.

Trata-se de um amor que confere valor e beleza a todo o resto; um amor que dá força à família, ao trabalho, ao estudo, à amizade, à arte e a cada obra humana.

E dá sentido também às experiências negativas, porque este amor nos permite ir além destas experiências, ir mais além, sem permanecer prisioneiros do mal, mas impele-nos além, abrindo-nos sempre à esperança. 

Eis, o amor de Deus em ­Jesus sempre nos abre à esperança, àquele horizonte de esperança, ao horizonte final da nossa peregrinação. Assim, até as dificuldades e as quedas encontram um sentido.

Até os nossos pecados encontram um sentido no amor de Deus, porque este amor de Deus em Jesus Cristo nos perdoa sempre, nos ama a ponto de nos perdoar sempre. 

 

Excerto do Ângelus de 11/8/2013.