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São José


O primeiro devoto de Nossa Senhora
 
AUTOR: IR. JOSÉ ANTONIO DOMINGUEZ, EP
 
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Quando falamos por telefone com alguém que não conhecemos ainda, ocorre, por vezes, um curioso fenômeno psicológico. Quase de forma instintiva, procuramos de algum modo imaginar o perfil físico e moral da pessoa com a qual estamos em contacto. Pelas inflexões de voz, pela forma de rir, pelo modo de conversar, é fácil fazer uma idéia de nosso interlocutor. E, subconscientemente, uma simpatia ou antipatia se estabelece. Quando, por fim, o encontramos, há simultaneamente uma surpresa e uma confirmação. Certos aspectos dele são novos, e causam-nos admiração, enquanto outros correspondem àquilo que imaginávamos, à distância

A fisionomia dos Santos

Algo de análogo pode acontecer quando pedimos a intercessão de algum Santo. À distância, entre o Céu e a terra (essa distância não se mede em metros, mas varia de acordo com a firmeza de nossa fé…), procuramos imaginar como seria ele. Às vezes, ao tomar conhecimento da sua vida, exclamamos interiormente “Este é o protetor de que eu precisava!…” E recorremos com mais fé ao seu auxílio.

Quando falamos por telefone com alguém que não conhecemos ainda, ocorre, por vezes, um curioso fenômeno psicológico. Quase de forma instintiva, procuramos de algum modo imaginar o perfil físico e moral da pessoa com a qual estamos em contacto. Pelas inflexões de voz, pela forma de rir, pelo modo de conversar, é fácil fazer uma idéia de nosso interlocutor. E, subconscientemente, uma simpatia ou antipatia se estabelece. Quando, por fim, o encontramos, há simultaneamente uma surpresa e uma confirmação. Certos aspectos dele são novos, e causam-nos admiração, enquanto outros correspondem àquilo que imaginávamos, à distância

Por quê?

Há entre o Santo e nós certa semelhança de situações da existência. Por exemplo, ele passou por dificuldades análogas, vai compreender melhor as nossas carências e debilidades. Pode haver até alguma semelhança psicológica… Estabelece-se, assim, uma simpatia que tem ao mesmo tempo algo de natural e de sobrenatural.

As boas imagens dos Santos postas à veneração dos fiéis devem ajudar-nos a compor mais facilmente seu perfil psicológico e sobrenatural. A fotografia veio quase dispensar o trabalho dos pintores e escultores, para os de nossa época. Mas nos mil e novecentos anos anteriores da História da Igreja, quantas fisionomias de Santos que gostaríamos de ter conhecido…

A primeira delas é a de Nosso Senhor Jesus Cristo, da qual só ficou um esboço (mas que esboço divino!…) no Santo Sudário. E como seria a fisionomia de Nossa Senhora?

Em vez de contentar-nos com as figuras reproduzidas pela iconografia católica, poderíamos nos recolher um pouco e fazer uma meditação um tanto diferente: tentar imaginar em nosso interior a fisionomia e o perfil moral de um bem-aventurado.

Façamos a experiência com um grande Santo, certamente o maior que já existiu e existirá, depois de Nossa Senhora: seu castíssimo esposo, São José.

Constante contemplador de Jesus e de Maria

Sim, leitor, como imagina você a figura majestosa e paternal de São José?

Segundo São Tomás de Aquino, todas as criaturas existentes no universo poderiam ter sido criadas por Deus de modo mais perfeito, exceto três: Jesus Cristo, a Virgem Maria e a visão beatífica. Jesus, sendo Deus, não podia ter a mínima imperfeição. Para ser sua Mãe, é natural que Ele escolhesse a criatura humana mais perfeita possível. Deste modo, se somarmos as perfeições de todos os Anjos e de todos os Santos, teremos apenas uma idéia pálida das riquezas sobrenaturais que adornam a alma de Maria.

Mas Deus não iria escolher para esposo de sua Mãe Virginal, para seu pai adotivo, alguém que não estivesse à altura de tal missão. Tinha de ser um homem proporcionado a essa esposa, pelo seu amor de Deus, pela sua justiça, pela sua pureza, por sua sabedoria, por todas as qualidades. Esse homem é São José.

Sao Jose.jpg
Vitral da Paróquia de
Thannenkirch, França

Ambos eram da Casa de David. Talvez até tivessem certa semelhança física, entre si. E não é inverossímil imaginar São José com alguns traços fisionômicos do Rei Profeta, seu glorioso antepassado, do qual diz a Sagrada Escritura: “louro, de belos olhos e mui formosa aparência (…) valente e forte, fala bem, tem um belo rosto, e o Senhor está com ele” (I Sam 16, 12 e 18).

Sob o ponto de vista sobrenatural, São José alcançou o mais alto píncaro da santidade e não pode ter deixado de praticar a devoção a Nossa Senhora no grau mais perfeito, e participar das virtudes altíssimas de sua esposa virginal. Sua vida foi uma constante contemplação de Maria e de Jesus. Por isso ele pode ser considerado o padroeiro e modelo das almas contemplativas e dos devotos de Maria.

O exemplo de Santa Teresa

Mas, depois desta descrição, sentimos tanta desproporção com São José… Onde encontrar algum ponto de afinidade com tão grande Santo, para confiarmos em sua poderosa intercessão?

Uma de suas maiores devotas, Santa Teresa de Jesus, dizia querer “convencer todas as pessoas a serem devotas deste glorioso Santo, pela comprovação que fiz dos dons que ele alcança de Deus”.

E acrescentava: “Tomei como protetor e senhor o glorioso São José. Não me lembro, até agora, de lhe ter pedido alguma coisa e não ser atendida. Fico espantada com os favores que recebi de Deus por intercessão deste bem-aventurado Santo e dos perigos dos quais me livrou, tanto de corpo como de alma.

“A outros Santos, parece que lhes deu o Senhor poder para socorrer em um só tipo de necessidade. Este glorioso Santo, tenho comprovado que socorre em todas as necessidades. Deus quer dar a entender que, assim como foi submisso a São José aqui na Terra, também no Céu Jesus faz tudo quanto ele lhe pede.”

A devoção dos Sete Domingos

Uma das devoções a São José mais divulgadas é a dos Sete Domingos em honra de suas sete dores e sete alegrias, que transcrevemos nas páginas seguintes. Por meio dela, leitor, não só você obterá graças por intercessão de São José, como também, meditando nos sete momentos-auge de sua vida, ele lhe abrirá os segredos de sua alma virginal, dando a conhecer algo de sua fisionomia e de suas grandes virtudes. A primeira delas, seu amor ardentíssimo a Nossa Senhora, pois são José é o primeiro devoto da Virgem Maria.

Sete Domingos em honra de São José ou Coroa das Sete
Dores e dos Sete Gozos de São José

ORAÇÃO  PREPARATÓRIA

Deus e Senhor meu, em Quem creio e espero e a Quem amo sobre todas as coisas, entre a multidão de meus pecados me confundo, e com sincero arrependimento peço-Vos perdão e clemência. Pesa-me de Vos ter ofendido, e proponho, com a vossa Divina Graça, nunca mais tornar a Vos ofender. Tende piedade de mim, Senhor. Escutai os meus rogos e não permitais que eu me separe de Vós. E vós, bondoso São José, intercedei por mim para que Jesus perdoe os meus pecados e derrame sobre minha alma os tesouros de sua Santa Graça para que eu possa fazer, com fruto, os Sete Domingos, em vossa honra e bem de minha alma. Lembrai-vos, meu doce protetor, que nenhum dos que têm implorado vosso auxílio tem ficado sem consolo. Animado desta confiança, venho à vossa presença neste dia, suplicando-vos as graças de que necessito e que espero conseguir de Jesus e Maria. Amém.

ORAÇÕES PARA CADA DOMINGO

I Domingo

Ó Esposo puríssimo de Maria Santíssima, glorioso São José, assim como foi grande a amargura de vosso coração na perplexidade de abandonardes a vossa castíssima Esposa, assim foi indizível a vossa alegria quando pelo Anjo vos foi revelado o soberano mistério da Encarnação. Por esta Dor e por este Gozo, vos pedimos a graça de consolardes agora e nas extremas dores, nossa alma, com a alegria de uma vida justa e de uma santa morte semelhante à vossa, assistidos por Jesus e por Maria.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória.

São José, rogai por nós.

II Domingo

Ó felicíssimo Patriarca, glorioso São José, que fostes escolhido como Pai adotivo do Verbo Humanado, a Dor que sentistes ao ver nascer em tanta pobreza o Deus Menino, se vos mudou em júbilo celeste ao ouvirdes a angélica harmonia e ao contemplardes a glória daquela brilhantíssima noite. Por esta Dor e por este Gozo, vos suplicamos a graça de nos alcançardes que, depois da jornada desta vida, passemos a ouvir os angélicos louvores e a gozar os resplendores da glória celeste.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória.

São José, sustentador do Filho de Deus, rogai por nós.

III Domingo

Ó obedientíssimo das divinas Leis, glorioso São José, o sangue preciosíssimo que na Circuncisão derramou o Redentor-Menino vos trespassou o coração, mas o nome de Jesus vo-lo reanimou, enchendo-o de contentamento. Por esta Dor e por este Gozo, alcançai-nos viver sem pecado, a fim de expirar cheios de júbilo, com o nome de Jesus no coração e nos lábios.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória.

São José obedientíssimo, rogai por nós.

IV Domingo

Ó fidelíssimo Santo, glorioso São José, que também tivestes parte nos mistérios de nossa Redenção, se a profecia de Simeão a respeito do que Jesus e Maria teriam de padecer vos causou mortal angústia, também vos encheu de sumo Gozo pela salvação e gloriosa Ressurreição que, como igualmente predisse, teria de resultar para inumeráveis almas.

Por esta Dor e por este Gozo, obtende-nos que sejamos do número daqueles que, pelos méritos de Jesus e pela intercessão da Santíssima Virgem sua Mãe, hão de ressuscitar gloriosamente.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória.

São José fidelíssimo, rogai por nós.

V Domingo

Ó vigilantíssimo custódio, íntimo familiar do Filho de Deus Encarnado, glorioso São José, quanto sofrestes para alimentar e servir o Filho do Altíssimo, particularmente na fuga com Ele para o Egito. Mas qual não foi também vosso Gozo por terdes sempre convosco o mesmo Deus e por verdes cair por terra os ídolos egípcios.

Por esta Dor e por este Gozo, alcançai-nos que, afastando para longe de nós o infernal tirano, especialmente com a fuga das ocasiões perigosas, sejam derrubados de nossos corações todos os ídolos dos afetos terrenos, e que, inteiramente dedicados ao serviço de Jesus e de Maria, para Eles somente vivamos e na alegria de seu amor expiremos.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória.

São José castíssimo, rogai por nós.

VI Domingo

Ó anjo da Terra, glorioso São José, que cheio de pasmo vistes o Rei do Céu submisso a vossos mandados, se a vossa consolação, ao reconduzi-Lo do Egito, foi turbada pelo temor de Arquelau, filho de Herodes, contudo, sossegado pelo Anjo, permanecestes alegre em Nazaré com Jesus e Maria.

Sagrada Familia.jpg

“Fostes escolhido como Pai
do Verbo  Humanado”

(Vitral da Catedral
de Dijon, França)

Por esta Dor e por este Gozo, alcançai-nos a graça de desterrar do nosso coração todo temor nocivo, de gozar a paz de consciência, de viver seguros com Jesus e Maria, e também de morrer assistidos por Eles.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória.

São José, casto guarda da Virgem, rogai por nós.

VII Domingo

Ó exemplar de toda a santidade, glorioso São José, perdestes sem culpa o Menino Jesus, e para maior angústia houvestes de buscá-Lo por três dias, até que, com sumo júbilo, gozastes do que era a vossa vida, achando-O no Templo entre os doutores.

Por esta Dor e por este Gozo, vos suplicamos, com o coração nos lábios, que interponhais o vosso valimento para que nunca nos suceda perder a Jesus por culpa grave. Mas, se por desgraça O perdermos, com tão intensa dor O procuremos, que O achemos favorável, especialmente em nossa morte, para podermos glorificá-Lo no Céu e lá cantarmos eternamente suas divinas misericórdias.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória.

São José fortíssimo, rogai por nós.

ORAÇÃO FINAL

Ó Deus, que por vossa inefável providência Vos dignastes escolher o bem-aventurado São José para Esposo de vossa Mãe Santíssima, concedei-nos, nós Vo-lo pedimos, que venerando-o aqui na Terra como protetor, mereçamos tê-lo no Céu como nosso intercessor. Vós que viveis e reinais por todos os séculos dos séculos. Amém.  (Revista Arautos do Evangelho, Março/2004, n. 27, p. 18-19)

 
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