Alcançaram a Cristo aqueles que d’Ele deram testemunho
O dia 22 de junho celebra dois homens que, diante da moda de seu tempo, disseram “não” ao liberalismo moral.
Como resultado, foram acusados de crimes irreais e tiveram suas cabeças cortadas pela suma autoridade de seu país, ficando marcados na História como mártires: São Tomás Moro, chanceler da Inglaterra, e São João Fischer, Bispo de Rochester.
Trajetória de homens de sucesso
Embora em vias diferentes, ambos foram pessoas de indiscutíveis conquistas.
São João Fischer, começando como seminarista anônimo, alcançou a ordenação sacerdotal e o posto de Arcebispo de Rochester, uma das primeiras dioceses da Inglaterra, que remonta ainda do tempo de Santo Agostinho de Canterbury, no século VIII.
Tendo nascido em 1469, São João, já a comando das ovelhas católicas, teve que defender a fé contra os horrores do monge alemão Martinho Lutero.
Sua dedicação à fé pode ser comprovada em seus escritos. Inclusive, foi de seus profícuos ensinamentos que o Rei Henrique VIII se inspirou para escrever seu testemunho de repúdio ao monge alemão.
Tal testemunho do monarca, comunicado a Roma, recebeu do Papa diversos elogios, entre eles o título de Leão da Fé, que Henrique VIII usou com valentia até seus perversos anos.
São Tomás Moro, em outra via, decidiu se dedicar à lei humana. Tornou-se um estudante prestigiado, alcançou altos louros acadêmicos em sua formação em direito, chegou a ser juiz e se tornou o homem mais honrado da Inglaterra.
Seu caráter inegociável lhe conferia uma aura de honra e glória que o fazia digno de promessas e juramentos, tal o nome construído.
Nos tempos da queda de Henrique VIII, como uma forma de pedir a permissão a Tomás Moro, o rei lhe conferiu o título de chanceler, a posição de mais prestígio no reino depois da casa real.
Ele aceitou, achando ser mais um capricho do rei que outra coisa, e foi só quando entendeu a situação de suborno que Henrique VIII lhe pôs que abraçou derradeiramente a moral que a fé lhe demonstrava.
Heresia anglicana
Henrique VIII, por não conseguir ter um filho com sua esposa real, procurava uma amante que lhe satisfizesse. Desesperado para continuar com sua descendência, mandou uma carta ao Papa pedindo que este anule o primeiro casamento.
O Santo Pontífice, vendo bem qual era a intenção do rei inglês, negou-lhe o pedido, dizendo que não podia ir contra a doutrina católica para atender a vontade de potestades.
Foi então que Henrique VIII, aceitando a doutrina que repudiara outrora, abandonou o título de Leão da Fé para se tornar o primeiro superior da religião anglicana.
Foram tempos sombrios e difíceis para a Inglaterra, que teve toda e qualquer tradição com a Igreja Romana cortada e repudiada.
Aos simples, ser católico era motivo de chacota; aos mais estudados e versados, o perigo era a ira do rei e a sentença de morte que a acompanhava.
A Rainha Catarina foi abandonada; Ana Bolena, tomada como esposa.
Como é costume do pecador, seu pecado atrai outras perversidades: casou mais 6 vezes, matando suas antigas esposas nestes processos! Henrique VIII se tornou um rei glutão, desmedido, avarento, louco.
Testemunho dos mártires São Tomás Moro e São João Fischer
Em 1535, São João Fischer recebeu a condenação à morte por contradizer a sumidade real na Inglaterra, ao não aceitar o segundo casamento de Henrique VIII.
O Bispo de Rochester deixou claro, na noite da execução, que morria por ser fiel à Igreja que Henrique havia repudiado.
No mesmo ano, São Tomás Moro teve uma importante escolha também: aceitar, como chanceler, o pecado de Henrique ou seguir a Lei de Deus. Seu coração, firme e justo, não hesitou em acolher a verdadeira luz da moralidade humana: a voz da Igreja Católica Apostólica Romana.
Abandonou seu posto de chanceler, foi preso e escarnecido; sua família voltou-se contra ele, acusando-o de ser bobo e simplório por seguir a fé.
No fim, depois de humilhado, foi morto por decapitação. No final de tudo, ainda foi gentil com o carrasco: deu-lhe umas moedas, “pagando-lhe” previamente o trabalho…
Ambos, São Tomás Moro e São João Fischer, marcam o céu da História com seu testemunho e firmeza diante da morte: enquanto toda nação inglesa virava à costas para Cristo e seu representante, estes homens, cheios de louvor, aceitaram se tornar o opróbrio de seu tempo, como aquele Nazareno de séculos atrás, pois sabiam que o discípulo não é maior que o Mestre.
E, se o destino da morte foi compartilhado, com certeza compartilharam também de sua glória!