São Cirilo de Jerusalém é um campeão da fé. Não porque tenha dado sua vida por ela, em martírio, se bem que seus constantes exílios tenham feito de sua vida um caminho de provações.
Ele não morreu em defesa da fé, mas lutou por ela com todas suas forças. E, na escuridão das eras e séculos, ficou ligeiramente esquecido; até que, por disposição divina, seu estandarte foi robustamente levantado, sendo honrado como o príncipe dos catequistas.
Título maravilhoso para aquele que consagrou sua vida à pregação e à caridade cristã de ensinar.
Vida e peregrinar por esta terra de sofrimentos
Não temos dados referentes à infância ou adolescência de São Cirilo, apenas o possível ano de seu nascimento, 315. Encontramo-lo trabalhando como diácono pela Santa Igreja. São Máximo foi quem o ordenou bispo, indo assumir a diocese de Jerusalém. São Cirilo sofre, então, o primeiro exílio, pois Acácio, um prelado de duvidosa virtude e pouca dedicação doutrinária, acusa Cirilo de heresia.
Por detrás desta acusação, há também uma indisposição de Acácio contra São Cirilo: este contestava a legitimidade de Acácio ao assumir uma diocese sem estar legalmente amparado.
Tendo sido provado que São Cirilo não afirmava heresias, ele pode voltar ao cargo. Infelizmente, agora um imperador o mandaria de volta ao exílio: Teodósio recebeu informações de que Cirilo, bispo de Jerusalém, promulgava falsos raciocínios cristãos.
Desta vez lhe vieram em socorro Santo Atanásio e Santo Hilário, ambos reconhecidos como pilares doutrinários, atestando que as catequeses pregadas por Cirilo não continham equívocos.
Porém, o terceiro exílio foi o mais longo: passou 11 anos fora de sua diocese, tendo sido expulso porque o imperador era claramente apoiador do arianismo, uma heresia. Quanto este morreu, em 378, São Cirilo de Jerusalém pode voltar à seu trono de direito.
Porém, as agruras da vida errante o fizeram adoecer, e, segundo os historiadores, São Cirilo expirou em 386.
Escritos e catequeses de São Cirilo de Jerusalém
De São Cirilo conhece-se vinte e três catequeses ministradas nas pregações em Jerusalém, além de um introito para esse conjunto.
São cinco dedicadas a informar a neobatizandos a importância dos sacramentos da iniciação cristã, a saber: Batismo, Confissão, Eucaristia e Crisma. Depois, temos doze que versam sobre o Credo, explicado e formulado muito parecido com o que seria aprovado em Niceia contra a heresia de Ario e Nestor.
Por último, mais cinco catequeses sobre a vida dos neocristãos, após o Batismo, onde São Cirilo versa, por exemplo, sobre os Ritos da Santa Missa e alguns dogmas já proclamados em seu tempo. Este último conjunto ficou conhecido como Catequeses Mistagógicas, pois era uma matéria até então pouco comentada até seu tempo.
São Cirilo de Jerusalém permaneceu por muito tempo envolto nas brumas dos tempos; foi apenas em 1882, com Leão XIII, que seu culto foi instituído em toda Santa Igreja.
Assim, mais de 1500 anos se passaram entre sua morte e glorificação; mas, na eternidade, quaisquer milênios são como segundos: São Cirilo, em contemplação à Trindade que tanto pregara, não se preocupou com o que os homens falavam dele.
Felizes somos nós, porém, que temos confirmado a ortodoxia de suas pregações; até hoje muitos catequistas e teólogos comentaristas dos sacramentos usam seus pensamentos para o ensino. Que São Cirilo de Jerusalém nos ajude a sermos fiéis ao espírito e pensamento da Santa Igreja.