A fé é a capacidade de crer sem ver

São Jacinto

São Jacinto tem os dados biográficos digno dos grandes taumaturgos do passado. Quando paramos para contemplar a História da Santa Igreja, temos desde santos que pausaram pessoas no ar, que estavam em queda livra, como São Martinho de Porres, até outros fiéis que falaram com animais que os obedeciam, como São Francisco de Assis ou São José de Anchieta. Por que hoje, então, não temos mais milagres assim? Por ventura faltaria à Igreja santos como outrora? São Jacinto, em um particular episódio de sua vida, nos ilustra a verdade sobre os milagres de Deus.

Vida do santo polonês

São Jacinto Odrowaz nasceu na atual Cracóvia, no castelo de Lanka. Pertencia a uma nobre família aristocrática, e sua chegada, como primogênito, em 1183, foi motivo de muita felicidade a seus pais, que esperam nele um herdeiro. Deus, porém, tinha outros planos para o pequeno conde. Começou a estudar filosofia e teologia em Cracóvia mesmo, mas foi logo à Itália para completar seus estudos. É lá que conheceu seu futuro: São Domingos de Gusmão, em 1221, que na época promulgava um dos primeiros capítulos, ordenações, da ordem Dominicana.

Extasiado com a vida e exemplo do homem de Deus, São Jacinto, já sacerdote, volta à Polônia agora como dominicano, e procura levar os ideais de São Domingos às terras eslavas. Fundou mosteiros em Friesach, Cracóvia, Gdańsk e Kiev, assim como em Breslau, Sandomir e Dantzig; e, em nome do Papa Gregório IX, ele trabalhou para união das Igrejas do Oriente e do Ocidente. É estando em Kiev pregando que São Jacinto realiza um portentoso milagre para a edificação de toda a fé católica.

Aparição de Nossa Senhora a São Jacinto

Nossa SenhoraJacinto estava para começar a celebrar o Santo Sacrifício quando um alarde começa a soar na cidade: eram os tártaros que estavam, mais uma vez, invadindo a capital. Desesperados pela crueldade dos bárbaros, o povo recolhe o que consegue e se dirige à embarcações mais próximas para fugir à ira dos invasores. São Jacinto demora um pouco mais para organizar o material litúrgico, já que ajudava o povo que, sem consciência, apenas fugia desesperado. Quando a Igreja já estava vazia, o santo polonês apanha a âmbula com as hóstias consagradas e se dirige à saída. Faz uma genuflexão pedindo perdão por abandonar a cada de Deus, que contava com quadros e imagens abençoadas, entre elas uma em especial, da Virgem Maria, esculpida em rocha, impossível de ser levada.

Quando está para cruzar as portas da capela, eis que Nossa Senhor aparece para São Jacinto e lhe diz: “Meu filho, porque me deixas para trás, abandonada?” São Jacinto se desculpa com a Virgem: “sua imagem é muito pesada, feita direta na pedra, minha Mãe. Ninguém conseguiria leva-la”. Mas Nossa Senhora pronuncia antes de desaparecer: “quero que a leve consigo”.

Ali, no pórtico da Igreja, São Jacinto regride, deixa as hóstias no altar e se prepara para carregar a imagem. Apoia os braços nas laterais da gigantesca imagem, que tinha mais de dois metros, e a levanta como se fosse um peso de papel; depois, mais surpreso que já estava, a sustenta com apenas uma mão, já que apanha, com a outra, a âmbula com as hóstias.

E lá vai São Jacinto, um pequeno ponto distante carregando uma imagem de pedra maciça maior que ele mesmo com um braço. E, para coroar ainda mais a providencialidade do momento, quando chega ao Rio Dpiener para fugir dos bárbaros, percebe que já não há mais barcos. Chegara tão longe para morrer à beira do rio? Não. Confiante nos desígnios da Santa Virgem, que lhe aparecera, São Jacinto dá um primeiro passo sobre as águas, sem afundar; depois outro, outro, e por fim, corre sobre a superfície de um rio por onde passaram, agora mesmo, os barcos!

Ainda hoje São Jacinto é retratado segurando um ostensório com as hóstias, uma imagem de Nossa Senhora e muitas vezes andando sobre o rio.

Milagres e o santo polonês

Por que este fabuloso milagre, que consta em atas biográficas de várias testemunhas, não é visto ser repetido hoje em dia? Não faltam à Cristandade inúmeros locais de perseguição. Porém, falta à humanidade o que não faltava a São Jacinto: fé. Deus não realiza milagres para provar aos que não tem fé sua existência, mas sim para fortificar ainda mais aqueles que creem. Se não há crentes, não há milagres.

Então, santos cheios de fé, eles existem, e estão por aí; a promessa de Jesus de que o inferno não triunfaria sobre a Igreja é válida e sempre será. Porém, é pela tibieza geral, pela falta de fé do povo e de seus representantes que milagres tão portentosos ficam velados, ficam sendo admirados apenas pelos punhados que ainda creem. Que Deus se digne mudar este quadro e dê novamente ao mundo aquela fé que movia a História, como nos tempos apostólicos; e que possamos, com uma fé robusta, presenciar ilustres e nobres acontecimentos quando tudo parecer impossível.

Cf. Santosebeatoscatolicos.com