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Arautos


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O dia a dia de um arauto sacerdote
 
AUTOR: PE. AUMIR ANTÔNIO SCOMPARIN, EP
 
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Como ocupa seu tempo um sacerdote dos Arautos do Evangelho? A que atividades ele se dedica? Conheçamos como é o dia a dia desses ministros de Cristo.

Em fevereiro de 2001, o Papa São João Paulo II concedia a aprovação pontifícia aos Arautos do Evangelho, constituindo-os como Associação Privada de Fiéis e dando-lhes por missão serem “mensageiros do Evangelho pela intercessão do Imaculado Coração de Maria”.1

A partir daquele momento, as atividades da associação se expandiram  a dezenas de países. Os filhos espirituais de Mons. João Scognamiglio Clá Dias tornaram-se cada vez mais numerosos e surgiu a necessidade de dar-lhes uma assistência espiritual adequada. Nessa emergência, o Espírito Santo suscitou, no seio dos Arautos do Evangelho, vocações sacerdotais dedicadas ao atendimento de seus irmãos.

Essa necessidade veio ao encontro de um anseio há muito tempo acalentado pelo fundador dos Arautos e assim expresso por ele pouco antes de receber o Sacramento da Ordem: “Quero unir-me mais a Jesus, quero ser um veículo d’Ele para absolver quantos encontrar em busca do perdão divino, quero ser consumido como uma hóstia a serviço d’Ele em benefício de meus irmãos e irmãs”.

Arautos sacerdotesSeguindo o exemplo do seu fundador, eles procuram ser paternais no trato, firmes na doutrina e ilibados no seu comportamento moral. Nos atos litúrgicos, portam-se com exímia fidelidade às  rubricas e ao espírito do rito instituído pela Igreja.

Com esse nobre anelo no fundo da alma, Mons. João e mais quatorze membros de sua obra foram ordenados presbíteros por Dom Lucio Angelo Renna, OCarm, à época Bispo de Avezzano, Itália, ficando eles provisoriamente incardinados nessa diocese. Surgia o arauto sacerdote e, com ele, um novo tipo humano consonante com o carisma e a espiritualidade da instituição.

Fundação do ramo sacerdotal

No ano de 2005, o mesmo prelado erigiu a Sociedade Clerical Virgo Flos Carmeli, cujo considerável crescimento levou o Papa Bento XVI a reconhecê-la, em 21 de abril de 2009, como Sociedade de Vida Apostólica de Direito Pontifício, tendo Mons. João por fundador e Superior-Geral. Hoje mais de duzentos clérigos, filhos espirituais dele, encontram-se incardinados nessa sociedade.

Seguindo o exemplo de seu fundador, eles procuram ser paternais no trato, firmes na doutrina, infatigáveis no exercício do ministério e extremamente ilibados em sua conduta moral. Nos atos litúrgicos, portam-se com exímia fidelidade às rubricas e ao espírito do rito instituído pela Igreja. A solenidade no cerimonial e nos gestos visa fazer transparecer o quanto “pela Liturgia da terra participamos, saboreando-a já, na Liturgia celeste celebrada na cidade santa de Jerusalém”.2

Na certeza de serem acolhidos com zelo pastoral, é crescente o número de fiéis que procuram a orientação desses sacerdotes arautos.

Paróquia Nossa Senhora das Graças

No final do ano de 2009, dois párocos de Caieiras e de Mairiporã, responsáveis por uma extensa área rural na Serra da Cantareira, ao norte da cidade de São Paulo, solicitaram à Diocese de Bragança Paulista a ereção de uma nova paróquia abrangendo esse vasto território.

O Bispo da época, Dom José Maria Pinheiro, julgou oportuno o pedido e confiou a nova paróquia aos cuidados dos sacerdotes arautos, uma vez que muitas casas da associação ali se localizam.

Paróquia Nossa Senhora das GraçasNas quinze comunidades que a compõem, os sacerdotes arautos celebram a Santa Missa, atendem confissões, visitam enfermos, pregam retiros, dão palestras de formação, preparam jovens e adultos para a recepção dos Sacramentos e organizam  procissões e momentos de convívio

Sacerdotes arautos passaram, então, a celebrar Missas, visitar enfermos, pregar retiros, atender confissões, ministrar palestras e instruir os fiéis nos cursos de preparação para a recepção dos Sacramentos. Nas treze comunidades que compõem a paróquia, centenas de famílias, antes distanciadas da prática religiosa, começaram a participar com entusiasmo dessas atividades. Assim o testemunha, por exemplo, Maria de Lourdes Macedo:

“Éramos totalmente afastados da Igreja Católica. Minhas filhas tinham os Sacramentos do Batismo e Comunhão, mas apenas uma delas tinha recebido a Crisma. Desde que recebemos a visita dos Arautos nos convidando para ir à Missa, tivemos a certeza que através daquela instituição iríamos seguir nossa Fé. E a cada dia que íamos às Missas, queríamos ir mais, participar mais. Passamos a ter uma sede de estar junto a Nosso Senhor Jesus Cristo no altar.

“Hoje fazemos parte da pastoral, e posso afirmar que sou uma católica de verdade. Participamos das Missas, confissões, cursos de Teologia, rezamos o Terço… Quando paramos para refletir sobre a vida que levávamos e a que levamos hoje – ou seja, sobre como era nossa vida sem os Arautos e como é agora, com os Arautos –, podemos dizer que renascemos para Cristo. Jesus e Nossa Senhora tinham um propósito para todos nós e serviu-se dos Arautos para que possamos estar cada vez mais próximos do Céu”.

Confissões e atendimento aos enfermos

Não é só na Diocese de Bragança Paulista que os sacerdotes arautos atuam.

Na vizinha Arquidiocese de São Paulo, os padres arautos têm se tornado confessores assíduos. Todas as quartas e sextas-feiras administram o Sacramento da Reconciliação na Catedral da Sé e, aos sábados, na vizinha Igreja de São Gonçalo. A isso se acrescentam eventos como o ocorrido no último dia 22 de setembro, em  que quinze sacerdotes da associação ajudaram a ouvir Confissões dos mais de cinquenta mil jovens reunidos pela arquidiocese no Campo de Marte, no bairro paulistano de Santana.

Também na Catedral da Sé, todos os meses os arautos realizam, desde março de 2003, a cerimônia reparadora dos Primeiros Sábados pedida por Nossa Senhora em Fátima. O programa se inicia com a recitação do Terço, seguida da meditação dos mistérios do Rosário e da celebração da Sagrada Eucaristia. Durante esse tempo, numerosos sacerdotes da instituição permanecem à disposição dos fiéis, atendendo Confissões no recinto da catedral.

A Sociedade de Vida Apostólica Virgo Flos Carmeli mantém em São Paulo um plantão de atendimento aos enfermos. Um sacerdote e um irmão leigo estão sempre prontos para partir imediatamente a fim de administrar a Confissão, Comunhão e Unção dos Enfermos aos doentes que precisem desse auxílio.

Doutores e mestres em Teologia

Com o crescimento do ramo sacerdotal, muitos clérigos começaram a se dedicar de modo especial à formação acadêmica, a fim de atender às necessidades do corpo docente do Seminário.

Atualmente, a Sociedade Virgo Flos Carmeli conta com trinta e seis doutores e trinta mestres, formados em diferentes áreas pelas Universidades Pontifícias Gregoriana, São Tomás de Aquino (Angelicum), Lateranense e Salesiana, de Roma; e pelas Universidades Pontifícias de Salamanca (Espanha) e Bolivariana, de Medellín (Colômbia), bem como pela Faculdade de Teologia Pontifícia e Civil de Lima (Peru).

Sólida formação acadêmicaVários dos professores do seminário completaram seus estudos em universidades romanas. À esquerda, aula do Pe. Francisco Berrizbeitia, Doutor em Teologia pela Gregoriana; à direita, Pe. Antônio Guerra, Doutor em Direito Canônico pela Lateranense, lecionando Eclesiologia

Alguns desses clérigos arautos, doutores em Teologia ou Filosofia, têm sido convocados para fazer parte do júri em defesas de tese de mestrado ou doutorado em universidades pontifícias. É o caso do Pe. Francisco Berrizbeitia Hernández, doutor em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, ou do Pe. Carlos Javier Werner Benjumea e Pe. Antonio Jakoš Ilija, doutores em Teologia pela Universidade Pontifícia Bolivariana, de Medellín (Colômbia).

Especialmente estreita tem sido a colaboração com essa última universidade, na qual o Pe. Marcos Faes de Araújo, EP, ministrou neste ano o curso Cuestiones de Teología III, “O quase-condimento estético em São Tomás: é legítimo deleitar-se na contemplação admirativa da beleza?”

Os membros da Sociedade Virgo Flos Carmeli dedicam-se também à formação espiritual, moral e cultural dos cooperadores dos Arautos do Evangelho, e têm administrado cursos de formação catequética para unidades do Exército e da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Muitos deles são, outrossim, professores ou orientadores pedagógicos em centros de ensino relacionados com a instituição.

Uma comunidade missionária itinerante

Ademais, alguns clérigos fazem parte da comunidade missionária dos Arautos, a Cavalaria de Maria. Esses sacerdotes, acompanhados por jovens evangelizadores, auxiliam sacerdotes de todo o Brasil, visitando os lares e estabelecimentos comerciais do território paroquial. Convidam todos ao afervoramento na Fé, conseguindo que muitos retornem à participação na vida paroquial, frequentem os Sacramentos e se tornem dizimistas. Ao encerrar a missão, sempre entregam ao pároco o levantamento feito de  casa em casa sobre as necessidades sacramentais dos fiéis.

No período da atividade missionária, que costuma durar uma semana, os sacerdotes arautos iniciam o dia com a celebração da Missa. Em seguida expõem o Santíssimo e, enquanto alguns saem para a missão, outros fazem Adoração e atendem Confissões do grande número de fiéis que, depois de terem recebido a visita de Nossa Senhora em suas casas, procuram o Sacramento da Reconciliação.

Encantada com o trabalho realizado por esses padres missionários em sua paróquia, Aline Daniel Demarchi, de Lindoeste (PR), afirma:

“Em tantos anos vivendo em minha paróquia, já presenciei muitos momentos de graça e cuidado de Deus para conosco. Porém, a passagem dos Arautos em nossa cidade foi um marco histórico, e uma bênção muito grande, um presente de nossa Mãe.

Atenção aos doentesOs arautos sacerdotes procuram ser especialmente solícitos com os que sofrem graves enfermidades. Nas fotos, administrando os Sacramentos em hospitais de São Paulo (esquerda) e Juiz de Fora (direita), no Brasil. Ao centro, dando a bênção a uma doente numa residência de Matola (Moçambique).

“Nossa Mãezinha nos tomou em seus braços, e nos mostrou o quanto nos ama. Em nome de toda nossa paróquia, quero agradecer aos Arautos pela visita, pelos ensinamentos e pelo exemplo de fé e vida. Falo em especial sobre o quanto foi valioso o testemunho de vocês aos nossos jovens e adolescentes”.

Do mesmo modo, Karla Rodrigues não deixa de manifestar sua admiração pelo trabalho missionário feito pela Cavalaria de Maria ao passar por sua cidade: 

“Gostaria de expressar meu encanto pela devoção, pelo zelo e pela imagem positiva que os Arautos do Evangelho me passaram. Jamais poderia imaginar que Nossa Senhora de Fátima me visitaria, e eles A trouxeram até mim… Pena que não foi uma estada permanente, pois, posso dizer com certeza e com o devido respeito, não me lembro de ter assistido a uma celebração com tanto entusiasmo. Se a Igreja Católica se empenhasse em manter, difundir e multiplicar instituições como estas, receberia milhares de fiéis de volta… O povo está carente do belo e do acolhedor… Obrigada pela visita e pela oportunidade. Estejam sempre na paz do Senhor e que o olhar de Nossa
Senhora os guie!”

Durante as missões são constituídos diversos grupos para a peregrinação do oratório do Imaculado Coração de Maria nos lares. Inúmeras famílias passam a se beneficiar da visita de Nossa Senhora, bem como da prática da devoção reparadora dos Primeiros Sábados realizada no encontro mensal do oratório em cada cidade.

Lucy Roberta Perazzo, de Bauru (SP), uma das coordenadoras do oratório, grata por todas as graças recebidas através deste apostolado, afirma: “Em janeiro de 2014, recebemos a Cavalaria de Maria e assumimos o compromisso com esta devoção mariana, que amamos. Temos dez oratórios, que visitam duzentas e oitenta famílias. É uma benção de Deus para nós! E todo primeiro sábado rezamos o Terço com as famílias, com muita devoção e amor, e participamos da Santa Missa. Agradecemos por tudo
e pelas graças recebidas por esta devoção. Que Deus continue abençoando a missão de vocês!”

A força e a eficácia estão na oração

Apesar de todas essas atividades, os padres arautos não deixam de ter a principal atenção posta na realização de suas obrigações para com Deus, sabendo que a força e a eficácia de toda e qualquer evangelização estão na oração. O dia a dia desses sacerdotes, além de ser tomado pelos compromissos de seu ministério, é voltado com especial zelo aos deveres da vida espiritual.

Dedicam mais de duas horas para a recitação da Liturgia das Horas, do Rosário e de outras orações particulares. Além disso, celebram duas Missas para diferentes grupos da instituição e procuram reservar os primeiros momentos do dia à Adoração Eucarística, oração, meditação e leitura espiritual, participando dos atos em conjunto da comunidade.

Sacerdotes cantando o Ofício Divino na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, Caieiras (SP)

Desse modo, o sacerdote arauto vive não só para evangelizar e administrar os Sacramentos, mas sobretudo para, segundo as regras da instituição, aperfeiçoar-se e santificar-se. Embora se encontre neste mundo feito de indiferença religiosa e incredulidade, mostra-se sensível ao chamado da graça em seu interior: “Sê santo!” – ensina Santo Afonso Maria de Ligório.3 Essa é a meta que deve nortear a vida de cada um de nós. (Revista Arautos do Evangelho, Dezembro/2019, n. 216, p. 16 a 20).

1Palavras pronunciadas durante a Audiência Geral de 28 de fevereiro de 2001.
2CONCÍLIO VATICANO II. Sacrosanctum concilium, n.8.
3Cf. SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO. A Selva. Porto: Fonseca, 1928, p.3.

 
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