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Palavra dos Pastores


Sair, subir, contemplar e anunciar
 
AUTOR: REDAÇÃO
 
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O anúncio do Evangelho é de tal necessidade e urgência que todos nós, cristãos, devemos sentir estes quatro convites de Jesus Cristo: sair, subir, contemplar e anunciar

Dom Carlos Osoro Sierra
Arcebispo de Madri

Jesus, na cena do Tabor, mostra com sua vida uma manifestação prefigurativa do Reino que anuncia. E a Igreja tem por missão testemunhar a verdade de Cristo Jesus.

Não basta anunciar a fé com palavras: “sem as obras, a fé está realmente morta” (Tg 2, 17). É necessário que o anúncio do Evangelho seja acompanhado pelo testemunho concreto da caridade, palavra que não indica para a Igreja uma espécie de assistência social, mas algo que pertence à sua natureza e é indissociável de sua própria essência.

Inundar o mundo com amor de Deus

Deve-se entrar na escola de Cristo, verdadeiro Mestre. O Senhor nos atrai e convoca a nos conformarmos com Ele, com seus sentimentos, com sua forma de vida, com seu modo de pensar e de agir, com sua maneira de ser e de amar. Entremos nessa escola de Cristo que nos aparece tão belamente no texto da Transfiguração do Senhor.

Como entrar na escola de Nosso Senhor Jesus Cristo? Deixemos que, por meio dessa passagem do Evangelho de São Marcos (cf. Mc 9, 2?8), Ele nos ensine a descobrir o mais necessário para o ser humano: conformar nossa vida, identificar nossa existência e entrar em comunhão com esse Deus que Se fez Homem por amor aos homens.

É aí, em Jesus Cristo, onde descobrimos o que devemos ser e viver. Descobrimento muito necessário nestes tempos da História nos quais vivemos. Invadir este mundo com o amor a Deus, globalizar este amor, levá-lo a todos os rincões da Terra e possibilitar que os homens e as mulheres de nosso tempo tenham um coração com as mesmas medidas de Jesus Cristo. Eliminar assim deste mundo todo tipo de rejeição, todo isolamento.

Sentir estes quatro convites de Jesus Cristo

Por isso, o anúncio do Evangelho é de tal necessidade e urgência que todos nós, cristãos, devemos sentir estes quatro convites de Jesus Cristo: sair, subir, contemplar e anunciar.

Sair: O que se espera de uma testemunha do Senhor é que seja fiel à missão a ela confiada. Isto supõe sempre uma experiência pessoal e profunda de Deus. Foi isto que levou o Senhor a convidar Pedro, Tiago e João – e neles a todos nós – a
sair, a caminhar, a descobrir que sua vida era para ir ao mundo e não para encerrar-se em si mesmos. Ir ao mundo com os mesmos sentimentos e a mesma paixão d’Ele pelos homens. Pois será “em seu nome”, como discípulos de Jesus, que vamos entrar no mundo para realizar uma tarefa tão singular que não se pode reduzir a um conhecimento intelectual ou a uma doutrina. Trata-se fundamentalmente de sair e de ser fisionomia viva de um Deus que ama os homens.

Subir: A Pedro, Tiago e João, fez Jesus subir uma montanha. Quer que ali eles vivam uma inolvidável experiência que marque toda a sua vida. Mostra-lhes como n’Ele está a presença do Reino de Deus. Convida-os, e todos nós, seus discípulos, a, com nossa vida, torná-Lo presente em meio ao mundo, para que todos os homens possam experimentar a necessidade de acolher Jesus Cristo, de acolher a verdade, a justiça, a paz, a fidelidade, o amor, a bondade, de ver no outro uma imagem viva do próprio Deus, de considerá-Lo mais importante do que si mesmo. Subir é uma importante etapa da escola de Cristo. Acolher o Senhor tem umas consequências pessoais e sociais de tais dimensões que podemos vê-las através do testemunho dos Santos. Com suas vidas, eles contribuem para tornar crível e atrativa a Pessoa de Jesus Cristo […].

Contemplar: No Monte Tabor, Jesus “transfigurou-Se diante deles e suas vestes se tornaram de deslumbrante alvura”. Toda a humanidade está chamada à transfiguração, a atingir a plenitude da vida, a contemplar essa cor branca que deslumbra e que é a cor da glória e da vida, da verdade e da fraternidade, da reconciliação e da paz, da justiça e da bondade. Contemplar Jesus é descobrir que o ser humano precisa dessa experiência de luz e de gozo, de esperança e amor, pois senão que luz irradiamos com nossa vida? Contemplar Jesus Cristo Senhor nosso, nos enchermos de sua vida, porque Ele quer entrar nos lugares existenciais e geográficos onde os homens habitam e onde não se vê o Reino de Deus. Contemplar o Senhor nos convida a tornar verdadeira esta expressão de Jesus na parábola do bom samaritano: “Vai e faze o mesmo” (Lc 10, 37). Contemplar, para vivificar o que vemos, para tornar presentes na História a glória de Deus e a beleza que dá ao ser humano essa contemplação. O bom samaritano é o próprio Jesus, e Ele quer que todos nós, seus discípulos, sejamos samaritanos. Pois o amor é o coração da vida cristã, é ele que nos transforma em testemunhas de Jesus Cristo. Esse amor fez Pedro dizer: “Mestre, é bom estarmos aqui”. Entretanto, era forçoso descer e sair, presentear, entregar esse amor aos homens.

Anunciar: Não anunciamos uma teoria ou uma doutrina; anunciamos Jesus Cristo morto e ressuscitado. Para anunciar, é indispensável entrar na escola de Cristo Mestre. Ouçamos com atenção aquelas palavras do Tabor: “Este é meu Filho amado, escutai-O”. Não uma escuta qualquer, mas uma escuta que vá ao coração. Não são apenas algumas palavras, é um modo de ser, de viver, de agir, de sentir, de pensar. Como pode anunciar Deus quem não O escutou? É necessário escutar sua Palavra, deixar frutificar essa Palavra que, como nos diz a Epístola aos Hebreus, “penetra até os limites entre a alma e o espírito, até as juntas e medulas, e perscruta os pensamentos e intenções do coração” (4, 12). Para ter um coração que entenda e converta nossa vida em palavras e obras que anunciem o Senhor, o segredo consiste em formar um coração capaz de escutar. Segundo os Padres da Igreja, o maior pecado do mundo pagão era sua insensibilidade, sua dureza de coração, e por isso eles repetiam amiúde as palavras do profeta Ezequiel: “tirar-vos-ei do peito o coração de pedra e dar-vos- -ei um coração de carne” (36, 26). Converter-se a Cristo – diziam – significa receber um coração de carne, um coração sensível a todas as situações de todos os homens que encontremos pelo caminho. – Excertos da Carta de 4/3/2015 – Texto original em http://archimadrid.org

 
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