O dia 22 de agosto está dedicado a uma celebração mariana: Nossa Senhora, Rainha dos Anjos e dos homens, soberana do universo.
A Ela tudo foi entregue, pois sua oferta generosa de Se dispor como Mãe do Senhor e dispensadora de seus dons A tornou a mais alta de todas as criaturas.
Por isso, já nas páginas sagradas, encontramos um especial símbolo da realeza de Maria: é a figura da Rainha Ester, uma formosa moça do povo eleito que salvaguardou a promessa messiânica diante de um possível massacre.
Vejamos como foi o proceder de Ester e quais são as de Maria Santíssima, prefigurada pela rainha hebreia.
Do Livro de Ester
Este livro é um dos que compõem o Antigo Testamento.
Pouco antes de a Ester, o povo eleito foi feito cativo dos babilônios. Mais tarde, Babilônia foi conquistada pelos persas. Ciro, o Grande, permitiu que os judeus voltassem à sua terra e reconstruíssem Jerusalém.
No entanto, muito judeus permaneceram no império, em cidades como Susa, de onde surgiu Ester. No tempo dela reinava Assuero (ou Xerxes)
Este monarca, terrível e cruel, é incitado por Amã, seu conselheiro, a decretar um extermínio a todo hebreu que morasse no reino.
Este vilão, com língua de cobra, ficara ferido porque não o reverenciavam como desejava seu orgulho.
Mas Deus escreve certo e não abandona seu povo.
Assuero tinha acabado de se desfazer de sua rainha, Vasti, pois esta não cumprira um decreto real de se pôr em sua presença.
Como consequência, Assuero promulgou um decreto no qual todas as virgens mais belas poderiam se alistar para serem as novas esposas do rei.
Mardoqueu era primo de Ester e tornara-se seu tutor. Rapidamente avisou a moça e a convenceu de que esta posição, caso fosse escolhida, traria proteção e honra a todos do seu povo.
Ester era formosa de corpo e alma, e uma das moças mais desejadas de sua idade.
Entendendo que Deus lhe dera tais propriedades por alguma razão, aceitou o concurso – sem revelar sua raça – e se postou na fileira onde o rei aprovaria sua futura rainha.
Depois de ter passado na primeira fase de aprovação, Ester foi levada para uma espécie de tratamento de beleza que durou um ano.
As virgens, apresentadas uma a uma ao rei, eram despedidas sem serem escolhidas. Porém, quando entrou Ester na presença de Assuero, conquistou-o imediatamente.
Seu charme, obviamente, era um desígnio divino para os acontecimentos futuros.
Extermínio dos judeus e intercessão de Ester
Com a ordem de extermínio decretada por Assuero, por instigação de Amã, Ester entendeu que toda a existência de seu povo pendia de sua atitude.
Tomando, assim, as melhores vestes e os melhores perfumes, tendo rezado ao Senhor durante toda a noite, a rainha se postou ao vestíbulo do rei para cumprir a missão de salvadora de sua gente.
Assuero a viu toda formosa e com as pompas reais. Seu coração logo foi arrebatado, e ele prometeu a Ester que qualquer coisa que pedisse lhe daria, mesmo que fosse uma terça parte de seu reino.
A rainha, então, pediu por sua vida e a de seu povo, que sofria ameaças.
O rei ficou furioso, levantou-se indignado de seu trono e perguntou quem era o monstro que a jurara de morte. Ester apontou para Amã. Este, desesperado, lança-se aos pés de Ester, rogando clemência. Mas foi em vão…
Assuero manda trazer Amã e o condena à morte, retirando o decreto de morte para os hebreus.
Prefigura de Maria Santíssima
A atitude de Ester anuncia bem o procedimento da Virgem na História da salvação, e por isso é ela um maravilhoso símbolo da realeza de Maria.
A Santíssima Virgem aceitou sua formosura – de alma e corpo – como um dote divino a fim de assumir uma posição de prestígio, não na corte do rei da Babilônia, mas diante do Soberano do universo.
Como Ester, também Maria Se preparou, não por doze meses, mas nove, pois Se apresentou a Deus ao final deste tempo como Mãe de seu Filho e O encantou como nunca um mortal havia feito.
E quando o demônio, tal qual Amã, confabulou com os príncipes deste mundo para precipitar a humanidade no fogo da perdição, Nossa Senhora interveio.
Ela Se pôs entre nós e o anjo mau como nossa advogada, como nossa protetora, e pediu a Deus que abrandasse seu castigo infinitamente justo e santo.
Ester é hoje celebrada como símbolo da realeza de Nossa Senhora.
Em todos os anos, no dia 22 de agosto, nós aclamamos Maria como Rainha da História e de toda a nossa vida.
Ainda outras figuras há na Bíblia que prefiguram não só a realeza da Virgem, mas outros dons com que o Senhor A ornou.