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Evangelho do 2º Domingo da Quaresma
 
AUTOR: MONS. JOÃO SCOGNAMIGLIO CLÁ DIAS, EP
 
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Os Apóstolos, endurecidos por uma falsa concepção a respeito da missão de Jesus, não deram ouvidos à sua voz. Sejamos vigilantes para que jamais nos aconteça o mesmo.

A Transfiguração do Senhor se deu numa ocasião de fundamental importância. Narra o Evangelho de São Mateus que este mistério ocorreu seis dias depois da confissão de Pedro (cf. Mt 17, 1), a qual tornara patente aos Apóstolos que Nosso Senhor era Deus e Homem verdadeiro (cf. Mt 16, 16).

Escolhidos para sustentar a fé dos outros

Jesus escolheu três Apóstolos especialmente amados para presenciar a Transfiguração, a fim de que, mais tarde, fossem estes as testemunhas da sua divindade. Quando O contemplassem orando e suando Sangue no Horto das Oliveiras, e depois enfrentando os terríveis lances de sua Paixão e Morte, era preciso terem na lembrança esta experiência mística, para não perderem a fé.
Assim, Nosso Senhor desejava garantir aos Apóstolos que todos os acontecimentos futuros fossem para a sua glória.

Gloriosa manifestação na transfiguração

“Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a Terra poderia alvejar.”
A transformação da aparência das roupas é sinal patente de que Nosso Senhor, como diz São Tomás, manifestou em seu exterior a glória de sua Alma, fazendo refulgir por alguns instantes aclaridade, característica dos corpos gloriosos. Dado que a alma é a forma do corpo, a glória daquela redunda também na glória deste.
Ora, se em virtude da união hipostática a Alma de Nosso Senhor foi criada na visão beatífica, o normal seria que seu Corpo gozasse de igual perfeição. No entanto, Cristo suspendeu para Si esta lei, por Ele mesmo estabelecida, assumindo um corpo padecente com vistas a operar a Redenção.

Os representantes da profecia e da Lei na transfiguração

Apareceram-lhes Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus. Segundo a Lei de Moisés, duas testemunhas eram suficientes para haver certeza judicial (cf. Dt 17, 6; 19, 15). Assim, neste fato extraordinário, Nosso Senhor fez-Se acompanhar por Elias e Moisés.
Ao primeiro, enquanto símbolo e expoente máximo do filão de profetas do Antigo Testamento, cabia testemunhar que Ele era Deus, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade Encarnada.
Já a presença de Moisés dava a entender que a legislação por ele promulgada tinha sido, na verdade, inspirada pelo Verbo. O Redentor não vinha, portanto, contra a Lei nem contra os profetas, mas era a realização de todos oráculos e o complemento final e aperfeiçoado da Antiga Lei.

O Pai ama totalmente o Filho

Quando amamos determinada criatura, somos atraídos pelo bem que nela existe. Entretanto, no que diz respeito a Deus, seu amor faz com que o bem penetre naquilo que ama, promovendo a bondade dos seres. Ora, essa caridade ― que n’Ele é infinita ― esgotou-se em seu Filho Unigênito, em quem pôs toda a sua complacência, como dirá outro Evangelista (cf. Mt 17, 5). Deus O amou sobremaneira, porque era seu único Filho.
Nós, meras criaturas, somos amados pelo Criador e recebemos a infusão de sua bondade, mas nunca correspondemos à altura de seus dons, ou seja, sempre estamos aquém daquilo que deveríamos dar. A despeito disso, Ele ainda nos ama.
E quanto mais nos amaria se a nossa restituição fosse maior?
Nosso Senhor, pelo contrário, deu absolutamente tudo o que era possível, despertando com isto um amor todo especial, razão das palavras: “Este é o meu Filho amado”.

O sofrimento é algo passageiro

Segundo São Mateus, os Apóstolos caíram com a face por terra depois de ouvirem a voz do Pai (cf. Mt 17, 6). Qual não teria sido a potência desta voz? Com que ímpeto ela não penetraria até os ossos?
Tudo naquela manifestação era feito para que os Apóstolos tomassem o Mestre como um ser divino e adquirissem consciência de que era imperioso ouvi-Lo, mesmo que, logo a seguir, Ele anunciasse que iria morrer e ressuscitar ao terceiro dia. Mas Nosso Senhor queria, sobretudo, mostrar que as penas do Calvário seriam passageiras.

No episódio da Transfiguração Ele deixa claro que, se eliminar o sofrimento é impossível.
A dor existe tanto na via da santidade quanto na do pecado; na primeira é sempre mais suave e, no fim, todo sofrimento bem suportado dá em triunfo.
Assim ensina Santo Afonso Maria de Ligório: “É preciso sofrer; todos temos que sofrer. Todos, sejam justos ou pecadores, hão de levar a cruz. Quem a leva pacientemente se salva, e quem a leva impacientemente se condena. […] Quem se humilha nas tribulações e se resigna com a vontade de Deus é grão do Paraíso, e quem se ensoberbece e se irrita, abandonando a Deus, é palha para o inferno”.

SAIBA MAIS

Ação de graças pelo sofrimento recebido

Ofereçamos em holocausto aquilo que nos afasta de Deus

À vista do ensinamento desta Liturgia, não podemos nos esquecer de que o amor que o Pai manifestou por nós na imolação de seu Filho merece retribuição.
Deus espera de cada um de nós este sacrifício: desapego daquilo que nos desvia do rumo certo, ou de qualquer apreensão que amarre nosso coração a algo que não seja Ele, e docilidade no tocante à sua vontade.
No Evangelho, a voz do Pai nos exorta: “Escutai o que Ele diz!”. Lembremo-nos, então, do que Nosso Senhor ensinou: “Se alguém quer vir após Mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-Me” (Lc 9, 23)

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