A santidade torna a fé inquebrantável

A semente da fé se espalha muito quando a fidelidade dos Santos é testada. É o que o famoso historiador Tertuliano proferiu em sua frase: “sangue de mártires, semente de novos cristãos”.

No dia de hoje, na celebração de três grandes testemunhas, Marcelino, Pedro e Erasmo, podemos comprovar o irresistível poder do bom exemplo.

Nas atas do martírio, o relato da valentia de Marcelino e Pedro

O Martirológico Romano, que é composto de antigas atas a respeito dos tormentos sofridos pelos cristãos nas perseguições, lemos que São Marcelino, sacerdote, e São Pedro, exorcista, caíram sob as ordens de Diocleciano; portanto, início do século IV.

Seu crime foi admoestar os pagãos no cumprimento da lei e na obtenção da caridade, que torna leve o peso da letra, como diz Jesus: “Meu jugo é suave e meu fardo é leve”.

Ambos foram sentenciados com grandes torturas por não voltarem atrás em sua fé: a narração apenas descreve que os castigos lhes foram impostos com “pesados ferros e torturantes suplícios”.

Para encerrar a vida dos dois combatentes de Cristo, foi decidido que deveriam ser degolados em uma floresta escura, para que os cristãos não fizessem de seus restos objetos de veneração.

O carrasco arrastou os dois com violência e os fez limpar o seu lugar de morte. Esta chegou para Marcelino e Pedro através dos golpes de machado do carrasco.

O lugar, que era conhecido como Selva Negra, passou a ser chamado de Selva Branca, tal a tranquilidade e bem estar que se instalou ali.

Honrados por um Papa

O Papa São Dâmaso faz um elogio dos mártires de Cristo, pois se encontrou, alguns anos depois, com o carrasco cumpridor da sentença.

Este, ligeiramente envergonhado de sua ação, desabafou ao Santo Padre – naquela época ainda um menino – o aguilhão que lhe atravessava a consciência: na floresta mais próxima, ele havia matado dois bons homens.

O Santo Padre, já mais velho, procurou os restos mortais dos dois, mas só foi graças a uma santa virgem chamada Lucila que recebeu a revelação de onde estariam os corpos. Mais tarde fez erigir um monumento que foi celebrado por gerações.

As palavras de São Dâmaso foram registradas em tal ocasião:

Marcelino e Pedro, escutai a história do vosso triunfo.

Quando eu era menino, o próprio verdugo contou-me, a mim Dâmaso, que o perseguidor furioso ordenara que vos fossem cortadas as cabeças no meio de um bosque, para ninguém saber onde estavam vossos corpos.

Mas vós, triunfantes, com as vossas próprias mãos, preparastes esta sepultura onde agora descansais.

Depois de terdes descansado por breve tempo numa Selva Branca, revelastes a Lucila que teríeis gosto em descansar aqui.

Santo Erasmo

A história do outro mártir de Jesus Cristo se deu independente dos dois primeiros, mas ambos sucumbiram sob a mesma perseguição de Diocleciano, e seus dias de celebração foram considerados os mesmos.

As atas nos contam que:

na Campânia, Santo Erasmo, Bispo e mártir, sob o Imperador Diocleciano, foi primeiramente açoitado com chumbeiras; depois, cruelmente moído a cacete; em seguida, escaldado com resina, enxofre, chumbo, pez, cera e azeite a ferver, mas disso não teve lesão alguma.

Através deste milagre, Deus evidenciou o amor pelo seu servo, preservando-o de todos estes tormentos.

Mais tarde, sob Maximiano, tornou a sofrer, em Fórmias, vários tormentos atrozes. Deus, porém, lhe conservou a vida para confirmar os outros cristãos.

Afinal, a chamado do Senhor, acabou em santa paz com a glória do martírio que sofrera.

O corpo foi mais tarde transportado para Gaeta.

Santos Marcelino, Pedro e Erasmo proclamam a fé mesmo mortos!

Porque foram fiéis ao testemunho de Jesus, todos os três heróis passaram desta vida para a outra, para a glória do Céu.

Os mártires sempre nos lembram de nossa obrigação aqui na terra: sermos outros Cristos, seja em qualquer situação.

Alguns viverão em guerra, outros nas agruras dos confrontos e outros ainda na pretensa paz da sociedade injusta, que mais se parece com uma anestesia do que a verdadeira tranquilidade.

Precisamos pedir em nossas orações forças a Deus para, na vida de todos os dias, sermos autênticos cristãos.

Que Santos Marcelino, Pedro e Erasmo nos auxiliem em nossa jornada, poupando-nos, na medida da vontade do Senhor, de tormentos; mas sobretudo nos garantam a valentia que tiveram quando foi preciso testemunhar a Cristo.