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A Figueira Estéril e a inconstância do homem
 
AUTOR: GUILHERME CUEVA
 
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Ó Deus, acolhei esta confissão da nossa fraqueza para que, humilhados pela consciência de nossas faltas, sejamos confortados pela vossa misericórdia.

No terceiro domingo da Quaresma, a Santa Igreja elege o evangelho da Figueira Estéril para que seus fiéis o acompanhem. O que Jesus quer nos dizer contando esta parábola?

Trecho do Evangelho (Lc 13, 5-9)

Como não é um texto tão fácil de ser lembrado, convém que contemos ela aqui: “Jesus disse então a seguinte parábola: ‘Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi procurar os frutos que nela houvesse, mas não os encontrou. Disse então ao vinhateiro: ‘Há três anos que venho procurar frutos nesta figueira e não os encontro. Deves cortá-la. Porque há de estar ela a ocupar inutilmente a terra?’ Mas o vinhateiro respondeu-lhe: ‘Senhor, deixa-a ficar ainda este ano, que eu, entretanto, vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo. Talvez venha a dar frutos. Se não der, mandá-la-ás cortar no próximo ano’”.

A figueira Estéril

Jesus nos presenteia com esta divina parábola com uma devida intenção. Se formos procurar nas Sagradas Escrituras em que ocasião ele se encontra, perceberemos que ele ia contra a corrente de sua época, que colocava culpa naqueles que sofriam algum acidente.

Várias vezes é Deus, através de seus profetas, no Antigo Testamento, que dá a verdadeira perspectiva: “não é porque os pais que comem uva verde que os dentes dos filhos ficam embotados”.

Ou seja, não é porque algo de mal acontece com alguém que necessariamente ele é um pecador.

É muito fácil colocar a culpa em alguém que se machuca seriamente, pois ninguém quer isso para si, o sofrimento, a resignação por aguentar um mal. “Portanto, além de me eximir da dor, saio como praticante do bem”, pensavam os judeus.

Não é, de certo modo, elaborar como alguns: “Deus vai me vingar! Espero que o universo retribua todo mal a você!”? Não acontece a tragédia apenas para quem anda mal. Cristo, sendo crucificado, não tinha nenhum pecado, e mesmo assim suportou as dores mais atrozes.

É necessário a correção deste modo de pensar, pois não é o que Cristo ou seu Divino Pai querem de seus amados filhos.

A inconstância do homem e a constância de Deus

Então, se o pecador não é aquele que se acidenta, quem é o pecador?

É isso que Jesus responde na parábola: é aquele que não dá frutos. Aquele que, como a figueira, torna-se estéril para o plano divino. Que não evolui seus talentos, que não cresce na fé e na caridade.

Não dar frutos é ser inconstante. Pois é receber o dom de Deus, sua graça, mas não a corresponder, não gerar vida da Vida Divina; nesse sentido, a figueira estéril não estava plantada fora do jardim do agricultor; ela sorvia da boa água, da boa atenção de seu podador. Mas não dava nada em troca: na hora de ser pedido o retorno daquele que recebeu muito, ele se encontra de mãos vazias; encheu-as por várias vezes, mas deixou todo escapar, ou, pior, jogou tudo pelo ralo.

Mas a nossa inconstância tem uma cura: a constância de Deus. Ao mesmo tempo que Jesus é o dono, Ele também é o vinhateiro: “Mais um pouco, Senhor. Farei mais por essa alma, e ela dará os devidos frutos”.

Mesmo sendo tão perdidos, Nosso Senhor, Nossa Senhora, nossos anjos e santos intercessores tentam mais vezes. Eles são constantes, e sua constância ampara nossa inconstância. Hoje, devemos agradecer este divino favor de Deus.

Mas também devemos pedir pela nossa constância, pela nossa melhora, pois também tem o Senhor um tempo decretado: “Se não der, mandá-la-ás cortar no próximo ano”. Onde estaremos nós no próximo terceiro domingo da Quaresma? Ainda seremos uma figueira estéril? É preciso que os preparemos muito para a hora do acerto das contas. E a melhor maneira para esta preparação é a oração. “Agora e na hora de nossa morte. Amém”. Que saibamos usar deste divino remédio enquanto ainda temos tempo.

 
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