Uma notícia se espalha rapidamente, tocando milhares de corações. Lágrimas são vertidas, enquanto orações sobem ao Céu. A memória trazia cenas à mente, e a curiosidade também se impunha, querendo saber como tudo sucedeu.
Ventos de esperança sopravam sobre as almas: uma nova época nascia então.
Entretanto, bruscamente interromperam-se as doces sensações para medidas de ordem prática serem tomadas. Para a maioria, seria necessário viajar, pedir dispensa do trabalho e enfrentar desafios para tal.
Houve caso de uma mãe que estava nos dias de dar à luz; mesmo assim não pensou duas vezes em pegar o avião. Muitos não tiveram, até mesmo, medo de fazer dívidas.
Por céu ou por terra, vinham filhos espirituais de suas cidades ou países, rumo a São Paulo. Mais especificamente, a Caieiras…
Um grande homem havia entregado sua alma a Deus, depois de anos de sofrimentos enviados pela Providência. Anos? Na verdade, após uma vida cheia de cruzes, mas perpassada inteiramente na confiança e na virtude!
Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias partia para a Eternidade na madrugada do dia 1º de novembro de 2024, na Solenidade de Todos os Santos.
Vida passada na presença de Deus
João nasceu em São Paulo em 15 de agosto de 1939, na cidade de São Paulo, sendo filho de famílias emigrantes da Espanha e Itália. Desde pequeno o Céu plantara em sua alma tesouros da graça.
O enlevo precoce pelo Santíssimo Sacramento, a luta pela defesa do bem e a solidão na qual passou sua infância são traços que caracterizam uma predileção de Deus por ele.

Quando adolescente, em 1956, João conheceu Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, que se tornaria para sempre seu pai espiritual, seu guia, seu mestre e seu inspirador.
Cada passo que ele dava na vida fazia-o caminhar rumo ao Imaculado Coração de Maria. Tanto as cruzes quanto as consolações eram instrumentos celestes para sua união cada vez mais íntima com Deus e Nossa Senhora.
O Sr. João tinha o dom de conduzir as almas na prática do bem; mas com o falecimento de seu mestre, ele assumiu a responsabilidade de guiar a obra de Dr. Plinio e cuidar de cada alma que se confiava aos seus cuidados.

Na virada do milênio, ele percebeu que a obra de Dr. Plinio precisava de uma nova vida, por isso não poupou esforços para inseri-la na Igreja, o que foi obtido em 2001 pela aprovação pontifícia concedida por São João Paulo II. Mais tarde, em 2005, ele mesmo foi ordenado sacerdote, e algum tempo depois recebeu do Papa Bento XVI o título de monsenhor.


Até que, em 2 de junho de 2010, a Providência pediu algo a mais de seu servo: um acidente vascular cerebral (AVC) o acometeu, tirando-lhe a fala e os movimentos. Aos poucos, graças à sua admirável força de vontade, Mons. João foi se recuperando. Sobretudo, não diminuíra nele o zelo por cada filho em particular. Nenhum filho tinha motivos para duvidar de seu amor.
Mesmo impedido de se locomover ou se pronunciar, o brilho do seu olhar já incutia nas almas o vigor de que necessitavam para enfrentar as lutas da vida. Mons. João se esforçava ao máximo – parecia até ultrapassar os próprios limites – para estar junto aos religiosos e leigos que o consideravam um pai espiritual.
Por fim, em finais de 2022 a saúde de Monsenhor começou a se debilitar mais e mais. Entre altos e baixos, ele atravessou os meses até chegar a junho de 2024. A partir de então a voz da graça sussurrava nos corações dos filhos: “Confiança! Teu pai está partindo, mas tudo ficará bem”.

Parte deste mundo, entra na glória
Todos esperavam sua passagem, porque sabiam que, afinal, chegava o momento da recompensa divina para ele.
No entanto, ao mesmo tempo que a Providência preparou os corações dos filhos, foi discreta em relação a exatamente quando. O último período de vida de Mons. João passou-se numa espécie de estabilidade dentro do quadro em que ele se encontrava.
Chegou o dia 31 de outubro de 2024. Naquele dia, o 76º aniversário de sua Primeira Comunhão, Monsenhor recebeu pela última vez a Eucaristia. Seu próximo encontro com o Senhor se daria na visão beatífica, na madrugada, dia 1º de novembro.
Os que o acompanhavam notaram que sua hora chegava. De imediato, montaram o altar em seu quarto e começou a celebração da Santa Missa, durante a qual sua alma voou para o Céu.
Talis vita, finis ita. Sua vida foi toda perpassada de amor à Eucaristia e à Igreja; terminou, pois, sua carreira em meio à renovação do Santo Sacrifício do Calvário na Santa Missa.
À medida que a notícia foi se espalhando, a trajetória de seu pai espiritual ocupou a mente de seus filhos.
Quantas recordações, quantas meditações… Sobretudo, quantas saudades deixava ele!
No entanto, uma certeza emocionava o mais profundo de cada alma: agora, conforme nos é dado acreditar filialmente sem antecipar o julgamento da Igreja, ele recebia a “coroa da justiça” (II Tm 4, 8) tão merecida. Agora, seus sofrimentos cessavam e só lhe cabiam consolações. Agora, ele via a Deus face a face. Agora ele estava junto a Maria Santíssima e na presença dos bem-aventurados.
Sobretudo, agora ele teria todos os meios para ajudar seus filhos, estar ao lado de cada um e acompanhar sua obra.
Para confirmar essas moções interiores, um arco-íris surgiu no céu sobre a Basílica Nossa Senhora do Rosário, onde se passaram os três dias de exéquias.
Nós, seus filhos, sabemos: ele tinha represado em seu coração um caudal de desejos; e, entrando na Eternidade, ele teria a liberdade de satisfazer esses seus sonhos sobrenaturais. Com o passar do tempo veremos a concretização deles.
O dia que marcou a história dos Arautos
Um ano se passou do dia de sua partida deste mundo. Um ano, de sua chegada ao Reino Celeste. Um ano de uma enxurrada de graças na alma dos seguidores de Mons. João.
Nesse dia tão caro a toda a família Arautos do Evangelho, celebraremos a Santa Missa da Solenidade de Todos os Santos, no primeiro aniversário do falecimento de Mons. João Scognamiglio Clá Dias. Aos que não podem estar presentes, ela será transmitida on-line também.
Nesse dia estaremos juntos para glorificar os Santos de Deus, que também lutaram e sofreram na vida, para conquistarem a glória celeste.
E, enquanto filhos de Monsenhor, estaremos presentes para agradecer todas as graças e todas as vitórias concedidas a nosso fundador, para honrar sua vida, agradecer por tudo o que ele fez e sofreu por nós, além de reafirmar que queremos ser seus discípulos e estar sempre sob seu olhar paternal.
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